Pain.

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- Hermione - A voz falou, agora falha, fazendo meu coração se repuxar em meu peito. Os soluços entrecortavam por sua garganta. Meu corpo estava paralisado, parecia que eu havia recebido um petrificus totalus.

- E-eu... - Minha boca estava aberta, mas nenhum som saia por ela. Eu não conseguia pronunciar nada, nunca vira a pessoa a minha frente de tal maneira, estava sempre de cabeça erguida, mesmo que por vezes demonstrasse preocupação. Mas aquele estado, estava... deplorável.

- Hermione - Chamou de novo, agora os soluços faziam com que sua garganta emitisse gemidos baixos, como um choro sufocado, na tentativa de não demonstrar fraqueza.

Aos poucos eu desci a escada, a figura estava no primeiro degrau, e eu no topo da mesma. Desci e fiquei a sua frente.

Não tive tempo de ter qualquer reação, meus músculos paralisados se moveram com a pressão de braços envolvendo meu pescoço. O rosto na curva de meu pescoço derrubava lágrimas, fazendo com que meu ombro ficasse molhado.

Quase como reflexo, eu cambaleei calmamente e delicadamente para trás, me sentando no mármore frio, fazendo com que a figura dependurada em meu pescoço o fizesse.

Afastei nossos corpos, e fitei seu rosto. Seus olhos ligeiramente vermelhos e inchados.

- O que houve? - Eu perguntei, e um suspiro involuntário saiu por meus lábios.

- Meus.... Meus... Meus pais - Ele disse por fim, os soluços atrapalhando em cada palavra.

- O que foi, Draco?! - Eu perguntei, agora realmente assustada. O loiro colocou as mãos no chão, e abaixou a cabeça, soluçando em um choro mudo, tentando não demonstrar fraqueza, como se estivesse em luta com seu próprio interior.

- Eles pegaram meus pais, Hermione. Minha própria tia... - Agora, dor não era a única emoção que sua voz chorosa e fraca transparecia. Raiva também estava ali - Eles pegaram meus pais, eu vou ter que matar Dumbledore de forma correta, ou serei o causador da morte dos meus pais! Dos meus próprios pais! - Ele encostou as costas nas costas do degrau acima de nós, colocou os cotovelos sobre os joelhos, enterrando o rosto pálido e choroso nas mãos trêmulas.

- O que...? Ah meu Deus, Draco! - Eu disse, eu não sabia o que fazer a respeito. Estava escuro ali, já era noite. - Lumus - Agitei a varinha, e um feixe de luz surgiu na sua ponta.

Apontei pro seu corpo, e o que eu vi fez meu coração se apertar.

- Draco... O que... - Eu perguntei. Sua camisa estava com várias e grandes manchas de sangue, uma próximo ao lugar onde ficava o coração. Em seu braço havia cicatrizes, como se facas tivessem atravessado seu corpo e deixado a marca horrenda, e em volta alguns hematomas já querendo amarelar.

- Eu não estava aqui, fui obrigado a ir pra mansão. - Ele disse, tentando recuperar a tonalidade de sua voz, porém a mesma saia amargurada. - Eu fui torturado, e joguei Sectumsempra, um feitiço que Harry jogou em mim a umas semanas atrás. Em... Em... - Ele não conseguiu terminar. Minha conclusão foi rápida, porém espantosa.

Não... Era impossível.

- Em Voldemort. - Ele disse por fim, fazendo com que minha rápida e espantosa conclusão fosse confirmada.

- DRACO! Você é ... É LOUCO? - Eu perguntei, arfando. Pra quem não sabe, Sectumsempra, é uma magia negra rara, criada por um tal "principe mestiço" que Harry não desgruda de seu livro de poções com anotações.

Além do mais, esse feitiço faz com que lanças invisíveis saiam da ponta da varinha, atingindo assim a vítima escolhida, e rasgando sua pele.

- Eu fiquei com ódio, não pensei duas vezes. E fui revidado com a mesma moeda, minha própria tia - Sua voz saiu amargurada novamente - me atacou! Ela se enfiou na frente do feitiço. E antes disso, eu fui torturado com a maldição cruciatus. - Sua voz estava fraca, e trêmula. -

- Vamos sair daqui - Eu disse, sem pensar duas vezes. Me levantei, e ajudei o loiro a fazer o mesmo.

Fomos até a sala precisa.

Quero um lugar que eu possa ajudar o Draco.

Eu pedi, e a sala abriu, atendendo-o.

Havia uma enorme cama com lençóis brancos, como as camas da ala hospitalar. No canto oposto da sala, havia um pequeno armarinho com alguns frascos de poções e remédios para cura.

Havia também um pequeno livro, em um criado mudo ao lado da cama, com feitiços para cura. Não que eu fosse precisar.

Era como uma mini ala hospitalar. A sala precisa entendera em que sentido eu queria ajudá-lo.

- Está dolorido? Eu perguntei, ali o local era bem iluminado e dava pra eu ver seus machucados - horrendos - com mais clareza.

- Sim - Ele murmurou, e deitou-se na cama.

Caminhei até o amarinho que ali havia, e peguei uma poção pra tirar a dor. Misturei em um copo vazio que tinha dentro do mesmo, e entreguei a Draco.

Ele tomou, fazendo careta.

- Vai passar logo. - Murmurei, e soltei um suspiro. Caminhei aé onde o loiro estava deitado, e sussurrei feitiços de cura. Aos poucos suas cicatrizes foram sumindo.

- Obrigado. - Ele sorriu, e fitou meus olhos. - Você é uma boa amiga, Mione. Desculpe por todas as vezes que eu te tratei mal. - Ele sussurrou, e eu pude perceber que seus olhos agora estava se fechando.

PARA TUDO! DRACO BLACK MALFOY, ME PEDINDO DESCULPAS?!

- Tudo bem. - Assenti.

- Hermione... - Ele sussurrou. - Me ajuda com a minha missão? Eu não quero perder meus pais. - Ele pediu, os olhos pesados por conta do sono, acho eu, agora estavam cheio de lágrimas, que não demoraram a transbordar.

Eu sentia dó do Draco, mas não teria coragem de ser ajudar a matar Dumbledore.

Eu não era tão sangue frio, eu apenas queria me vingar de duas pessoas, e se eu soubesse que isso envolvia tantas complicações, eu jamais teria me envolvido nesse ciclo.

Ou será que eu teria coragem de dizer um sim?

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