Escova de dentes

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Entramos juntos em um restaurante italiano. Kane manteve uma de suas mãos em minhas costas.

O local era pequeno e muito aconchegante ao olhar, não posso mentir e dizer que não fiquei encantada com a quantidade de casais mais velhos.

Idosos e amigos, era um local tão família que em um primeiro momento estranhei Kane me trazer aqui.

Ele não faz o tipo que frequenta esses locais, então essa é mais uma surpresa para acrescentar nas coisas que descubro sobre ele.

Uma garçonete mais velha vem nos receber e sem demora nos encaminha para uma mesa pequena.

Kane pediu por um lugar mais reservado e é isso que a gentil senhora nos oferece.
Uma mesa redonda, com cadeiras de madeira, toalha branca e com uma bela vista da janela. Nosso local ficava mais afastado da área central, mas ainda assim tinhamos uma vista privilegiada de todo ambiente.

É claro que para encontrar um local desses, Kane me tirou do campus estudantil e me levou para a cidade.

Desde o nosso envolvimento no carro tenho dito muito pouco, ainda estou me sentindo anestesiada pelas coisas que fiz e que o forcei a fazer.

Mas nada disso se compara com o meu terror ao lembrar do ataque que sofri.

Por isso, a gentileza de Kane me faz sentir além de segura, me sinto o mais calma que posso, dada a situação que me foi imposta.

Ao olhar em volta, consigo dizer que o local não parece ser muito caro, não o tipo chique de filmes e que eu não ousaria entrar.

Esse é o tipo de local que eu escolheria para fazer uma refeição e me sentir a vontade.
Kane, por sua vez, continua me encarando com seus olhos espertos. Hoje, mais do que nunca, posso notar a intensidade desse olhar. O modo austero de sua postura, a curva de seus lábios.

Pela primeira vez noto suas roupas, ele veste uma camiseta preta e jeans escuros. Sua jaqueta preta de couro não faz muito para esconder suas diversas tatuagens. Ele é tão bonito que tenho que segurar um suspiro no peito.

Quando olho em seu rosto não posso deixar de pensar no lábios que me beijaram e que provaram a minha pele.

-Eu quero que você me conte tudo o que aconteceu. Mas, primeiro vamos jantar. O que você acha? - Sua pergunta me desconcerta, mas acabo por acenar positivamente com a minha cabeça, para falar a verdade, não tendo comido quase nada durante todo o dia e depois de tudo o que aconteceu, fico surpresa ao me encontrar com fome.

- Estou sem dinheiro. - Digo para ele. Kane, não parece ser o tipo que vai me exigir isso. Porém, esta além de mim depender de homens para me sustentar.

- Não me insulte, Emma. Eu posso pagar nosso jantar. - Seu resmungo deveria me irritar, mas o encontro sendo adorável.

Devo estar louca. Penso ao encara-lo.

- Não quis te insultar, apenas não estou acostumada que pessoas paguem coisas para mim. - Explico depois de dar um suspiro cansado. - E agradeço a sua gentileza.

- Não é gentileza. Isso é meu dever e meu direito. - Ele me diz ao aproximar sua mão da minha e tocar a minha pele.

- Não sou sua responsabilidade, Kane. Eu agradeço o que você fez e ainda está fazendo por mim. Mas, não quero ser um fardo para você. - Volto a insistir ao encarar seus dedos longos acariciando a pele da minha mão. Por algum motivo, não consigo encontrar a vontade de me afastar dele. Então, permito o seu carinho.

- Você nunca será um fardo, Emma. Poder te ajudar é uma honra, é o dever mais bonito que tenho. Você não imagina o que prover para você faz comigo. - Suas palavras estão cheias de sentimentos, seu cheiro me cerca de modo caloroso e protetor e quase posso me sentir flutuar em contentamento.

DevastaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora