Vestimenta Favorita pt.1

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E no instaste em que eu pensava vi Andrey cruzar meu caminho.

— Ei frutinha — falei o pegando pelo ombro.

— Qual é?

— Vamos trocar uma ideia.

— Não, qual é você tá bêbado?!

Ele disse em seguida tentou me tomar a garrafa de cerveja da mão.

— Me da isso Joca

— Não qual é? Vai tocar no que estou bebendo.

— Quero um gole.

Lhe entrego a bebida, engraçado como é fácil manipular um cara bêbado, ele ao invés de beber apenas segurou a garrafa. Eu sabia que não iria beber.

— Você é um filho da puta de um viadinho de merda. — falei apontando o dedo na cara dele o encurralando na parede

— Me chamou para isso? Conta outra, isso daí não é novidade!

Então paralisei o encarando. Não tinha mais o que falar eu só queria ofender ele. Na verdade eu não sei, mas acontece que eu sempre quis detonar ele, ele as vezes fazia com que eu me sentisse um fraco. 

— Você tá me transformando num viadinho igual você.

— Não Joca, na verdade você é um viadinho por baixo dessa pose de macho.

— Sou porra nenhuma. — falei, eu estava muito molenga

— Tá legal chega Joca, vai descansar, deita ali no sofá — ele disse tocando meu ombro.

— Vou porra nenhuma. — falei me esquivando

Sabrina apareceu do nada.

— Joca qual o problema?

— Esse viadinho! — apontei Andrey

Eu queria completar a frase com "vou quebrar ele" mas a mesma não saiu. Sabrina segurou meus ombros chocada.

— Meu Deus Joca — ela virou para Andrey — Me desculpa — disse baixinho.

Andrey riu, como se tudo fosse uma piada.

— Até parece que não o conheço. — ele falou fingindo ser meu amigo vi ele piscar para Sabrina — Vou tentar levar ele lá para cima.

Ele entregou minha cerveja a Sabrina e agarrou meu pescoço com o braço em meus ombros.
Vi a cara de contentamento, pois Sabrina notou que ele conseguiu me tirar a cerveja, algo que ela nem tentou fazer pois saberia que não conseguiria, mas Andrey conseguiu pois mentiu. As amigas de Sabrina gritou ela e ela foi atender as colegas mas antes deu um grito de "obrigado Andrey." Pois já estávamos subindo as escadas.

— Não toca em mim — Falava tentando me livrar de Andrey

Ele me segurava firme para eu não cair da escada, já havia tropeçado na mesma duas vezes.
Chegamos aos cambaleios no quarto, no meu quarto, ele me lançou na cama e me sentei todo largado.

— Eu te odeio seu merda! — resmunguei

— Odeia?

— Odeio seu frutinha de merda. Você destruiu a festa da minha filha.

— Também te odeio, e não, eu não fiz nada Joca.

— Não? Me seguiu até aqui em cima e...

— E você me beijou, VOCÊ!

— Porque você queria e estava se insinuando seu arrombado.

— É mesmo? Então nós dois queríamos.

— Eu não sou igual a você, eu sou macho.

Ele riu.

— To vendo — ele disse negando com a cabeça

Ele estava de pé de braços cruzados me olhando sentado na cama encarando ele e aquela camisa estúpida, eu levantei o braço apertando os mesmos fazendo o músculo saltar.

— Sou macho porra — com a outra mão bati sobre meu "muque" feito. — Você não, você é um mulherzinha de merda.

— Realmente, sou. Mas depende da lua sabe? — ele disse calmamente

Mesmo se eu não estivesse bêbado eu não entenderia, meu cérebro é lento de mais, eu literalmente era o típico homem estúpido e errante por não entender coisas tão complexas como Andrey.

— An?

— Nada cara, olha estou indo...

Ele se virou saindo e rapidamente o puxei o puxei o suficiente para fazê-lo curvar e ficar cara a cara diante a mim, e o puxei fazendo sua mão pegar em cheio no meu saco, e ele realmente pegou, atolou a mão no meu pau. Mas disse a seguinte frase antes que eu pensasse em querer beija-lo:

— Depois eu que sou viadinho— ele se agitou e saiu, como se desse um grande triunfo.

Fiquei la parado, e me deitei, adormecendo de vez.


***


A semana seguiu de um modo tranquilo, era quarta, hoje eu iria jantar com minha mulher e minha filha (provavelmente), daqui algumas horas... na verdade, Sabrina pretendia deixar Laura na casa dos pais dela, mas era muito difícil eles aceitarem, pois não gostava da ideia de deixarmos nossa filha la para termos um pouco de "privacidade de casal", por assim dizer. Filhos são um benefício as vezes, mas também nos privam de muitos outros benefícios, e eu preferia que Sabrina não levasse minha filha para a casa dos meus sogros, sabe? Eu evitava confusão com eles.

Eu havia saído um pouco mais cedo do serviço, o escritório estava com o movimento fraco, e eu estava fazendo algo que eu fazia com uma certa frequência, não era sempre, mas as vezes eu fazia isso, eu não sei o que me dava, mas eu queria ver o que ele tanto fazia. Parava o meu carro do outro lado da avenida, e observava seu bar, via Andrey, as vezes o via pelas janelas do seu estabelecimento, do lado de fora distraído, hoje estava frio, ele não usava regatas como no verão, e também não usava camisas de manga como no outono, ou apenas algo mais tranquilo como na primavera. Eu gostava desse frio do inverno, e gostava de espiar ele em todas as estações... havia uma camisa, que eu gostava nele, mas só usava essa no verão, e hoje ele usava uma que também gostava, mas só usava essa no frio. As vezes eu me perguntava porque tenho tanto interesse nele.


Já me peguei tendo interesses em outras fazes da vida, como quando meu pai me levava para o campo de futebol e parte que mais me interessava lá era o vestiário. Porra, não gosto nem de lembrar, que merda eu estava fazendo da minha adolescência? Ta, eu evitava entrar la, tinha medo de ficar excitado, ou de ser atacado, como se sei la? Eu me sentia estranho, é estranho pensar como na primeira vez que entrei naquele lugar e vi um monte de homens pelados com seus membros soltos e balançando para la e para cá, enquanto andavam ou se ensaboavam. As vezes eu via em lugares... como em programas de televisão, ou rodas de amigos na escola, que homens fazem "molecagem" e acho que era isso o que me acontecia, e acontece ate hoje MOLECAGEM. É tipo uma fase de descobertas que ainda estou preso. Eu nunca vou entender isso por que eu sempre me nego a pensar nisso, mas depois da minha conversa na casa do Andrey, eu pude ver em seu olhos que ele sentiu pena de mim, e eu entendo por que as vezes eu também sinto pena de mim.

Andrey esta do lado de fora, carrega uma caixa de papelão debaixo do braço, tem garrafas vazias, ele as vezes é desastrado, sempre derruba, e dessa vez não foi diferente, a caixa virou sobre seu sobretudo bonito e agora ele teria uma mancha amarelada de cerveja, deixaria de ser a vestimenta preferida de minha parte, pois ele certamente não usaria mais caso manchasse. ele fez isso com a sua roupa que era a minha favorita nas primaveras.

Meu celular vibra, Sabrina me avisa que hoje seremos só nós dois e sinto um conforto no peito, mas mesmo conforto me causa um aperto, Laura na casa dos meus sogros...

Antes que AmanheçaOnde histórias criam vida. Descubra agora