Mordida

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Pov Emma

Quando o meu corpo queima feroz de dentro para fora, não me sinto envergonhada de me despir na frente de Kane.

Meu ninho está pronto e foi constantemente aprovado por meu alfa, isso foi maravilhoso para acalmar o pior dos meus anseios.

A primeira vez que tive um calor, foi na minha apresentação, na época eu estava com dezessete anos e desde os meus quinze estava mostrando sinais da minha designação.

Passei por uma transição segura e esperada. Minhas glândulas já estavam desenvolvidas aos dezesseis, mas ainda não expelia meus feromônios, somente os hormônios adolescentes femininos comuns, mas nada Ômega.

Nessa época, eu morava sozinha com o meu pai, minha irmã estava no último ano da Universidade e já trabalhava em sua área. Ela e meu pai não conversavam à muito tempo, mas todos os dias ela me ligava para saber como eu estava.

Tirando meu pai, Valerie era tudo o que eu tinha de família.

Meu pai sempre foi um porco nojento. E ficou muito pior depois da morte de minha mãe, principalmente depois da morte de minha avó.

Valerie e eu vivíamos em constante estado de alerta e medo. Ele sempre foi um homem grande e sem respeito nenhum pelas mulheres de sua família.

Meu pai foi um Beta por toda a sua vida, e minha mãe um Ômega. A relação deles era inédita e fato de os dois conseguirem filhas que se apresentassem na designação ômega, também era estranho.

Ninguém conseguia entender por que eles estavam juntos. O que sei é que o amor que eles tinham não foi o suficiente para suprimir as dores e transtornos do Calor da minha mãe. Depois que cresci, descobri que um amigo deles chamado Henry Smith, que era um alfa, ajudava minha mãe nos seus períodos de calor.

Ao crescermos, Valerie sempre dizia que éramos mais parecidas fisicamente com o tio Henry do que com nosso papai. Entretanto, nenhum exame de DNA foi realizado e meu pai nós assumiu, minha irmã e eu.

Enquanto crescia, sempre encontrei curioso o fato de meus olhos serem da mesma tonalidade dos olhos do tio Henry, ou que seu cabelo, mesmo cortado curto no estilo masculino, possuía cachos loiros iguais aos meus e o da minha irmã. Que compartilhamos sardas em nossas peles, e que tínhamos gestos parecidos.

Eram tantas semelhanças que um exame de DNA não era necessário. Minha irmã compartilhava das mesmas semelhanças, mas para nós duas, ele sempre foi o tio Henry.

Hoje, posso assumir que odeio os dois, meu pai por ser o sujeito que é, e Henry Smith por deixar suas filhas, mesmo que ilegítimas, nas mãos de um monstro.

É claro que quando era menina, eu não desconfiava disso, meu pai sempre foi meu pai, e tio Henry era somente isso, o tio Henry. As semelhanças eram ignoradas em minha cabeça, e Valerie não discutia isso comigo.

O tio Henry aparecia em visitas anuais, passava alguns dias na minha casa e depois ia embora.

Quando minha mãe morreu, ele veio nos visitar uma última vez. Chorou em seu enterro, virou as costas sem prestar atenção em Valerie e eu, foi embora e não voltou.

Durante toda a minha infância e adolescência, busquei coisas que me aproximasse do meu pai. Mas nada nunca foi suficiente para ele, e após a morte de minha mãe, ele passou a tratar minha irmã e eu de forma bem distinta.

DevastaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora