Feelings.

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  Ponto de vista: Draco Malfoy.

  [...] – Draco... Estou com medo. – Hermione disse, e eu senti seu corpo se chocar contra o meu. Ela colocou seu delicado rosto em meu peito, e eu fechei meus braços ao redor da sua fina cintura, de forma protetora.

– Shhh. – Sussurrei arrastadamente em seu ouvido, e puxei seu rosto de porcelana com delicadeza, fazendo-a fitar meus olhos firmemente. – Eu também estou. Vai dar tudo certo. – Eu realmente estava com medo, mas eu disse as palavras, tentando lhe passar segurança. Meu polegar passou levemente por cima de algumas lágrimas que escorriam por sua bochecha clara. – Estou com você. Confie em mim. – Eu sei que Hermione não tinha nenhum motivo para confiar em mim, e jamais teria, mas eu queria que ela se sentisse segura... Eu queria protegê-la. Ah, se eu tivesse tido escolha. Naquele momento, desejei mais do que tudo ter nascido em uma família normal, uma família que não fosse preconceituosa, para que eu não tivesse que enfrentar nada disso, essa divisão. O fato, é que eu estou apaixonado pela Hermione, e não quero ter que lutar contra esse sentimento, o que vai fazer com que eu lute contra minha família.

– Eu confio. – Ela disse, me fazendo sorrir.

– Que bom. – Murmurei, e sem pensar duas vezes, sem pensar no que estava fazendo e nas consequências daquilo, eu segurei seu rosto com mais firmeza, porém ainda sendo delicado, inclinei minha cabeça, virei o rosto para que nossos narizes não se batessem, encostei minha testa na sua, e a beijei.

  A sensação de ter seus lábios nos meus foi inexplicável. É clichê, eu sei, mas eu senti como se uma corrente elétrica estivesse atravessando cada músculo de meu corpo, e que não era a gravidade que me mantinha na Terra, e sim seus lábios quentes e perfeitos se moldando contra os meus. Eu senti todos os meus problemas se esvaírem por minha saliva se misturando com a dela, por um momento eu esqueci de quem eu realmente era, esqueci que eu era um monstro que haviam treinado, pronto para obedecer ordens. Eu não tinha escolhas, ah, como eu queria que as coisas fossem diferentes.

– Hermione... – Gemi, esmagando com suavidade nossos lábios, e pousei minhas mãos em sua cintura, levantei a direita lentamente até chegar em seus cabelos, aonde eu enganchei os dedos com firmeza em seus cabelos; empurrei seu corpo suavemente, fazendo-a cambalear para trás, acompanhei seu corpo e a sentei na beira da cama. Me curvei sobre ela, e aumentei a intensidade dos beijos, agora minha respiração ficando ofegante. Senti Hermione arranhar levemente minha nuca, nossa proximidade estava ficando perigosa, então eu me afastei e fitei seus olhos, que agora me olhavam confusos.

– OH MEU DEUS! – Ela gritou e colocou as mãos sobre os lábios, agora com os olhos arregalados um pouco perturbada, andando de um lado para o outro. – Draco... eu...

– O que Hermione? – Eu a interrompi, agora ligeiramente nervoso.

– É que... Draco eu... – Ela suspirou em rendição, sem saber como se explicar. Isso me fez sorrir.

– É difícil, não é? Negar para si mesma. Eu sei.

– O quê? Do que você está falando? – Hermione desviou o olhar dos meus, agora o rosto absolutamente ruborizado, me fazendo sorrir, fazendo meu coração pulsar, senti uma vontade súbita de a beijar novamente.

– Não se faça de burra, isso é a última coisa que você é.

  Ela suspirou e então começou a chorar.

– Por que as coisas têm que ser assim? – A castanha levantou seu corpo da cama e começou a caminhar vagarosamente de um lado para o outro do quarto, como se estivesse perturbada. As mãos estavam sobre a cabeça, puxando levemente os cabelos agora lisos. Parecia estar em um atrito consigo mesma, chegava a dar um tanto de medo. Eu a acompanhava com o olhar, e a garota começou a sussurrar palavras inaudíveis, das quais eu não entendia nada. – Por que, Draco? – Então ela veio até mim e enganchou os braços na minha cintura, chorando novamente em meu peito.

– Por que o quê? – Meu tom de voz era calmo, e eu respirava lentamente, tentando acalmar a pequena em meus braços.

– Por que tem que ser tudo tão complicado? – Ela ergueu a cabeça, os olhos vermelhos e inchados, os lábios rosados tão convidativos... Não aguentei, e lhe dei outro beijo, sem que desse a resposta. Ela retribuiu, e depois me fitou, como quem diz "estou esperando você me responder".

– Honestamente, eu não sei. Eu também queria saber. Hermione, sente-se. – Eu gesticulei para a cama, e a mesma deu ré e se sentou bem na beirada. – Olha. Eu sei exatamente como você se sente. Eu passei por isso, a minha vida toda. Eu não tenho escolhas, eu não tenho saída. Eu me tornei isso – ergui a manga da blusa e apontei para a marca em meu antebraço – por não poder escolher. Eu vivo em um mundo de terror, fui criado como um cachorrinho pronto para obedecer ordens, e não posso mudar tudo isso – meus olhos começaram a arder, e lágrimas se formaram neles, e eu não me importava nem um pouco de chorar na frente dela – Escute, Hermione, eu não sou esse ser frio e sem sentimentos. Eu só nunca tive escolhas, eu só nunca pude demonstrar nada disso. – Respirei fundo, tomando ar o suficiente para o que eu teria que dizer a seguir. – Se eu tivesse escolhido, tudo seria diferente. Se eu tivesse escolhido, eu jamais te trataria como eu sempre tratei. Hermione, eu estou apaixonado por você, e eu não posso mais lidar com isso, eu não posso mais esconder isso, eu não posso mais mudar isso. Eu não posso. Cheguei longe demais, eu quero cuidar de você, eu quero te proteger... Eu quero... – Me interrompi, e me ajoelhei a sua frente, segurando sua mão. – Eu sei que esse não é o melhor momento, e nem a melhor hora. Sei que temos muita coisa pra enfrentar, e que não é fácil pra nenhum dos dois. Mas se eu sentir que eu te tenho você comigo, vai tornar as coisas muito mais fáceis. Não precisamos enfrentar nada disso sozinhos. Hermione Jean Granger, você quer ser minha namorada?

  Ponto de vista: Hermione Granger.

  Meu coração estava disparado e eu não conseguia falar nada, apenas ouvi o que o Draco tinha a dizer. Fiquei boquiaberta por alguns segundos, tentando raciocinar e processar tudo o que tinha acontecido.

  Eu percebi só naquele instante que eu realmente estava apaixonada por Draco, e que suas palavras eram sinceras... Sinceras como eu nunca havia visto antes.

  E ele tinha razão. Estávamos vivendo um caos, mas as coisas facilitariam e muito se eu tivesse Draco por perto...

– Eu aceito. – Sorri largamente, e o loiro me imitou, me abraçando pela cintura e me rodando em um abraço de urso no ar. Eu me senti completa, algo que eu não sentia a tempos.

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