Capítulo 3

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Coloquei meu despertador para tocar meia hora mais cedo. Depois do sufoco de ontem, preferi não brincar com a sorte de novo. Foi praticamente mais uma noite perdida. Não consegui dormir nada. Toda vez que eu fechava os olhos, aquela cena vinha na minha cabeça. Mas o que mais me deixou nervosa, foi lembrar daquele olhar. Eu estava ficando louca. - Como será meu dia hoje, meu Deus? – Bem, eu teria que levantar pra descobrir. Suspirei, bati as mãos na cama e levantei. Corri para o banheiro, e segui todo o meu ritual matinal. Primeiro: Banho. Ok. Segundo: Escolher uma roupa. Ok. Optei por um vestido que comprei no fim de semana, ou melhor, um dos... Só de lembrar me dá vontade de chorar. As consequências dessa loucura viriam na fatura do cartão no mês que vem e com certeza, eu iria chorar. – Eu devia fazer tratamento! – O vestido era um tubinho azul caneta na altura dos joelhos, sem manga, com a parte da frente e das costas fechadas, e do lado de cada perna tinha uma abertura de 10 centímetros. Terminei de me vestir e olhei o resultado no espelho. – Uau... Você está gostosa! – O vestido modelava cada uma das minhas curvas, deixando-me maravilhosa. E, para completar o look... Coloquei um maxi colar preto. Terceiro: Cabelo. Ok.Como eu tinha o cabelo comprido, fiz um coque bagunçado dando um ar descontraído ao look. Quarto: Maquiagem. Ok. Uma maquiagem leve destacando os olhos, com um pouco de blush e gloss. Quinto e último: Bolsa e Sapato. Ok. Bolsa preta e um scarpin da mesma cor com tachinhas na parte de trás. – Pronta Maite... Nota 10! Levei quarenta minutos para finalizar meu ritual. Peguei minhas coisas e fui para a empresa. Confesso que eu estava muito nervosa, mas precisava encarar aquilo de frente. Eu não podia perder essa oportunidade. É o trabalho que eu sempre quis, e com ótimas oportunidades decrescimento. Mas, já estava decidido. Eu entraria naquela empresa, como se nada tivesse acontecido. E, seria uma atriz digna de um Oscar. Eu consigo! Entrei no carro, liguei o som e me deixei levar pela música “Happy de Pharrell Williams”, porque é assim que eu me sinto. Feliz... Muito feliz! Consegui chegar à empresa as 8:10, quase chorando de emoção. Entrei no estacionamento cantando igual a uma louca, a música do meu amigo Pharrell, que eu repeti inúmeras vezes. Eu precisava daquilo, eu precisava deixar minha felicidade sair de dentro de mim. Fiquei mais feliz ainda, quando eu pude escolher minha vaga e estacionar com calma. Meu celular apitou com uma mensagem da louca da minha amiga Bela. - Aonde você está sua vaquinha? – Comecei a rir. Bela é louca e encantadora, não é atoa que seus pais lhe deram esse nome. Nos conhecemos na faculdade, e parecia que já nos conhecíamos a vida inteira. Foi amor de amizade à primeira vista. Naquele dia, decidimos que seríamos irmãs mesmo sendo de pais e mães diferentes. - Chegando ao trabalho amiga ingrata! :‘( - Own... Não brigue comigo, flor. Você sabe o quanto eu senti sua falta? - Digo o mesmo para você sua bandida. Já chegou de viagem? – Bela estava de férias pela Europa com a família, e chegaria essa semana. Nossa que saudade! - Cheguei... Preciso te ver! Te contar os babados, principalmente sobre os gatos europeus e te dar o seupresente. Quero te ver! Volto a trabalhar segunda-feira que vem. - Opa... Presente e gatos! Claro que aceito... Rs! Podemos marcar na sexta-feira agora? Comer algo e depois dançar? Essa é minha primeira semana de trabalho, e não quero sair do foco. - Claro. Quero saber de tudooooo! Tem algum gato nesse trabalho? Diz que simmmm! – Ah, se a Bela soubesse o gato que tem aqui, passaria mal. Do jeito que ela é, com certeza teria um enfarto. - Rs... Deixa de ser curiosa! Aqui é ótimo, mas vou te contar tudo na sexta. Vou vir trabalhar sem carro, e você passa aqui para me buscar. Combinado? - Combinado... Te amo, vaquinha! Me passa o endereço! Bjos! S2- Pode deixar! Tbm te amo, bandida! Bjos! S2 Entrei no elevador, rindo igual a uma boba e segurando o choro. Estava com muita saudade da Bela, das nossas brigas e risadas. As portas estavam fechando, quando se abriram de novo. Olhei para ver o que tinha acontecido e dei de cara com a visão do pecado. O Sr. William  entrou, parou ao meu lado e não disse nada. Apenas me olhou de cima em baixo. Continuei olhando para frente como se estivesse sozinha. Mas era impossível. A tensão no espaço pequeno começou a aumentar, e meu coração acelerou. Ele estava lindo, ou melhor, ele era o retrato da beleza em pessoa. Com um terno cinza completo, e uma gravata azul marinho. – Porra... Gravata azul? Isso só pode ser uma piada! – O cabelo estava molhado, e penteado de uma forma perfeita. Senti o cheiro do seu perfume. Loção de banho, misturado com um cheiro amadeirado. Um cheiro sensual... Cheiro de perdição! Meu termômetro interno gritou: Você tem duas opções... Sair desse elevador ou sair desse elevador agora! Torci para o elevador chegar logo ao meu andar. – Porque logo hoje? – Comecei a conversar comigo mesma, mas sem perceber acabei falando alto. Maldita mania! - Bom dia! A senhorita falou comigo? - Bo... Bom dia Sr. William ! Hã... Desculpe-me, acabei pensando alto. - Ele não disse nada, e continuou olhando para frente. - Por um acaso ontem, a senhorita não deveria ter levado alguns documentos na minha sala? –A vida só podia está brincando comigo. Eu queria gritar! - Ah... Não! Quero dizer... Sim! Os contratos. Os contratos dos investidores internacionais.  – Ele virou e se aproximou. - Então, porque será que eu não os recebi? – Porra... Ele estava brincando comigo. Só pode! Dei um passo para trás e abaixei a cabeça. – Olhe para mim, senhorita Perroni. - Mas, o Sr. disse que... Que... – Ele esticou o braço esquerdo e apertou um botão parando o elevador. – Porque ele parou o elevador? Merda... Merda! - O que foi que eu disse? – Levantei a cabeça, e ele me comia com seus lindos olhos penetrantes. Sem saber o que dizer, tentei desviar o olhar, mas não consegui. Ele me encarava de um jeito intenso. Respirei fundo, e abri a boca para responder a sua pergunta, o Sr. William  deu mais um passo em minha direção, me fazendo encostar na parede, colocando uma mão de cada lado do meu ombro. Abaixou e disse no meu ouvido. - O que foi que eu disse, Maite? – Fechei meus olhos, e saboreie sua voz. Meu nome em sua boca parecia doce e sexy. - O Sr. dis... Disse que não gosta que olhem nos seus olhos. Ele se afastou, passou a língua naqueles lábios maravilhosos ainda me encarando... – Aiii... Que vontade de morder! – Abaixou mais uma vez e quando eu pensei que ele fosse falar mais alguma coisa no meu ouvido. Passou o nariz no meu pescoço, me forçando a dar total acesso a ele. Tremi e meu corpo se acendeu. - Porra... Como é cheirosa! – Rosnou. Sua atitude me deixou quente. Eu queria gritar, fugir... Não, não... Eu queria agarrá-lo, mas eu não podia. Ele era o presidente da empresa. - Se eu te disser que você está certa, Maite... Mas que existem outras formas de se comunicar sem olhar nos olhos, o que você diria? – Voltou a falar no meu ouvido, mas dessa vez sua voz estava rouca. - Eu... Eu não sei, eu nunca fiz isso. – Foi só a única coisa que eu consegui dizer, estava queimando por dentro.O Sr. William  colocou a mão direita na minha cintura, e ficou com a boca a centímetros da minha. Com isso acabei ficando mais presa contra a parede, mas dessa vez... Senti algo duro na minha barriga... – Nossa eu não posso acreditar, estou sentindo o caminho do pecado. – Ele era simplesmente lindo dos pés a cabeça, eu nunca tinha visto um homem assim. De forma involuntária eu gemi e fiz pressão contra seu pau duro na minha barriga. Senti que com esse movimento ele apertou ainda mais a minha cintura, me deixando completamente louca de tesão. Roçou os lábios nos meus, me dando uma prova do seu gosto. Se ele continuasse assim, eu não responderia por mim. Uma voz saiu no elevador me dando um susto. Tentei me afastar, mas ele não deixou. Segurou-me com mais força pela cintura. - Sr. William , bom dia! Está tudo bem?  - Era o pessoal da segurança do prédio. - Sim, está tudo bem. – Ele respondeu com toda calma do mundo. – Fui forçado a parar o elevador para procurar um documento na minha pasta, mas já localizei. – Que pasta? Não tem nenhuma. Mentiroso! - Ok. Desculpe incomodá-lo! Um ótimo dia para o Senhor. Qualquer problema nos avise. - Sim. O Sr. William  passou o nariz no meu pescoço mais uma vez, e se afastou. Deixando-me com a respiração ofegante. Ajeitou o terno, e apertou um botão vermelho fazendo o elevador voltar a funcionar. Chegando ao meu andar, eu estava completamente excitada e confusa, e ele não me olhava. Estava agindo como se nada tivesse acontecido. As portas se abriram e como eu não me mexia, ele disse sem me encarar. - A senhorita ficará aí, ou irá cumprir com o seu dever e fazer por merecer o seu cargo? – Como é que é? Respire fundo Maite ... Respire fundo para não dar um soco na cara dele. Ajeitei-me e saí do elevador sem olhar para trás. - Senhorita Perroni ? – Ótimo... Agora eu voltei a ser a senhorita Perroni. - Sim. - Estou esperando os meus contratos... Na minha sala. – Disse com uma voz firme e sedutora.Fiquei olhando as portas do elevador se fecharem de boca aberta e sem acreditar. Bati meus pés como uma criança de 9 anos e bufei. Eu estava muito excitada e com raiva. - Respire, Maite ... Respire! *** As 9:00 as pessoas começaram a chegar, e todos que passavam por mim me davam bom dia. Levantei e fui à lanchonete. Eu precisava de um café com chantilly e um croissant de queijo com presunto. Depois do que eu passei, só queria comer algo gostoso e cheio de calorias. Chegando lá, encontrei com Allan sentado em uma mesa com Karen e Luciana, duas meninas que eu havia conhecido no almoço de ontem. Fui convidada a me juntar a eles, e não pensei duas vezes. Eu queria me socializar e conhecer melhor as pessoas. - Bom dia, Maite ! – Disse Luciana. - Vem... Senta aqui! Vamos fofocar! – Foi a vez da Karen dizer, e todos riram. - Bom dia, olhos de mel! – Allan abriu um sorriso para mim, deixando-me corada. - Por que olhos de jabuticaba ? – Luciana perguntou e me olhou. – Nossa, Maite ... Você está brincando comigo? - Por quê? O que foi que eu fiz? - Não basta ser linda desse jeito, e pra me deixar depressiva ainda tem esses olhos? Caramba! Acho que dessa vez eu estavamais que corada e todos começaram a rir. Continuamos conversando, e cada vez que eu os conhecia mais, eu adorava. Todos eram muito divertidos. Terminamos o nosso café em vinte minutos, e voltamos para nossas funções. Sentei e recebi uma mensagem da Susan pelo sistema interno de conversas da empresa chamado Lync: - Maite ... Preciso que venha a minha sala! Será que é problema? - Sim... Em cinco minutos estou aí! - Ok. Levantei-me e fui até a sala de Susan. Chegando a porta, bati e perguntei se poderia entrar.- Susan... Posso entrar? - Entre, Maite , por favor! Susan me recebeu com um sorriso. Acredito que até aqui, estou bem. - Bom dia, Susan! - Bom dia! Tudo bem? - Sim. - Maite , conseguiu receber os contratos ontem? – Merda! - Sim. - Acabei de receber uma ligação do William  e ele me informou que houve um imprevisto, e não pôde ficar para receber os contratos. – O que? Sério que ele falou isso? Canalha!- Sim. – Porra, Maite ! Pare de responder, só “sim”! – Meu termômetro interno gritou para mim. – Assim que recebi os contratos, fui até o andar do Sr. William  para lhe entregar, e como vi que não tinha ninguém achei melhor não deixar na mesa da secretária dele. Fiz mal? - Não... Pelo contrário, você fez muito bem. Mas preciso que você leve esses contratos para ele agora. Hoje temos uma reunião com esses investidores para falar dos seus projetos no Brasil, e o William  precisa analisa-los. - Claro! - Inclusive, enviei um e-mail para você solicitando uma apresentação com levantamento de dados e custos de publicidade dos últimos três anos com outros parceiros para apresentarmos nessa reunião. Se conseguirmos fechar contrato com a “Tecnology of World” para fazer sua divulgação, a Levy Group Corporation crescerá ainda mais. - Quanto tempo eu tenho? - Exatamente quatro horas. Nossa reunião é as 14:00. - Oh... Tudo bem! - Você consegue! Corri para minha mesa e comecei a fazer minhas anotações no meu bloquinho de “não esquecimento”.  1 – Levar os contratos na sala do Sr. William . – Espero não desmaiar.         
2 – Fazer a apresentação para Susan.
3 – Comer um sanduíche.
4 – Entregar a apresentação dentro do prazo. - Calma... Você consegue! Terminei minhas anotações, peguei os contratos e fui com tudo para o vigésimo quinto andar. Chegando ao andar do Sr. William , dei de cara com sua secretária que assim que me viu, se levantou e sorriu. Fiquei parada por um tempo admirando sua beleza. Negra, alta, linda e de presença. – Uau... Ela deveria ser modelo! – Sorri, e me encaminhei para ela. - Bom dia! Maite Perroni . - Bom dia! Marta Araújo. Posso ajudá-la? - Eu vim trazer uns documentos para o Sr. William  a pedido da Susan.- Ah, Claro! Ele está aguardando. Espero que você tenha sorte, hoje ele não está nos seus melhores dias. – E deu um sorriso. Meu estômago embrulhou, e forcei um sorriso. - Espero que não sobre pra mim. - Vou avisá-lo que você chegou. Um segundo! – Marta pegou o telefone e ligou. - Sr. William , a senhorita Maite  está aqui com a documentação solicitada. Sim... Está certo! – Desligou e me pediu que entrasse. – Boa sorte! – E deu uma piscada. - Obrigada! – Devolvi sua piscada e rimos. Que gente boa! Bati duas vezes antes de entrar. Entrei, fechei a porta e me virei. A visão que eu tive meu deixou tão excitada, que deixei os contratos caírem das minhas mãos. Não acredito!

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