O tempo está nublado e frio. As folhas secas compunham o gramado amarelado do quintal dos fundos, folha que caia de uma enorme Mangueira, ao centro do quintal. Havia as tralhas de jardinagem de minha mãe e ao pé da Mangueira um banco. Caminhavamos silenciosamente com as mãos no bolso da jaqueta, mas Sabrina usava luvas então logo tirou as mãos dos bolsos. Ela fungou.
- Então...
Olhei para ela que fechava os olhos tentando ser paciente, ela não conseguia me olhar.
- Eu... Eu..... Te amo - disse ela com dificuldade - Eu queria odiar você.
Paramos e nos olhamos, ela me encarou com uma expressão dolorosa.
- Queria sentir tanto ódio para ser capaz de nunca mais te querer por perto. - ela deu uma pausa - Por que?
- Eu não, eu não tenho culpa eu só...
- Você dormiu com Andrey?
- Não, não, Sabrina não, isso não aconteceu. Apenas nos beijamos, mas foi só o que aconteceu.
- Beijou ele? - ela me olhou descrente agora.
- Aconteceu, eu não queria, mas eu... Foi mais forte que eu... E depois disso que eu fiquei me perguntando o porquê disso está acontecendo, por que eu odiava tanto ele em casa mas aceitava por sua causa, por que ele me incomodava tanto e... Foi aí que eu, acho que descobri.
Ela ficou quieta, notei seus olhos castanhos inundaram. Ela secou a lágrima antes de escorrer.
- Está doendo muito Sabrina, eu me sinto traído por mim mesmo e sei como se sente. - falei e segurei suas mãos enluvadas - Me perdoa eu não eu não queria nada disso. Eu...
- Eu não sei se sou trouxa ou sou muito boa com você Joca, por que sinceramente eu não consigo te odiar... E você além de mentir esse tempo todo me traiu, de baixo do meu próprio nariz.
- Não era intencional eu nunca, nunca teria feito aquilo, eu nunca pensei que eu fosse capaz de te trair.
- E traiu da pior forma. - ela disse.
Houve um revoada de ventos que sopravam do norte, o vento gelado chacoalhou a árvore fazendo folhas secas desprenderem do galhos e cair sobre nós. Alguma dessa folhas enroscou nos cabelos de Sabrina em nossas blusas, mas não era nada importante isso.
- Eu sei que errei.
- Por quê? - ela perguntou
- Tive medo de perder a Laura, tive medo de perder você de perder tudo. Eu não quero perder nada entende? Quero continuar criando nossa filha eu a amo, eu não beijei mais o Andrey, não fiquei com ele quando me dei conta disso tudo... Eu fugi, e bem ele tá chateado com isso tudo pois também não queria que tivesse acontecido nada disso e...
- Dei entrada no divórcio - Sabrina me interrompeu.
- Sabrina, não, nós podemos fazer isso de um outro jeito.
- O que? Um triângulo amoroso? - ela riu dolorosamente - Joca eu também mereço ser feliz, não que eu queira alguém agora pois quero ficar sozinha para me resolver aqui dentro. Mas não quero você comigo.
- E Laura? Eu não vou...
- Não vou te privar de ver sua filha, somos adultos. Por sorte Joca, eu não sou essas mulheres malucas e histéricas que costumam querer machucar os outros quando estão machucadas... Bom ou pelo menos tento - ela secou às lágrimas novamente - Quero ficar com a casa, e...
- Sabrina você pode ficar com tudo, não vou mexer nisso, na casa, no carro, na estabilidade da Laura, continuarei pagando a escolinha, as contas...
- Só quero sua ajuda com as contas até conseguir um emprego - ela choramingou um pouco parecia dolorido para ela lidar com tudo isso, limpo o rosto com as luvas e depois com o antebraço. - Com ela na creche vou ter tempo...
Por fim tirou as luvas discretamente. Acho que a incomodava.
- Posso te dar 40 por cento do Mercar - falei.
- Não quero esmola pela sua empresa Joca, não dificulta - disse ela.
- Não é esmola, eu sempre te ofereci e você sempre recusou, pense na Laura, no futuro a empresa será toda dela Sabrina, aceita os 40% e trabalha comigo, ser minha sócia... Você fez RH pode muito bem ajudar - expliquei.
- Me da um tempo tá legal.
- Só quero que tudo fique bem... Pelo menos sei lá...
- Para você se sentir menos culpado - ela sacudiu a cabeça - eu sei...
Fiquei quieto. Ela tinha razão eu só não queria ser responsável por mais problemas além do casamento.
Ela esfregou as sobrancelhas e pairou com a mão sobre a mesma como se estivesse com dor de cabeça.- Eu não consigo, não consigo...
Eu a abracei, e choramos. Dessa vez feito duas crianças e eu comecei a dizer o quão ela importante para mim o que a fazia chorar mais, revirar o passado e mirar o futuro. Eu nunca havia sido tão expressivo, e nunca iria imaginar o quão ela era madura para lidar com tudo isso, e choramos juntos, nos sentamos no banco eu a acariciei ela deitou sobre meu peito e segurou minha mão entrelaçando os dedos e notei a marca de nossas alianças.
- Pelo menos podemos dividir nossas maquiagens - disse ela querendo brincar mas com ar choroso e triste.
Eu dei um riso.
- Podemos - falei rindo
Houve um silêncio.
- Eu não me arrependo de nada que a gente viveu Sabrina - falei.
- Eu também, mas sinto que atrasei sua vida.
- Claro que não, eu te amo.
- Eu te amo mais do que você pode imaginar - ela sussurrou. - é muito difícil dormir sem você na cama.
- Ainda podemos dormir juntos - falei. - Mas...
- Tudo bem transavámos pouco mesmo, eu gostava mesmo era da sua companhia.
- Não transavámos pouco, fodiámos quase toda semana.
- Pouco - disse ela
- Eu você nunca disse isso!
- É que, Joca você é péssimo - ela deu um riso - Tipo muito bruto, e bem, há mulheres que gostam, mas eu não. Sem contar a pegada é boa mas delicada de mais as vezes.
Abri a boca olhando para ela chocado. Impressionado.
- Hã...
Ela tossiu um riso.
- Olha, não estou criticando as vezes eu gostava de tudo. - ela deu uma pausa - Mas era estranho, desde de a primeira vez que por nojo você se recusou a chupar a minha....
- Hã.... Tá bom Sabrina já entendi - falei corriqueiro.
Ela tossiu um riso.
Então ela me abraçou forte e choramingou mais um pouco, isso me fez chorar também.- Eu não sei o que fazer Joca, foram tantos anos juntos que eu me sinto arrasada e perdida eu não queria isso, isso dói muito, me sinto sozinha. Dói muito.
Eu a abracei mais forte.
- Vou para casa hoje.
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Onwww olha esses dois *-*
Ei não esqueçam de me seguir para acompanhar minha histórias e também favorita as mesmas. Peço desculpa pela escrita corriqueira os erros e enfim a demora....! Abraço e obrigado pela leitura!
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Antes que Amanheça
Любовные романыJoca é casado, e tem uma filha de quatro anos. Aos 32 anos se descobre gay, e em meio a dificuldades de aceitação, deve também enfrentar as dificuldades de seu casamento. #1- homossexual