Regrets.

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  Morto. Por minha causa, Xenofílio Lovegood estava morto. Por um desejo pessoal, por uma sede de vingança que simplesmente foi longe demais. Eu o matei. Alguém inocente, que não tinha nada haver com isso... E quanto a Luna? Como ela ficaria ao saber que o pai dela estava morto? Eu jamais conseguiria olhar na cara dela de novo, sabendo que eu fui responsável pela morte da única pessoa que ela tinha consigo, não ia.

  As lágrimas que escorriam por meu rosto eram incontroláveis, e eu me encontrava imóvel, olhando para o senhor morto a minha frente. Os olhos dele abertos, mas sem enxergar nada, a expressão ainda tinha um toque de desespero e súplica, o corpo continuava em uma posição fetal, as pernas encolhidas e os braços cruzados sobre o peito, enquanto ele se comprimia contra a parede gélida, na tentativa de atravessá-la e sumir dali, se fosse possível. Morto. Sem vida. Um coração que parara de bater, e por minha culpa, minha culpa.

  Meus músculos tremiam, e eu sabia que se tentasse me mover cairia no chão. Os dedos afrouxaram em volta de minha varinha, que caiu no chão com um estampido, o mesmo barulho que faz quando um lápis cai em um chão de mármore. Minha respiração era falha e meus joelhos fraquejaram, e juro que se Draco não tivesse me segurado no momento em que eu caí, eu colidiria com força contra o chão. Ele ajudou com que eu ficasse de pé, e pegou a varinha para mim.

  O vento gélido batia em meu rosto, e balançava lentamente meus fios de cabelo. Eu sentia os braços firmes do meu loiro em volta de minha cintura, sustentando meu corpo de pé. Em um movimento brusco, eu me virei e joguei os braços em seu pescoço, enterrando meu rosto em seu ombro e agora podendo chorar o quanto eu quisesse. E foi o que eu fiz, eu chorava como um bebê.

  Eu me sentia péssima. Não, péssima é pouco para definir. Me sinto um monstro sem alma, egoísta, que só pensa em si mesma e não está nem aí pros outros, que só quer vingança. Burra, idiota, estúpida, egoísta, é isso que eu sou. Palavras não são o suficiente pra descrever o quanto eu me sinto um monstro por ter chegado aonde eu cheguei.

  Definitivamente, eu estava em um beco sem saída, quero dizer, não podia deixar tudo para trás ou sofreria as consequências. Não me importa que matem a mim, mas tenho medo que machuquem meus pais, pessoas que eu tanto amo e agora nem se lembram mais da minha existência, literalmente. Eles não merecem morrer, principalmente agora que nem saberiam o motivo. Isso é demais para mim, demais.

  "Idiota, olha onde foi chegar. Tudo isso por causa do tolo do Potter, que não merecia nenhum pingo da sua atenção, sofrimento, ou esforço. Tudo isso por traição, por vingança! Granger, você foi longe demais."

  Minha consciência dizia, e com toda certeza tinha razão. Eu estava me odiando, porém estava em um beco sem saída e jamais saberia como me livrar de toda aquela bola-de-neve que eu mesma criei, por um motivo, que se formos colocar na ponta do lápis, se formos analisar tudo que fiz até chegar aqui, é um motivo idiota e fútil, que poderia ser resolvido com uma simples conversa, um simples "adeus". Se bem que, não faria muita diferença ao Weasley e ao Potter, mas de qualquer forma, isso tudo é uma extremidade muito grande, eu elevei demais o problema e agora não tem como eu parar, mesmo que eu queira.

  Os braços de Draco estavam firmes em minha cintura e meus soluços eram dolorosos. Doía tanto, tanto.

"Assassina, assassina, assassina, Granger é uma assassina!"

  Minha consciência alertou de novo, fazendo o pesar crescer ainda mais, e de certa forma, era tudo verdade, eu era uma assassina, eu tirara a vida de alguém que não tinha nada haver com meus problemas, torno a repetir, eu deixei as coisas irem longe demais.

  A única coisa boa que tudo isso me trouxe, foi o loiro que se encontrava enganchando minha cintura e acariciando meu cabelo carinhosamente, tentando me consolar e dizer que a culpa não era minha, por mais que eu soubesse que era.

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