Fim

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Ele se levantou da cama para ir ao banheiro, estava nu, o sol refletia pela janela, sua bunda estava avermelhada, surrada, as costas arranhada. Eu estava deitado com um pouco de sono e preguiça, cansado. Observei sua silhueta até ela sumir.
Os pássaros faziam algazarra na árvore lá fora, carros passavam pela avenida. O dia havia nascido.
Pensei a respeito de tudo que acontecerá na noite anterior, assim como o nome do bar, tudo pode acontecer antes que amanheça.
Fiquei de olhos fechados escutando tudo, o vizinho andar forte no andar de cima, provavelmente com pressa, os pássaros cacofoniar, os carros fazem seus motores zumbir.
Então a cama se mexeu e ele se deitou em meus braços de volta.

- Você e sempre muito fogoso ou ontem foi uma propaganda enganosa? - pergunto

Ele deu sorriso e beijou meu peitoral, em seguida esfregou o rosto nele como um cão que estivesse em busca de um afago, tirei uma das mãos da nuca e acariciei seu rosto, em seguida sua orelha.

- Você terá de descobrir - ele respondeu

- Hum... - resmunguei.

Houve um silêncio temporário, exceto pelo barulho lá fora.

- Por que isso parece tão errado? Me sinto como seu amante, ou que provoquei o término de um casamento para abocanhar o marido da minha amiga - falou ele

- Foi o que você fez - brinquei

Ele me sacudiu.

- Sério Joca - ele falou se sentando na cama com uma cara emburrada.

O olhei e o puxei de volta para os meus braços.

- Vai por mim eu também estou me culpando - falei calmo - Mas eu não sei... Não sinto que rompi para ficar contigo... Te sinto mais como uma conseqüência.

- Ah obrigado, você é muito motivador - debochou.

Eu era péssimo em me expressar as vezes.

- Uma consequência boa - falei e ele me deu um tapinha no peito.

Eu ri.

- E a gente Joca, minha cabeça está uma bagunça.

- Sabe, não quero entrar de cara num relacionamento agora, tampouco ficar sozinho, então podemos ficar juntos sei lá, transar sempre que sentirmos vontade sem culpa, não estamos mais agindo feito criminosos...

- Parece uma boa proposta.

- Pensa, podemos sei lá ter essa parada de amizade colorida sabe? Você pode vir aqui, veremos jogos, jogaremos um vídeo game, poderemos usar a quadra do condomínio que estou pensando em alugar um apê, jogar uma bolinha as quintas... Bater uma bronha em locais públicos - ele riu.

- E se rolar algo mais intenso, e se eu te amar... E te quiser por mais tempo?

- Então você me terá por mais tempo - falei baixinho.

- Mesmo?

- Ahã...

- Então eu já acho que amo - brincou ele rindo e eu também. - Acho que a Sabrina nunca irá me perdoar - ele falou baixo após o nosso silêncio.

- Ela já nos perdoou Andrey - falei angustiado - Ela perdoou a gente...

- Com será então daqui para frente?

- Talvez seremos amigos quando o coração dela se ajustar, e eu também pois ainda me dói sabe? Depois de tudo, me dói um pouquinho.

- Só uma questão de tempo - sussurrou ele.

- É amor - falei.

- Eu te adoro.

- Hunf - dei um riso confortável

- Você é ótimo na cama.

- Mesmo? Tipo a Sabrina falava que...

- Talvez você só não levasse jeito com mulheres.

Dei um riso.

- Porque nem parece que nunca chupou um pau antes, depois de ontem - falou ele.

- Confesso, acho que sempre tive um pouco de vontade - confessei.

- Eu vi...

Eu ri meio sem graça.

- Gostou?

- Sim foi incrível. - ele falou.

Estávamos duros embaixo do lençol, ele me tocava sutilmente enquanto conversávamos.

- Será que sua filha vai me odiar um dia? - ele disse quase sem voz.

- Acredito que não querido. - falei.

- Seu pau é tão bonito - ele espiou levantando o lençol aleatoriamente.

Eu ri.

- Parece o dono... - ele completou

- É? - perguntei.

- É.

Eu o abracei junto do meu corpo e o prendi com as pernas, e ele ficou quietinho. Ficamos quietinhos.

Talvez houvesse muito o que explorar ainda, coisas da qual eu iria aprender, perder a timidez e me ver melhor, essa era a minha meta, mas eu também fizera esse ano uma grande descoberta, eu descobri quem eu era.
Usar o termo gay foi algo difícil para mim aceitar, e depois que me vi um homem gay achando ter vivido uma vida toda sendo quem eu era antes. Um homem que acreditei ser e não era foi algo difícil.
Mas talvez aos poucos Andrey fosse me ensinando a ser quem eu realmente era aqui dentro. O importante é que eu estava em busca da minha felicidade e a minha felicidade não estava nem no Andrey, nem na Sabrina, e demorei a entender que ela estava em mim mesmo, em eu aceitar quem sou, e estar deitado com o homem que eu gostava era a maior, senão a melhor prova de que eu havia me encontrado.

Eu havia encontrado quem sou e recusei ser; então viado, gay, boiola, bixa são só termos para designar aquilo que é diferente, aquelas pessoas que também gostam de pessoas, mas que a sexualidade é não é igual aquela que o mundo heteronormativo prega.
Não há ofensas nas palavras, não há nada de errado com elas, e as vezes é difícil entender isso, as vezes basta apenas lidar com palavras que um dia diminuíam alguém, que se era ofensas... Sim muita das vezes elas ainda machucam, mas agora nós homossexuais sabemos que elas não são ofensas a não ser que encare como uma.

Ainda sou um pouco heteronormativo aqui dentro preciso aprender as coisas. Mas o básico eu já entendi: pessoas devem amar pessoas, não gênero ou opções, se todos respeitarem isso talvez um dia o mundo se torne um lugar melhor.

_______________Fim_________________

fala galerinha, espero que tenham gostado da leitura, e assim como o Joca tenham aprendido algo...
Para quem gosta de um clichê indico minha obra que está por aqui no Wtpd chamada: O universo tem nome.
https://my.w.tt/877a5zpVvX

Queria deixar uma nota que caso estejam com saudade a história
https://my.w.tt/Hi9NjGI0r4 (Amores e Motores se passa no mesmo universo dessa história aqui ) e inclusive há a aparição de Sabrina, Laura e Andrey anos depois do ocorrido.

Antes que AmanheçaOnde histórias criam vida. Descubra agora