Capítulo 16

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Viviane

Sento no sofá e sinto o vazio que se encontra na casa dentro de mim. Lágrimas escapole de meus olhos e limpo o nariz que escorre, abraço a almofada infeliz demais de imaginar que o meu passado possa prejudicar todo o trabalho dessas pessoas.

Estremeço ao lembrar da feição gelada do homem que me parou na praça, e me preocupo que se ele conseguir informações que lutei tanto pra preservar em segredo, possam ocasionar.

— Theo, oh Theo, você vai me odiar, vai me odiar pelo que fiz, e por destruir seu trabalho.

Por que, meu Deus, por que fui querer fazer algo? Por que não fiquei quieta na minha? Podia ter pedido ao Tio Osmar que outra pessoa fizesse a matéria?

Choro, só deixo as lágrimas virem, como tem sido todas as noites desde que pedi a Theo que fosse embora. O sono vem e só encolho no sofá, deixando que o bendito sono me envolva e me faça, por algumas horas esquecer de tudo.

— Filha, acorda... — um toque suave em meu ombro me tira do sono profundo que cai, no sofá.

— Tio? — sento ainda tonta de sono. — Que horas são?

— Ainda é madrugada menina, vem, vamos descansar. — segura minha mão e suspiro fundo.

— Que houve Viviane, está com os olhos inchados, você andou chorando? — sua preocupação me enche os olhos de lágrimas novamente e sento cansada no sofá, novamente.

— Só cansaço, tio.

— Vem cá, vamos conversar, por que está triste? — senta ao meu lado.

— Ah tio, não sei nem onde começar, estou cansada, sabe? queria dormir e acordar, e os anos terem passado e eu ter esquecido que um dia escolhi tudo errado pra mim, que tudo isso passasse como num passe mágico e o passado jamais sussurrasse em meu ouvido como um fantasma me perseguindo. — baixo a cabeça, envergonhada do meu desabafo infeliz.

— Ei, minha filha, você está falando sobre isso novamente? Não percebe que quanto mais pensa no que passou, mais força aqui dentro toma? — aponta minha cabeça — Viviane, precisa dar um basta nisso tudo, se perdoar, confiar mais em si principalmente, hoje você sabe que nada daquilo te representa mais, hoje é uma mulher, cresceu, aprendeu, não diminua seus méritos, menina.

O encaro e percebo pela primeira vez o quanto ele esta certo, embora não seja tão simples assim, desligar o sentimento que carrego comigo há tanto tempo, mas realmente preciso me perdoar de verdade, tomar coragem e contar a Theo tudo que fiz, que se passou por conta de meus atos irresponsáveis, que passei tempo demais aceitando as consequências, e não parei para me perdoar.

— Eu sei, Tio. Não é fácil, seria até, se eu não me importasse com ninguém, mas agora... — encolho os ombros, infeliz com o julgamento que verei nos olhos de Theo. — Nunca tive medo das consequências, desde que Diogo quase me matou eu me preparei para o que viesse e acontecesse a mim, sabe? Mas com Theo, o julgamento que ele fará de mim, pra isso não estou nem um pouco preparada.

— Você realmente ama esse rapaz. — Ele constata e eu assinto com a cabeça, a emoção não me deixa responder em palavras o que meu coração grita. — Está com medo que ele possa te odiar.

— Sim. E isso me destruiria.

— Viviane, se esse rapaz ama você, ele vai entender e te perdoar antes que pisque um olho, porra menina! Está tão focada nos erros, que não enxerga os acertos que viveu, por ele, por essa ilha e estou tão bravo que não veja isso! — passa as mãos pelos cabelos já revoltos. — Filha, confie no amor, esse é o único sentimento que não julga, que não pune só quem ama é capaz de perdoar e seguir em frente, eu te amo, Viviane, e jamais vou deixar de te amar, mesmo que bata a cabeça mil vezes, eu vou estar ali por você! Entende? Então se esse cara te ama, vai estar lá também, e eu quero que pense nisso, ouviu? Esqueça o passado, não dê a ele a força desnecessária, fique no presente, no que você é hoje!

Não consigo responder a isso, as palavras dele me tocam o coração de tal maneira que só assinto com a cabeça. Ele me encara e o observo notando seus cabelos despenteados, sua roupa amassada, tudo denuncia que não estava sozinho por aí.

— Está apaixonado também. — ele fica vermelho — E não adianta negar, vejo em você, tio. Nunca te vi com alguém antes, cheguei a pensar que... — encolho os ombros, como dizer a ele que achava que não gostava de mulheres? — Não importa, mas não quero que se machuque.

— Não estamos falando de mim, mocinha.

— Estamos falando de amor, não é mesmo? — aponto suas roupas amassadas — E você nunca ficou nesse estado também. — dou uma risadinha baixa, pelo menos conversar sobre ele e Elis está distraindo minha mente.

— Sim, de amor, não de sexo.

— Então é apenas isso? Sexo? Não tente se enganar, tio.

— Viviane, a Elis é uma menina perto de mim, não posso deixar que essa loucura, passe disso: loucura!

— Qual o ano que você vive? 1990? Qual é tio! Acho que já percebeu que Elis não é careta, e não deve ligar nem um pouco com sua idade! — Como as coisas são engraçadas, ele chegou me dando conselhos e agora percebo o quanto Elis mexeu com ele e que isso o esta deixando inseguro, homens! — Você é um homem maravilhoso, lindo, forte, decidido e vai deixar que um empecilho bobo desse, impeça, talvez de uma relação bacana?

— Não é apenas isso, menina. — encolhe os ombros e vejo um brilho triste em seu olhar, ele está envolvido muito mais do que queria com Elis. — É... complicado.

— Não seria se deixasse acontecer, tio.

— Não quero falar sobre isso, ok? Estávamos falando sobre você, e por favor, se cuide, não a quero ferida, infeliz. — levanta do sofá e me olha serio.

— Tá, mas já que estamos na noite dos conselhos, aqui vai um: Não se limite, se está gostando dela, investe, Elis parece ser maluquinhas às vezes, mas ela tem uma sensibilidade que vai além do comum, é única tio e acho que vocês combinam muito, têm minha benção. — ele joga a almofada sobre mim e rio relaxada, está sendo inusitado tudo isso, mas muito divertido vê-lo assim, inseguro como um adolescente.

Percebo o desconforto dele de conversar um assunto tão intimo, e decido não insistir, não dessa vez, mas amanhã terei uma conversinha com minha amiga e tentar entender o que está acontecendo entre eles, e quais as intenções dela...

Espero que sejam as melhores, pois estou muito feliz pelos dois, e ficarei na torcida para que se entendam e se completem.

Respiro fundo insegura, eu amo Theo, eu amo Nina, e não vou perde-los, preciso urgente conversar com Theo, contar tudo e apenas confiar que tudo vai dar certo.

Vou para a cama mais leve, ansiosa pelo amanhecer, para ir até Theo e abrir meu coração, deixo que bons pensamentos me acolham e durmo tranquila.

****

Se preocupe não Vivi, ele te ama, para de pensar tanto e corre lá e conta tudo, não perde tempo! né meninas? vamos torçer pra Theo ficar de boa, quando souber a cobra... ops a pessoa de idoneidade duvidosa que você foi. rsrsrs 

A MINHA CHANCEWhere stories live. Discover now