Choro

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Negativo.

Acredito que uma palavra nunca foi tão bonita.

Meu suspiro de alívio é tão alto quanto o de Kane ao meu lado. Nossos olhos estão presos na folha de papel timbrada do hospital, onde o resultado do meu exame de sangue para o meu teste de gravidez está em minhas mãos.

Essas duas horas que passamos esperando pelo resultado nunca foram mais longas ou mais tensas. Assim que Kane entendeu porque eu estava tão nervosa e agitada ele logo se colocou no modo Alfa e tentou muito me dar todo o apoio possível, um resultado positivo mudaria ainda mais as nossas vidas e colocaria ainda mais lenha em uma fogueira sem controle.

Temos muita coisa para lidar e a chegada de um bebê não é algo que particularmente me agradaria, e mesmo meu alfa me tratando de maneira gentil e firme, tranquilizando o pior dos meus medos, mesmo em seu silêncio, não podia esconder a tensão em seus músculos.

Entretanto, em nenhum momento Kane me acusou ou brigou comigo, ou me olhou estranho como se a culpa do meu calor e uma possível fertilidade fossem minha culpa.
Os enfermeiros do hospital me trataram muito bem e Kane e eu fomos encaminhados para um médico ginecologista responsável por acasalamentos e hormônios Ômega.

Em algum momento entre a minha coleta de sangue e meu primeiro exame de papanicolau, Kane que antes estava gloriosamente sem camisa, ostentando suas tatuagens e muitos machucados de sua luta impensado, com seriedade e orgulho, apareceu com uma camiseta branca esticada em suas constituição ampla e com o logo da ala infantil do hospital.

Quando o questionei após o meu desconfortável exame, ele apenas me olhou e com um sorriso de lado me disse que encontrou um pequeno quiosque no terceiro piso, antes da lanchonete e que vendiam apenas um modelo camisetas.

Bom, era melhor isso do que eu ter que me irritar com mais alguma enfermeira babando descaradamente no corpo do meu Alfa. Mais de uma vez Kane teve que me acalmar com beijos suaves, e tentou ao máximo manter nossas mãos juntas. Apenas isso, em qualquer outro momento da minha vida já me daria um aneurisma, essa proximidade, os pequenos toques íntimos, toda a pinta de casal que estávamos mostrando para o mundo aberto.

Andamos de mãos dadas, dedos entrelaçados e muitas vezes com Kane se inclinando para cheirar meu pescoço onde sua mordida estada exposta, ou um pequeno roçar de lábios no meu rosto e cabeça. Gestos que nunca tivemos um com o outro e que agora eram tão naturais quanto os batimentos do meu coração.

E mesmo o meu coração disparando e minha mente nublando de ansiedade, não me impediram de sorrir para a estranheza de ter Kane Hunter vestido em algo tão bobo, para falar a verdade essa era a primeira vez que ficamos tão juntos, e os dias do meu calor não contam nisso. O meu medo de uma gravidez era bem lógico em minha cabeça, aquele tinha sido o meu primeiro calor compartilhado com alguém e Kane sendo um alfa, o seu nó após o nosso coito me prende a ele durante quase meia hora, e isso significa meia hora de esperma alfa fértil sendo jogado no meu útero ômega também fértil, aos meus vinte e um anos não me sinto nenhum pouco preparada para ser mãe.

Estou na Universidade, no meio do meu curso de graduação, não tenho nenhuma reserva de dinheiro significativa, sou acasalada apenas a alguns dias e não mal conheço o homem que me acasalei. Graças a deusa sou um ômega e a fecundação acontece mais rápido em nosso organismo, em cerca de quarenta e oito horas após o ato sexual, ou no término de um calor, os nosso hormônios já indicam pelo sangue se um bebê está crescendo ou não dentro do ômega.

E é claro que por dentro eu estava rezando para a Deusa Ômega não deixar isso acontecer comigo, não agora, não estou preparada para acrescentar mais esse problema na minha pilha já grande de situações para resolver.

DevastaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora