Capitulo 32

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Hoje eu tenho duas reuniões importantes e não posso deixar de comparecer a empresa. Eu estou cansado e puto, na verdade o cansaço é o de menos, puto seria a melhor palavra para me definir.
Durante a noite, tive que deixar minha princesa dormindo sozinha. Recebi uma ligação de Phillip informando que teríamos que viajar para Espanha e Canadá, e com isso ficaríamos uma semana fora. Quando Maite sofreu essa ameaça, fiquei tão desesperado que não saí do lado dela um minuto sequer, e acabei ficando ausente da empresa por uns dias.
Não pude participar de algumas reuniões, onde uma delas foi decisiva. Como Maite vinha em primeiro lugar, deixei que Phillip conduzisse via vídeo conferência com Ryan e Zac meu diretor de RH.
– Meu primo é meu braço direito e meu melhor amigo,com total capacidade para resolver situações difíceis na minha ausência, afinal de contas ele é um Levy.
– Ryan conseguiu junto com sua equipe descobrir todos os colaboradores que estão repassando informações da empresa para Fernando Hunter. O pior não seria a porra do trabalho que eu teria em demitir algumas maçãs podres, até porque demissões nunca foram um problema para mim com pessoas desonestas. Pelo contrário, era um prazer participar do processo de desligamento de cada um.
– Em casos como esse, eu fazia questão de usar meu conhecimento para jogar o nome dessas pessoas na lama. Pessoas desonestas comigo, só erram uma vez. – Porém, o meu maior problema seria deixar Maite sozinha durante uma semana.
Sei muito bem que ela já é adulta e tem uma família para cuidar dela, mas não é a mesma coisa. Toda vez que Maite fica muito tempo fora do meu campo de visão, ela apronta.
E, eu não quero brincar com a sorte, enquanto o desgraçado que fez isso com ela e com meu pai, não tiver sofrido o mesmo ou pior.Cheguei ao hospital, passei na recepção para acertar o que era necessário e peguei o elevador para ver minha princesa. Nesse caso, tive um problema sério com o Sr. Francisco. Como pai, ele queria arcar com todas as despesas e eu não permiti. Era meu dever cuidar de tudo, e mesmo que não fosse eu faria da mesma forma. Antes de entrar no quarto, parei para conversar com Ventura. Max Ventura é o segurança responsável pela segurança de Maite .
Aceitei contratá-lo por vários motivos, mas o principal foi por ele ser amigo de Claudio.
- Bom dia, Ventura! Tudo bem por aqui?
- Bom dia, Sr. Levy! Tudo certo.
A senhorita Gusmão chegou faz dez minutos com o Sr. Phillip, e estão lá dentro com a senhorita Perroni .
- Ventura! – Cumprimentou Claudio, que recebeu um aceno de cabeça como resposta.- Ok. Qualquer coisa que precisar, não hesite em me avisar ou ao Claudio. Como você sabe, hoje Maite recebeu alta médica, e eu terei que viajar e ficarei uma semana fora. Não quero que você e nem ninguém da sua equipe, deixem Maite sozinha. Isso não é um pedido, é uma ordem.
– Ventura concordou com a cabeça, sem dizer uma palavra.
– E, só permitam visita-la quem estiver na lista que será entregue a você mais tarde.
– Maite ainda não sabia, mas a partir de hoje, enquanto essa merda não acabar, tudo relacionado a ela será restrito. Já sinto dor de cabeça só de imaginar o que ela vai fazer.
– Entendido? - Sim, senhor.
– Pelas coisas que Claudio me contou, Max Ventura é um profissional focado, duro na queda e muito sério quando recebe uma missão, como ele gosta de chamar. Eu não iria me arrepender de contrata-lo e nem a sua equipe. Vindo de Claudio, eu confiava de olhos fechados.Entrei no quarto, e não acreditei no que meus olhos me mostravam. Maite estava sentada na cama com as pernas dobradas em borboleta, com a boca e os dedos da mão direita sujos de chocolate, uma garrafinha de 600ml de Coca-Cola na mão esquerda e com uma vasilha cheia de fatias de bolo de chocolate na sua frente. Enquanto, Bela arrumava as coisas dela e Phillip observava encostado na parede perto da janela rindo da situação. Pisquei algumas vezes tentando me controlar.
Maite não tinha limites, principalmente quando estava com Bela. Cruzei meus braços e fiquei observando como ela sentia prazer com coisas tão simples. Lambia os dedos delicados e gemia de prazer com os olhos fechados. Por um segundo, me esqueci de tudo e me permiti sentir a paz que era ter minha princesa... Viva, bem e se recuperando. Eu amava loucamente essa mulher. Passei a mão no cabelo e olhei para meu primo, que rapidamente levantou as mãos em sua defesa.
- Não tenho culpa, cara!
- Não? – Questionei.
- Não. – Disse rindo.
– Como você quer que eu lide com as duas, sozinho? Maite abriu os olhos, e quando me viu abriu um lindo sorriso. Bela parou o que estava fazendo e me encarou se preparando para entrar em uma briga pela amiga. - Olha, William ... – Falou devagar.
– ... Não precisa ficar nervoso. Você disse quando ela estivesse liberada, certo? – Não respondi e continuei olhando para ela.
– Pare de me olhar dessa forma. Todos dessa família são assim? Pelo amor de Deus! É só um pedaço gostoso de bolo e uma Coca geladinha.
– Bateu o pé e cruzou os braços.
- Meu amor...
– Foi a vez da minha princesa.
– Não fique aborrecido. Bela só está fazendo uma caridade.
– Olhou para a amiga e as duas riram cúmplices. – Vem comer um pedaço do bolo de chocolate da tia Luisa.
Está delicioso!- Ah, sim! Minha mãe arrasa na cozinha, principalmente nos doces. – Bela pegou um pedaço, e foi na direção de Phil que a esperava na porta com um olhar apaixonado. Será que eu também ficava assim com Maite? Provavelmente.
Respirei fundo e balancei a cabeça, não vou brigar. Ela está tão feliz que não vale a pena tirar isso dela por causa de um doce. Me aproximei, e lhe dei um beijo na testa.
- Tudo bem? – Maite me olhou com seus lindos olhos cor de jabuticaba .
- Melhor agora, com meu Sr. Perdição aqui comigo.
– Parou de falar e me olhou séria.
- O que foi? – Perguntei preocupado.
– Está sentindo dor? - Não. Só fico me perguntando como você consegue ser tão gostoso, principalmente quando está de terno. Adoraria ser castigada por estar enchendo a cara de besteira. – Sorriu e lambeu os dedos.
Não aguentei e dei uma gargalhada da sua carinha de sapeca.
- O que eu vou fazer com você, sua safadinha?
– Segurei seu rosto entre minhas mãos e a beijei.
– A gostosa aqui é você. Já estou com meu pau duro e ansioso pra te foder gostoso.
– Falei bem perto da sua boca, e recebi seu gemido como resposta. Esse era o efeito que ela causava em mim. Um simples beijo deixava meu corpo sedento por ela.
- Uhum... Então, porque não fode?
– Ri baixinho esfregando meu nariz no dela. - Ah... Minha princesa! É o que eu mais quero, mas infelizmente tenho uma reunião daqui à uma hora e não posso deixar de ir.
– Maite cruzou os braços e fechou a cara. Passei meu polegar nas marquinhas que se formaram no meio da sua testa e sorri.
– Não me olhe assim, você sabe que essas reuniões de hoje são importantes para o grupo. Precisamos desses contratos.
- Eu sei. Mas, eu achei que você pudesse ficar um pouco comigo antes de ir trabalhar.
– Disse manhosa.
- Eu adoraria, meu amor!
– Beijei o canto da sua boca lambendo um pouco de chocolate.
– Mas, tenho que trabalhar. Preciso que você colabore comigo, ok?
– Lambi o restante de chocolate que tinha em sua boca.
- Ok. – Disse respirando fundo.
– A verdade é que eu ainda estou chateada de não poder participar.
- Vem cá! – Segurei na sua cintura e a puxei para a beirada da cama, ficando entre suas pernas.
– Sei que já falei isso, mas vou repetir. Por mais que fique chateada, sua saúde em primeiro lugar, e isso não tem discussão. Quero que vá pra casa e aproveite esses dias que o médico lhe deu. Não se preocupe com Susan e nem com o trabalho, isso eu resolvo.
– Segurei em seu rosto e levantei para que eu pudesse ver seus olhos. Maite estava muito triste, eu sabia e entendia isso.
– Aproveite pra dormir até tarde, leia um bom livro...
- Do que adianta fazer tudo isso, se você não vai estar comigo?
– Me cortou. - Como assim?
– Franzi o cenho.
- William , eu sei que você terá que viajar.
– Falou desviando o olhar do meu.
– Eu entendo, de verdade. E, antes que você culpe Phillip, ele não disse nada. Ontem, quando você me deixou dormindo, porque o celular não parava de tocar, eu ouvi quando você falou o nome dele. Quando Phillip chegou aqui, a primeira coisa que fiz, foi perguntar sobre isso e ele disse que vocês teriam que viajar para resolver alguns problemas nas filiais do Canadá e Espanha. Segurei em seu rosto novamente e fiz ela me olhar.
- Você acha que eu estou feliz com isso?
- Não, acho que não. - Ótimo, porque eu não estou. São negócios, minha princesa. E, eu preciso resolver.
- Eu sei, só quero te curtir um pouco mais. - Olha... Hoje, assim que acabar a minha última reunião, vou direto para seu apartamento ficar com você e cuidar de você.
– Passei meu polegar pelo seu lábio inferior e lhe dei um beijo casto.
– Tudo bem? - Tudo.
– Não estava nada bem. Maite é transparente demais, e apesar do pouco tempo que estamos juntos eu a conheço mais do que a mim mesmo. Beijei sua testa e depois sua boca, deixando ela sentir através do meu beijo o quanto eu a amava.
- William , posso falar uma coisa?
– Disse passando a mão na minha gravata.
- Claro.
- Estou feliz por você.
- Feliz por mim? Como assim?
– Perguntei confuso. - Percebi que não sou a única que você tem olhado nos olhos, e isso me deixa muito feliz. É uma conquista pra mim, mesmo sem entender o motivo dessa regra e até mesmo a distância que você coloca entre você e as pessoas. Abri a boca umas duas vezes para responder, e não consegui.
De onde Maite tirou isso? Tentei me afastar, mas ela me segurou prendendo as pernas nas minhas e abraçando minha cintura.
- Hey... Não precisa agir assim! Está tudo bem? – Disse preocupada.
- Sim, eu estou bem. – Falei sério.
– Só estou preocupado que você tenha batido a cabeça com muita força, e esteja vendo coisas demais.
Para minha surpresa, Maite  riu e me abraçou mais forte. Fiz o mesmo e ficamos assim, até que ela disse:
- Tudo no seu tempo. Saiu da cama, beijou meu nariz e entrou no banheiro, me deixando assustado. Como assim “tudo no seu tempo”? Não quero que minha regra seja quebrada. Não mesmo... Ou quero? Porra... O que Maite está fazendo comigo?

***
Após deixar minha princesa em casa e ter conferido tudo, tendo a certeza que ela ficaria bem, vim para o escritório e me foquei nos relatórios feito por ela e Allan, e na apresentação feita pela área de marketing. Eu tinha certeza que conseguiríamos fechar os contratos, e por esse motivo eu gostaria que Maite estivesse aqui. Durante a análise dos documentos, recebi uma ligação de Marta me informando que Susan estava na recepção, e gostaria de falar comigo. Pedi que a mandasse entrar.
- Bom dia, Susan! - Bom dia, William ! Susan é uma profissional excelente, dedicada, competente, determinada e com espírito de liderança, uma das características que meu pai mais admira em um profissional. Susan foi uma das primeiras profissionais contratadas aqui no Brasil, iniciando como estagiária. Batalhou com toda equipe, fazendo com que a empresa ganhasse nome e espaço no mercado brasileiro, e com isso se tornou parte do corpo diretivo e de confiança. Meu pai tem um tremendo respeito por ela e por seu trabalho, assim como eu.
- Como foi o workshop em Nova York? Gostou?
- Como sempre maravilhoso, principalmente o de “planejamento e gestão no mercado publicitário”, tudo incrível. Obrigada.
- Não me agradeça. Sei que você gosta de participar e estar por dentro da evolução no nosso mercado, por isso achei importante sua presença. Susan pensou por um momento e sorriu de forma encantadora. Sua marca registrada. - Quais as novidades?
– Senti certa empolgação em sua voz. - Aonde você quer chegar?
- Quem é ela, William ?
– Susan me pegou de surpresa.
- Não sei do que você está falando.
– Tentei disfarçar. - William , te conheço há dez anos e nunca vi William Levy com cara de apaixonado. Muito menos, olhando diretamente pra alguém.
– Disse a última frase sussurrando, como se estivesse compartilhando um segredo absurdo.
Que porra é essa? Primeiro foi Maite e agora Susan? Me mexi desconfortável na cadeira.
- Acho que você estourou seu cartão de crédito na Wall Street, e isso está mexendo com sua cabeça.
– Falei indiferente, segurando minha caneta nos dedos e girando de um lado para o outro.
- Ok. Vamos fazer o seu jogo. – Cruzou os braços e sorriu. Susan era uma ótima jogadora, e com o passar dos anos se tornou uma ótima amiga.
– Vim aqui por dois motivos. O primeiro é pra saber como Maite e Allan se saíram na minha ausência.
– Entrou no seu modo profissional e eu fiz o mesmo. - Confesso que fiquei surpreso. – Resolvi ser sincero.
– Os dois são ótimos trabalhando juntos. Sabem trabalhar como equipe, se ajudando e se respeitando. Os relatórios e apresentações feitos por eles foram fundamentais nas nossas reuniões. Você está de parabéns,soube escolher muito bem seus representantes. Não é atoa que meu pai diz que você tem faro para novos líderes.
- Nossa! – Falou surpresa.
– Isso é maravilhoso de se ouvir, William . Acredito muito no potencial dos dois, e tenho certeza que eles irão longe. Ambos são determinados, querem crescer e aprender. Precisamos de gente assim William , que apesar de lutar pelo seu espaço na empresa saibam trabalhar em equipe.
- Concordo. Por isso, eu gostaria de investir mais nesses colaboradores, e incentivar aos que ainda estão perdidos ou desmotivados. Dar uma direção, algo em que eles possam se apegar e desenvolver com maior facilidade. Treinamentos, oportunidades e até mesmo bônus. O que acha?
- Acho incrível! – Disse empolgada. Susan adorava esse tipo de coisa, e sempre dizia que uma das coisas que a manteve na empresa, foi ter oportunidade de expressar suas opiniões.- Sei que nossa empresa já tem uma política assim, mas eu quero melhorar ainda mais. Inovar. Quero mostrar pra esses colaboradores que a Levy Group Corporation não é apenas uma empresa, é a empresa. Que eles são valorizados pelo que fazem. Olhei para Susan e ela sorria de forma afetuosa.
- Seu pai ficaria muito orgulhoso de você, William . Ele sempre falou que o dia em que você tivesse que assumir “o sonho” dele, você nunca o decepcionaria.
Ele estava certo.
– Agora ela estava emocionada.

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