Vida nova

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O restante da semana foi mais tranquilo do que eu podia imaginar, advogados visitaram nossa casa, se surpreenderam com concordância que eu e Sabrina tínhamos em relação a tudo. E processo de divórcio foi mais rápido do pensariamos que fosse, talvez em em algumas em algumas semanas a papelada toda seria resolvida eu ajeitava minhas coisas, era sábado, Sabrina me ajudava.

— Lembra dessa camisa? — ela disse a tirando do cabide.

— Eu a odeio — falei rindo

Ela riu também tivemos a mesma memória. Laura brincava no chão enquanto eu colocava as roupas na caixa.

— Mãe — ela disse com a voz fofa quase falha — Vou poder dormir com papai na casa nova dele?

— Claro que sim querida — disse.

— Mãe — indagou novamente — Você também vai?

Sabrina me olhou com um sorriso.

— Claro que sim, mas só as vezes.

— Pai — sussurrou ela — Vou ter dois aniversários?

— Aí você está querendo de mais macaquinha — falei rindo

Laura também riu. Ela entendeu o que eu disse.
A campainha tocou.

— Eu atendo — prontificou Sabrina.

Ela largou tudo e desceu. Terminava o serviço faltava apenas aquela caixa.

Eu dava distraído, não escutei vozes mas quando erguia cabeça Andrey entrava no quarto junto de Sabrina, ela entrou pegando Laura e saindo.

— Vamos arrumar o carro filha, deixa o papai e o tio Drey conversarem — ela apertou meu braço ao passar por mim me dando uma olhada por fim de retirou.

Fiquei todo sem graça, dei riso sem graça quando ela saiu e fechou a porta do quarto.

— Oi — disse Andrey em seguida

— Oi... O que, o que está acontecendo?

— Hã... Não sei acho que a Sabrina quer que a gente se acerte sei lá.

— Esteve aqui essa semana?

— Sim, você estava no — ele deu uma pausa abrindo a caixa já que eu estava com dificuldade para colocar as roupas dentro já que as dobradiças meio que não ajudavam — Trabalho.

— Ah sim... — falei meio acanhado.

Ele me olhava meio fissurado, então me dei conta do motivo eu estava sem camisa, e por um instante me senti totalmente nu ficando envergonhado em seguida.
Ele tentava disfarçar o olhar eu o constrangimento.

— Então tá indo para onde?

— Aluguei um flete, temporário — falei

— Entendi.

Estava um clima estranho entre nós, parecíamos dois estranhos.

— Olha... você quer sair comigo? — ele propôs. — Acho que deveríamos nos conhecer mais...

— Sair... Parece bom...

— Hoje a noite, eu te espero no meu bar.

— Certo... Certo... então já vou.

Ele se virou inda em direção a porta mas antes que ele pudesse abrir empurrei as pressas sutilmente a mesma. O olhei e ele me olhou surpreso.

— O que? — ele disse baixinho.

Me aproximei rapidamente o beijando. Um beijo onde só nossos lábios se encontraram, estávamos assustados, talvez inseguros. Ele nem se moveu.

— Te pego as 7 no bar — falei.

Ele ficou me olhando todo bobo em seguida saiu.
Eu fiquei me perguntando se eu estava fazendo a coisa certa.

Não demorou muito até que Sabrina aparecesse entrando no quarto enquanto eu já descia com a caixa, a esbarrei no corredor antes mesmo dela entrar no quarto.
Ela estava avermelhada, nariz olhos. Os cílios pareciam úmidos.

— Mamãe tavo choando papai — dedurou Laura em seu colo — Chorou perque um cisco caiu em seu olho sopa pa ela pai.

Laura quando falava rápido de mais embolava todas as palavras esquecendo de usar algumas letras. Mas eu entendi.
Coloquei a caixa no chão.

— Ei... O que foi?

Sabrina colocou Laura no chão que correu para o quarto feito um foguete atrás de seus brinquedos.

— Cuidado para não cair filha! — gritou Sabrina tentando disfarçar.

— Ei! — falei segurando o braço dela e ela me olhou com os olhos avermelhados. — Te fiz uma pergunta.

— Só... Me dói um pouquinho Joca — ela fungou o nariz — o bom é que você indo morar sozinho não vou ver cenas como esta...

— Ei... — falei a abraçando.

— Dói muito saber que estou te perdendo — ela sussurrou com a cabeça em meu peito. — Eu nunca mais quero sentir isso.

Eu me sentia arrependido as vezes. Mas sabia que era a coisa certa a se fazer.

— Me desculpa por tudo isso — sussurrei.

— Tá... Tudo bem, só... — ela riu forçadamente em meio a tristeza — Vai logo.

— Me expulsando?! — falei fingindo surpresa.

— Para mim não ter que chorar na sua frente... É ainda mais doloroso.

Dei um riso.

— Só falta essa caixa... — falei pegando a caixa.

Eu também chorava, pois estava sendo difícil para nós dois, mas talvez estivesse mais para ela do que para mim.
Mas entretanto agora eu estava prestes a começar uma vida nova sem fazer a mínima ideia de quanto tempo demora para cozinhar um ovo.
Tá legal brincadeira, eu sabia o suficiente para fazer as coisas.

No divórcio Sabrina ficou com o carro também, mas ela ia deixar eu com ele já que faríamos o mesmo trajeto, empresa, creche, casa, eu seria temporariamente seu chofer. Também ficou com a casa, não valia a pena entrar em uma briga judicial sabendo que havia uma criança no meio. E quanto a guarda da Laura, pedimos ao advogado que a audiência da mesma fosse irrelevante pois faríamos um acordo informal. Ele aconselhou o contrário mas por fim cedeu aos nossos pedidos.
Agora tudo estava na mesa. Tudo estava esclarecido. E agora eu parecia começar uma nova vida, me sentia um pouco ansioso. Um pouco agitado. Não sei. Tudo muito rápido.

Antes que AmanheçaOnde histórias criam vida. Descubra agora