Arbusto

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O medo deve estar saltando dos meus olhos. E encarar Dylan não me ajuda em nada.

Imediatamente o vejo pegando o seu celular no bolso, então corro para interrompê-lo. Sei que ele está prestes a chamar por Kane, meu Alfa deve estar presente nesse momento, isso é tudo o que meus instintos mais profundos demandam, todavia, ao mesmo tempo isso é tudo o que eu não quero.

Kane acabou de sair de mais uma luta e não desejo que ele volte tão cedo para outra. Principalmente agora que me prometeu não brigar. Ele não merece sujar sua reputação e se colocar em risco por um verme igual a Julian Stuart.

- Por favor, não. Não quero Kane aqui. - Digo ao tocar na mão que Dylan segurava o celular, parando a sua ação.

- Porra, Emma, alguém te bateu, está na cara e não tente negar. Kane tem que saber...

- Não, por favor, ele me prometeu que não lutaria mais, não o quero brigando com ninguém, por favor Dylan. - Respondo ao fazer uma péssima tentativa de me controlar, me agito para secar as lágrimas do meu rosto.

Dylan me olha como se eu estivesse louca ou alucinando, suas narinas se abrem em desgosto enquanto ele me agarra pelos braços, não de uma maneira forte que pode me machucar, apenas de modo mais firme e me puxa pelo beco, de volta para a porta de onde ele saiu, não chegamos a entrar no prédio, mas estamos mais escondidos do que antes.

- Se você não quiser que eu conte para o meu irmão, você tem que me contar tudo o que aconteceu, e vou saber se você mentir. - Suas palavras estão carregadas, é assustador de ouvir, já que Kane é o gêmeo rabugento, enquanto Dylan está sempre risonho e de humor leve.

Tenho poucos segundos para decidir o que fazer, mas acabo por me ater a verdade, estou assustada e amedrontada, odeio me sentir assim, todavia sei que a única forma de obter algum alívio será conversando com alguém.

No momento não tenho muitos amigos, mas sei que posso contar com Dylan, ele e seu irmão sempre foram os melhores Alfas que já conheci, sempre me trataram com respeito e atenção, por isso decido dar um voto de confiança e dizer tudo o que passei nas mãos de Julian.

Tento muito segurar minhas lágrimas, não quero me tornar uma bolha lacrimosa e chorona enquanto o meu relato escapa por entre os meus lábios.

Os lugares em que fui espancada doem terrivelmente, porém não acredito que quebrei nada, estou apenas dolorida e assustada.

Depois do incidente com o beijo, enquanto Julian ainda namorava com minha amiga Bry, me mantive afastada o máximo possível, sempre senti uma sensação estranha ao redor dele, ainda azeda que dominava minha garganta e me deixava sempre meio enjoada e verdadeiramente atenta, eu associava isso a sua designação Alfa. Não sei o que ele viu em mim, mas o ar em sua volta sempre me pareceu tóxico e pouco atraente.

Entretanto, mesmo com meu julgamento sobre o seu caráter, Julian nunca tentou nada muito drástico, nenhuma abordagem violenta, somente assustadora, se é que posso levar isso em conta sobre ele.

Eu sempre soube que tinha que me manter atenda ao seu redor, e normalmente quando ele estava por perto, eu logo tratava de me esquivar e fugir antes que ele tivesse tempo de me abordar, durante o último ano isso bastou para me safar da presença dele. Foi somente nos últimos meses que ele começou a me assediar de forma mais agressiva, sempre afirmando coisas sobre nós dois que ocorriam unicamente em sua cabeça.

Essa coisa de afirmar que um nascido ômega pertence a um determinado alfa é algo já proibido perante a lei. Se não houve uma mordida de união que forma um acasalamento, nenhum alfa pode afirmar ter controle ou direitos sobre um ômega.

DevastaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora