Capítulo 36

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Passamos o fim de semana sem uma briga e nos amando em cada canto do meu apartamento. Não me lembro de ter usado roupa ou do que eu comi. Só me lembro de ser amada e mimada por ele. Hoje seria o meu retorno ao trabalho, e eu estava super animada. Diferente de William que estava muito sério e distante. Era como se ele tivesse vestido uma máscara fria e sem emoção. Chegamos a empresa e eu desci pela frente, enquanto William  preferiu descer pelo estacionamento. Passei distribuindo sorrisos e bom dia para todos. Assim que cheguei, fiquei emocionada com as flores, bilhetes e bolões infláveis das fadas na minha mesa. – os balões das fadas era coisa da minha mãe e da minha pequena Mari.  – Liguei meu computador e fiquei radiante com a quantidade de trabalho que eu teria que resolver. Combinei de almoçar com meus amigos as 12:00. Agora eu só queria trabalhar, mas Lú como era preocupada com todos como se fosse uma mãe, trouxe pra mim um café com chantilly e um crossaint de queijo com presunto. Meu café preferido da lanchonete. As dez eu estava com tanta saudade de William , que decidi surpreende-lo e aliviar um pouco da preocupação que ele carregava. Corri para o elevador como uma criança, e apertei o vigésimo quinto andar. Quando coloquei o pé para fora, meu sorriso sumiu. Marta estava com a mão na boca e assustada. Segui seu olhar e fiquei chocada. Karen estava sendo algemada pela polícia, e Susan estava com a mão na cabeça, enquanto Phillip estava com os braços cruzados e William? William era a raiva em pessoa. Busquei seu olhar e nele eu entendi oque tudo aquilo significava. A decepção e raiva me atingiram com tudo. Uma pessoa que eu tive um carinho enorme, havia me machucado. Quando me dei conta, eu já estava parada na frente dela com William me segurando pela cintura. - Por que, Karen? – Meu corpo tremia. Ela não disse nada, abaixou a cabeça escondendo o rosto de mim. - Olha pra mim! – Um soluço escapou de mim. – Eu quero saber, por quê? Porra! – Gritei aos prantos.

(William Levy)

O que significa inevitável? De acordo com o dicionário é o que não se pode evitar, impedir. E, é exatamente o que eu sinto por Maite. Um amor inevitável. Uma semana longe dela foi como se meus dias voltassem à escuridão, cobertos de dor e ódio. Minha vida é como um iceberg. Minha princesa é a luz, a ponta aonde eu tento me agarrar para não afundar e o meu passado é a parte submersa me puxando para baixo e me lembrando a todo o momento que por mais que eu tente a felicidade nunca será dada a mim. – Deitado com ela em meus braços e com suas pernas entrelaçadas as minhas, curto o seu cheiro doce e inebriante, a maciez da sua pele, o jeito despreocupado como ela dorme e a paz que ela me traz. O desespero tenta me consumir, mas não permito. Não hoje, não agora.Durante o percurso até a empresa, Maite não parou de me olhar. Eu sabia que aquela cabecinha estava cheia de perguntas e preocupação. E pela quantidade de vezes que ela se mexeu, estava impaciente para descobrir o porquê da minha mudança e da minha distância. – Minha princesa estava tão empolgada com o seu retorno ao trabalho e em rever seus amigos, que eu não tive coragem de lhe atirar uma pedra dizendo que um deles a machucou. Que Karen Morais atentou contra sua vida, sem um pingo de respeito e compaixão. – Claudio parou o carro em frente à empresa para Maite descer. Mas antes, ela segurou no meu rosto e me deu um beijo delicado, sussurrando na minha boca que me amava. Meu coração acelerou e meu amigo de foda deu sinal de vida. Até se comportando de forma inocente, Maite fodia com meu juízo. Acariciei sua bochecha, retribuindo seu gesto.- Te amo, minha princesa! Nunca duvide disso. – Independente do que acontecesse daqui para frente, eu precisava ter a certeza que Maite nunca duvidaria do meu amor. Por um segundo ela ficou séria, mas logo me presenteou com seu lindo sorriso de menina. - Não duvido, meu amor! – Beijou meu nariz, e saiu correndo do carro. Desci no estacionamento as pressas e entrei no elevador. Eu precisava verificar com Phillip se ele havia conseguido juntar todas as provas necessárias para iniciarmos o nosso plano. Desde que eu descobri que Karen Morais foi a responsável por enviar as ameaças ao meu pai e a minha princesa bem de baixo do meu nariz, tenho agradecido a Deus por ela não ter cruzado o meu caminho naquele dia. Provavelmente, eu teria cometido um crime, sem volta e sem remorso. Com a cabeça mais calma, entendi que Karen era apenas mais uma marionete nas mãos de Fernando Hunter. Aquele desgraçado sabia que eu descobriria o responsável e como sempre, limpou seu rastro tirando o corpo fora por ser uma pessoa fria e calculista, usando Karen para me distrair. Porém, nossa diferença é que eu sou um estrategista, e sempre fico um passo a sua frente. Enquanto, ele como um mau perdedor, sempre desce baixo para alcançar seus objetivos e me atingir. Só que dessa vez ele foi longe demais, e toda atitude tem uma consequência, e a dele está a caminho. Entrei no meu escritório, e pedi a Marta para ligar para Maite e Phillip. Eu precisava dos dois em minha sala imediatamente, antes de eu acionar a área jurídica da empresa para dar o meu primeiro passo. - Marta, bom dia! - Bom dia! - Ligue para Phillip e Susan e peça para que venham ao meu escritório imediatamente. – Falei sem olhar para ela. - Sim, senhor! – Já faz um ano que trabalho com Marta, e uma das coisas que mais admiro nela além da sua esperteza, é sua eficiência. Antes mesmo de eu me acomodar, Phillip entrou no escritório segurando uma pasta e com ar sério e sombrio, típico da família Wilson. Sentou na minha frente, e me empurrou a pasta que deslizou até parar em minhas mãos. - Acabei de falar com o Claudio, e ele me informou que a polícia já está avisada sobre a situação. Tem certeza que prefere fazer isso, William? Não acha melhor deixar a polícia tomar conta disso? - Não, Phillip! Não se preocupe tanto. - Porra... Como não me preocupar? – Disse nervoso e levantou. – Eu te conheço. Você está muito calmo e isso me deixa nervoso. Temos provas suficientes para colocar Karen atrás das grades, mas ainda não terminamos o dossiê contra Fernando. Enquanto isso, temos que entrar no jogo dele e continuar levando esse disfarce de merda até ter tudo que precisamos. A porra da confissão das fraudes dele contra a empresa, seu pai e você. - Eu sei. – A verdade é que quando essa merda era somente entre mim e Fernando, eu estava pouco me lixando. Mas agora, as pessoas que eu amo estão sendo atingidas. Estou com medo, mas não posso demonstrar. Phillip está nisso comigo, desde o início, mas nunca tinha se afundado tanto como agora. Não posso demonstrar fraqueza permitindo que ele se afunde ainda mais. – Se continuarmos nesse caminho, vamos atingir o nosso objetivo. Hoje, a prisão da Karen será um aviso para ele. - Ok. Você está certo! – Passou a mão no rosto e voltou a se sentar. – Ryan preparou as câmeras e os áudios na sua sala de reunião? - Sim. – Respostas rápidas e curtas costumam ser a melhor opção para acalmar Phillip Levy quando ele está nervoso. O pior ele não sabe. Meu pai e Maite, não eram os únicos com segurança vinte e quatro horas por dia. Ele e minha tia Mary também estavam sendo protegidos. - Ótimo! Cadê a Susan? - Acabei de chegar! O que está acontecendo? Susan entrou no meu escritório assustada, cumprimentou Phil com um abraço e ficou me olhando. Pedi que ela se sentasse e contei tudo o que estava acontecendo, omitindo o envolvimento de Fernando, pois ainda não era o momento para todos saberem. Após contar tudo o que estava acontecendo, pedi que Phillip ficasse com Susan do lado de fora da sala de reunião por dois motivos. Primeiro para que eu pudesse falarmelhor com Karen sem me preocupar em esconder algumas informações de Susan, que por sinal ficou muito triste com tudo que ficou sabendo. E segundo, porque eu precisava que ele recebesse a polícia quando eles chegassem junto com Claudio. Minutos depois, Karen entrou na sala de reunião com um sorriso no rosto, porém tensa.
- Sr. William, bom dia! - Sente-se, Karen! – Apontei para a cadeira a sua frente. - Aconteceu alguma coisa? – Perguntou receosa. - Você acha que aconteceu? – Apoiei meus cotovelos na mesa, e juntei minhas mãos uma na outra cruzando meus dedos. - Sim... Quero dizer, não sei! Pergunto, porque Marta me ligou me pedindo para vir imediatamente. Achei que Susan estaria aqui. – Pedi que Susan e Phillip ficassem no meu escritório,pois eu não queria que Karen desconfiasse de nada. - Bem... Vou responder sua pergunta, com outra pergunta. – Apertei meus dedos uns nos outros deixando os nós brancos para controlar minha raiva. – Qual é a sensação de ameaçar pessoas inocentes e quase tirar a vida de um delas? Karen ficou pálida e tenho certeza que se ela pudesse, sairia correndo. - Eu... Eu não sei do que o senhor está falando. – Disse passando as mãos que tremiam pelo cabelo, tentando se acalmar. - Tem certeza, Karen? Não gosto que duvidem da minha inteligência. - Eu não estou duvidando. Eu juro! – Sua voz saiu baixa. Sorri de forma sarcástica com sua resposta, me levantei e lentamente fui caminhando em sua direção. Karen arregalou os olhos e segurou com força nos braços da cadeira. - Você sabe que eu tenho três regras, certo? – Ela balançou a cabeça concordando. – Ótimo, estamos evoluindo! – Parei ao seu lado me apoiando na mesa. – Então, me diga?! Qual é a principal delas? Karen me olhou confusa, mas rapidamente respondeu a minha pergunta. - Nunca olhar nos seus olhos. – Disse sussurrando. - Resposta certa. – Dei uma pausa olhando dentro dos seus olhos. – Vou perguntar pela segunda e última vez, e quero que me responda olhando dentro dos meus olhos. – Sua respiração acelerou, fazendo seu peito subir e descer. – Porque você ameaçou duas pessoas inocentes e quase tirou a vida de uma delas?– Falei entre dentes.Se antes Karen estava pálida, agora tenho certeza que seria o melhor momento para chamar um médico. Eu estou pouco me fodendo com isso. Só quero que ela me responda logo. Preciso sair de perto dela, antes que eu faça uma besteira. - Eu... Eu não... - Pense bem no que irá responder, Karen... – Ameacei. – ... Tenho certeza que você não gostaria de descobrir o que sou capaz de fazer, quando me subestimam. Seus olhos gritavam de medo e desespero. Sem que eu esperasse, ela levou suas mãos ao rosto e caiu em prantos. Franzi a testa e analisei sua postura e seu comportamento para descobrir se não era alguma armação dela. Esperei por um tempo, até que ela tirou as mãos do rosto e com isso eu pude ver o seu arrependimento. Porém, não sou um homem que sabe perdoar, aindamais quando machucam as pessoas que eu amo. - Não teste minha paciência, Karen. – Seu comportamento estava me irritando - Me... Me perdoa! - Perdoar? – Segurei na mesa com mais força, sentindo os nós dos meus dedos doerem. – Eu ainda não tive uma resposta Karen. Não vou perguntar de novo. - Eu... Eu fiz por amor! Tá legal? – Gritou e levantou. – Ele me pediu uma prova de amor e eu lhe dei. – Começou a andar de um lado para o outro, passando as mãos no rosto e no cabelo. – Eu sei que foi errado, eu sei. Mas... Como eu poderia negar isso a ele? - Ele quem, Karen? – Eu precisava a todo custo faze-la falar o nome de Fernando.- Não posso falar. Ele... Ele não me perdoaria. – Parou de andar e me olhou perdida. – Eu o amo, você consegue entender? Sei que Karen tem culpa pelas suas atitudes, e só Deus sabe o esforço que tenho feito para não estragar tudo. Mas, o que me deixa transtornado é ver o quanto Fernando é sujo e desprezível. Karen está completamente perdida por um amor que nunca existiu e nunca existirá. Não com aquele bastardo. - Não, não consigo! Que amor é esse? O amor que te abandona quando você mais precisa? Isso não é amor. - Você está enganado! – Disse com raiva. – Ele nunca faria isso! - Ah... Não? – Levantei os braços e dei uma volta para ela. – Onde ele está? Você o vê aqui? Porque eu não o vejo em lugar algum. Sabe por quê? – Me apoiei na mesa novamente e olhei dentro dos seus olhos. – Ele. Não. Te. Ama. – Falei cada palavra pausadamente, fazendo questão de frisar bem a realidade nua e crua para ela. - Mentira! – Gritou desesperada. – Fernando nunca faria isso comigo, nunca! - Ele já fez, Karen! – Sorri. – Você não passa de um brinquedo nas mãos dele. – Eu precisava tocar no seu ponto fraco e deixa-la vulnerável, só assim ela abriria o jogo de vez. - Você não tem coração! - Eu nunca disse que tinha. - Agora eu entendo, porque ele te odeia tanto. – Limpou as lágrimas que desciam sem parar pelo seu rosto e sorriu. – Você não deveria estar à frente de uma empresa como essa e sim FErnando Hunter. – Caralho... Ela chegou exatamente aonde eu queria. – Ele é muito melhor do que você... Mil vezes melhor, William Levy. - Ele nunca será melhor do que eu, Karen. Nunca. – Endireitei minhapostura e fechei meu paletó. – Essa reunião termina aqui e você está demitida. – Virei para sair, pois esse é o momento da polícia, mas antes parei e olhei para ela. – Nunca mais chegue perto da Maite, você ouviu bem? Karen ficou me olhando com a raiva estampa em seus olhos e praticamente cuspiu as palavras. - Maite, não merecia o que eu fiz com ela. E, por mais que eu me sinta arrependida, eu faria tudo de novo. - E, eu faria questão de fazê-la se arrepender amargamente por isso. Pode ter certeza! Enfiei as mãos no meu bolso e lhe dei espaço para sair da sala de reunião, porém o seu ar de superioridade sumiu quando ela viu a polícia do lado de fora com Susan, Phillip e Claudio lhe esperando. - O que é isso? – Perguntou assustada- A consequência dos seus atos. Um policial se aproximou, segurou nos braços de Karen e puxou para trás falando com ela. Ele algemou primeiro um braço e quando ele estava algemando o outro, minha princesa saiu do elevador com um sorriso enorme, porém seu sorriso de menina se desfez no momento em que ela viu e entendeu o que estava acontecendo. Vi a dor em seus olhos e o seu desespero por respostas. Maite correu na direção de Karen e a única coisa que eu pude fazer para ela não se prejudicar foi segura-la. - Por que, Karen? – Seu corpo tremia. Ela não disse nada e abaixou a cabeça escondendo o rosto de Maite. - Olha pra mim! – Um soluço escapou dela. – Eu quero saber, por quê? Porra! – Minha princesa gritou aos prantos.Karen levantou a cabeça e mais uma vez seu rosto estava marcado por lágrimas, porém agora na frente de Maite, eu vi dor e culpa. - Você alguma vez já errou por amor, Maite? - Sim. O tempo todo. – Maite respondeu segurando com força os meus braços. Karen olhou para ela e lhe deu um sorriso triste. - Foi exatamente o que eu fiz. - Mas, por quê? – Maite perguntou sem acreditar no que estava ouvindo. – Eu... Eu não merecia! Você quase tirou a minha vida. – Sua voz saiu baixa, quase não me permitindo ouvi-la. – Amar não é machucar o próximo. Karen levantou a cabeça, engoliu o choro e disse:- Não venha me ensinar como eu devo ou não amar alguém. Se estivesse no meu lugar, você faria o mesmo. – Ela estava cega pelo amor de Fernando. - Não, eu não faria. Prefiro ficar com minha consciência limpa, do que machucar alguém. - Eu faria tudo de novo. Por amor a ele, eu faria tudo de novo. – Karen disse mais uma vez perdida. - É uma pena você pensar assim. O policial que estava segurando Karen, a puxou e seguiu rumo ao elevador. Antes dela entrar, Maite a gritou e disse. - Karen... Espero que um dia você consiga entender, que o que fez poderia ter se tornado uma desgraça. E por ver a situação que você se encontra, quero que saiba de uma coisa... Eu te perdoo.

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⏰ Última atualização: Jan 26, 2020 ⏰

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