Eu transei com Sabrina, durante a tarde. A comi forte, transei com ela de uma forma que não fazíamos a um tempo, um longo tempo, eu a fiz gemer alto, incontrolável, fiz revirar os olhos, eu descontei a minha raiva nela, minha frustração. Eu a comi como da primeira vez, em que ela tentou me desacelerar mas eu não consegui, e ela cedeu, ela me aguentou novamente, ela me aguenta. Mas as vezes está sensível e não quer, diz que sempre a machuco quando quero transar. Então por mais que tenhamos um sexo por semana, por assim dizer, nunca é o sexo, é sempre algo menos ativo, algo suave, eu não sei como, mas aprendi a gozar rápido para acabar rápido com a tortura de fazer sexo lento. Agora quando a pego dessa forma, virado, dessa forma grotesca e ignóbil, demoro muito mais tempo a gozar, e por isso ela desiste no meio do caminho, diz estar dolorida. Mas dessa vez ela deixou ela deixou eu terminar, e eu me sentia satisfeito. Mas sei que ela só deixou porque estava me devendo duas noites de sexo da semana passada, e retrasada.
Embora eu estivesse satisfeito. Eu terminei o banho frustrado pois eu havia pensado em Andrey. Andrey, Andrey é um merdinha. Aquele viadinho de merda está me transformando em um também. Devo manter ele longe. É isso... longe.Laura está dormindo.
Por sorte o aniversário dela cai amanhã. No domingo. E estou de folga, trabalho no escritório de segunda e sexta.
Eu amo os finais de semana em família.Sabrina vai dar uma breve festa. Algo pequeno, já compramos as coisas, encomendamos coisas. E hoje durante o dia diversos amigos vieram aqui em casa prestar ajuda. E agora, durante o final da tarde tivemos um tempo a sós, eu e ela, ela e eu.
Me sento na cama. To meio cabisbaixo. Ela sabe disso, quando estou muido tendo a ficar mais leso que o normal.
— Pensei que podíamos fazer algo hoje à noite, o que acha? — ela disse enrolada na toalha se enfiando entre minhas pernas.
— Tipo?
— Ah, a gente podia ir ao shopping. Levar Laura, podíamos chamar o Andrey também, quando a gente chegar, e assistiríamos o campeonato... sei que hoje tem jogo.
Não da para deixar Andrey fora da nossa vida?, penso mas não digo nada. Não digo nada porque nunca me incomodei com ele, digo, só no início, mas a 13 anos vejo esse cara entrar e sair da minha casa. É como se ele fizesse parte da família. Outras vezes, em outros tempos ele trouxe um dos seus namorados aqui, um não, ele sempre traz quando namora, mas nunca dura. O último mesmo durou um ano, acho, escutei algo assim outrora. Andrey deve ser um cara chato para caralho.
Minha mulher não gosta de campeonatos de jogos. Mas sei que ela disse "assistimos" para me agradar, sabe que estou triste, não sabe o motivo, pois eu também não sei.
— Tá bem...
— Vou avisar Andrey, daí quando a gente chegar passamos no mercado para comprar cerveja. Faço um jantar para a gente.
Pensei que poderia dizer: querida não há como ser só nós. Eu e você. Mas acontece que sempre é só eu e ela. Jantamos juntos (romanticamente) todas as terças, quando temos dinheiro vamos a um restaurante caso contrário fazemos em casa. Somos um casal que passamos o tempo juntos, ela está sempre comigo, preocupada comigo, me ajudando com minha autoestima, minha alegria. Talvez ela queira companhia, uma que a faça rir. Andrey faz isso, faz ela rir sempre.
Já eu, ela costuma rir de mim as vezes. Mas ela tem evitado, por que tem medo que eu fique triste por ela rir sempre do meu jeito tapado, desastrado, as vezes de confundir as coisas, raciocinar lento. Como no dia quem que fui arrumar a torneira e a destrui, ela riu ao me ver tomando banho de água, sei que riu. Depois ao me ver irritado comigo mesmo disfarçou; ou o dia em que estávamos indo a casa nova de minha sogra e nos perdemos, ela também achou graça.Mas ela não faz por mal, ela é doce, sempre ri das coisas. As vezes eu mesmo aprendo a rir de mim e das minhas falcatruas. E tudo bem, não há nada de errado nisso, ela me ama, e ama esse meu jeitão tapado. E eu a amo. Apesar de todas as nossas desavenças a amo.
Levamos Laura ao shopping, ao parque que havia lá. Tivemos um passeio em família agradável. Fomos ao mercado também, e quando retornamos Andrey já nos esperavas com seu engradado de cerveja. Sabrina havia lhe mandado mensagem enquanto voltávamos...
Por fim, estava eu esparramado ao sofá, o campeonato havia começado. Andrey estava ajudando minha mulher na cozinha e Laura brincava pelo chão da casa, eu assistia à televisão, vota e meia Andrey aparecia na sala para checar o jogo. Em uma das vezes esqueci de pedir mais uma cerveja ao Andrey e ele retornou para a cozinha. Não há problemas eu estava com vontade de mijar,e podia pegar a cerveja. Espero o intervalo e caminho até o banheiro.
Há um corredor, que vai para a cozinha e entre a sala de estar e a cozinha no corredor fica o banheiro. Então é possível escutar o que falam na cozinha, e escuto Sabrina cochichar assim que toco na maçaneta da porta do banheiro:
— Ele está meio triste — sussurra ela — daí ele fica meio disperso sabe?
— Entendo, é sempre assim né?! — diz Andrey ainda mais baixo.
— Sim, daí ele desconta sua frustração no sexo, ou nas coisas como esmurrar o volante do carro por coisas fúteis — ela deu uma pausa — Hoje ele fez as duas coisas, transamos e no trânsito perdeu a paciência esmurrando o volante. Luta se assustou no carro. Mesmo estando a quinze anos com ele as vezes me assusto com o Joca.
— Pera ele não te esmurra né ou te obriga a foder com ele. Né?! — Andrey riu
— Não, não, Joca é um doce, me respeita muito. Mas transar com ele assim é como não saber quando vai acabar e isso as vezes me destrói, digo já viu o tamanho dele? Ele perde o controle sei lá. Mas se eu pedir para parar, ele para.
— É, ele é um homão mesmo — falou Andrey — Mas você não gosta?!
— Gosto, mas sabe? Por ele, ele só foderia, sem amor sei lá, não sou uma boneca.
— Esse é o problema?
— Não, longe disso o sexo é o menor dos meus problemas...
— Então porque está falando isso tudo? — Andrey perguntou justamente o que eu me perguntava.
— Bom as vezes tenho medo, por Laurinha sabe? Eu sei parece maluquice e também impossível. Ela ama o pai e ele o ama também, mas Joca é instável, as vezes não tem paciência ou noção de espaço. Tenho medo dele machucar ela com as brincadeiras porque ele é desastrado. Quando ela tinha dois anos ele a deixou cair, você lembra...
Eu havia cochilado com ela em meus braços, nunca me perdoei por isso.
— Ela ainda é pequena, mas logo estará maior, irá responder a ele, aprontar e não sei se ele é bom pai para corrigir ela. — continuou Sabrina — Eu confio nele, mas não confio nessa instabilidade emocional. Fico imaginado ele a dando umas palmadas, ou até mesmo quando eles estão brincando. Tipo as vezes ela chora porque ele a machuca, mas não é na maldade, é apenas desastrado, daí brigamos, as vezes me seguro para não dizer tudo isso a ele sabe? Não quero vê-lo chateado.
— É só uma preocupação de mãe Sa...
— Eu não sei, eu tenho medo das coisas que ele pode fazer caso tudo saia do eixo.
— Tipo, romper?
— Não, eu o amo, mas as vezes penso a respeito...
Decidi não ouvir mais nada, entrei no banheiro.
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Antes que Amanheça
RomansaJoca é casado, e tem uma filha de quatro anos. Aos 32 anos se descobre gay, e em meio a dificuldades de aceitação, deve também enfrentar as dificuldades de seu casamento. #1- homossexual