Capitulo 19

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- Maite, faz o que eu estou mandando. Não me cause problemas. Não posso estar perto de você durante esses dias. Preciso que você colabore.

Sua voz saiu dura, porém preocupada. Será que está acontecendo alguma coisa grave? - William ... Como você mesmo disse, você tem um voo para pegar. Nos vemos na sexta. Boa viagem!
– E, antes que ele pudesse falar qualquer coisa, eu desliguei evitando fraquejar e acabar cedendo as suas ordens. Terminei a ligação, e coloquei a mão na minha cabeça sentindo uma dorzinha chata. Já eram dez para as seis, e eu precisava ir ao banheiro e passar uma água no rosto antes de encontrar minha amiga.Antes de levantar da mesa, meu celular tocou de novo, mostrando: William S2. Era ele e eu não ia atender. Estava muita chateada com suas atitudes. Precisava pensar.

*** - Ah... Bela! Senti tanto a sua falta. – Corri e dei um abraço bem apertado na louca da minha amiga.

- Apesar de estar muito chateada com você, sua vaquinha. Eu também.

Afastei-me dela, e fiquei pensando o quanto Bela sempre esteve comigo em todos os momentos. Fazendo coisas certas, ou fazendo merda. Desde que nos conhecemos nos tornamos inseparáveis. Olhar pra ela me fez lembrar da época que nossa única responsabilidade era estudar para sermos grandes profissionais. Deixei a emoção tomar conta de mim e desabei. - Hey... Que isso?! Não precisa chorar. Eu já te perdoei. Você vai ter que me aturar até quando estivermos bem velhinhas e usando fio dental na beira da praia mostrando para as menininhas novas, que somos duas coroas modernas. – Disse dando uma risadinha, me levando junto com ela. – Agora, vamos encher a cara de besteiras. Caminhamos juntas para o carro dela quando fomos paradas por um Claudio meio sem jeito.
- Senhorita Perroni , boa noite! – Fez um cumprimento com a cabeça. - Boa noite, Claudio! Essa é minha amiga Bela. Bela... Esse é Claudio, ele trabalha para William .- Ah... Oi! Tudo bem, Claudio? – Bela lhe deu um sorriso. - Boa noite , senhorita Gusmão! Bela olhou para mim de boca aberta, como quem diz: Como esse cara sabe o meu nome? Dei de ombros.
- A pedido do Sr. William  vim busca-las para leva-las aonde desejarem.
– Minha amiga me olhou chocada. Fechei a cara e respirei fundo, até porque o Claudio não tinha culpa do chefe babaca que tinha. - Olha, Claudio. Te agradeço pela gentileza, mas não será necessário. Inclusive eu informei isso ao seu chefe. Peça para ele se preocupar com a viagem dele, e me deixar tranquila na minha. - A senhorita me desculpe, mas é o meu trabalho e o Sr. William  não irá gostar nada disso. - Claudio, não é com você, mas estou pouco me lixando para o que seu chefe vai pensar. Desculpa! Boa noite! – Puxei minha amiga pela mão e fomos em direção ao seu lindo HB20 branco. Bela destravou a porta, e eu entrei bufando me jogando no banco do carona. - Amiga, o que foi isso? - Vamos comer aonde? - Não sei, pensei em comer no Subway e me deliciar com aqueles cookies de chocolate. O que acha? – Disse com um sorriso enorme. - Acho ótimo. Lá eu te conto.
- Ok. Mas tente relaxar. Pois, o tal Claudio com cara de autoridade está nos seguindo naquele espetáculo de Posche. Olhei para trás e não acreditei. Merda!

*** Chegamos à lanchonete e fizemos nosso pedido, com direito a Coca-Cola e 2 cookies de chocolate para cada uma. Sentamos em uma mesinha em um canto reservado, para conversarmos sem nos preocuparmos se as pessoas estariam ouvindo ou não. - Vamos lá. Desembucha, vaquinha! – Deu uma mordida no seu sanduiche de frango teriaki. - William  me pediu em namoro e eu aceitei.
– Mordi meu sanduichede frango com cream cheese. Olhei para minha amiga, e a coitada estava de boca aberta. – Bela... - Puta que pariu! Estou toooooda molhada! Imagina ter uma perdição daquela como namorado? Gente... Preciso de gelo, muito gelo. – Pediu gelo a um dos atendentes e passou na testa. – Vamos... Me conta! – Eu não podia esperar outra reação dessa louca. Sempre foi assim, e eu não queria que ela mudasse. - Bem... – Se fosse em outra situação eu estaria dando gargalhada com ela, mas do jeito que estava, perdida seria a melhor palavra para mim. – Depois da nossa noitada, William  me levou para casa e passou o fim de semana cuidando de mim. Na segunda-feira, antes de irmos trabalhar ele me pediu em namoro. Eu fiquei surpresa na hora e com medo, porque tudo estava eestá indo rápido demais. Mas, já faz um ano que estou solteira, e pensei em me arriscar. Ele é simplesmente perfeito, Bela. Sabe o tipo de cara errado, mas que te conquista? – Minha amiga balançou a cabeça concordando como resposta.
– Pois é... William  é um cretino, e a porra de um dominador, controlador e possessivo. Mas que por trás da sua armadura de poderoso chefão, é um homem sensível e romântico.  William  sabe como tratar uma mulher, sabe conquistar, ou melhor, sabe seduzir. E, foi o que ele fez comigo. – Olhei para minha amiga com os olhos marejados, e deixei a primeira lágrima escapar quando eu deixei meu coração falar.
– Eu estou completamente apaixonada por ele. William  virou um vício pra mim, do qual tenho medo de perder e enlouquecer. Ele invadiu minha vida sem pedir permissão, e roubou meu coração. Agora que ele tem, tenho medo que ele pise em cima, e eu não tenha forças para juntar os pedacinhos. Eu o quero pra mim, eu o quero pra minha vida... Bela. – Coloquei a mão no rosto e deixei meu corpo colocar pra fora tudo que estava preso, sem me preocupar com quem estava presenciando ou não aquela cena. Ouvi alguém fugando e tirei as mãos dos olhos para ver, e me deparei com uma Bela com a boquinha tremendo e o nariz vermelho. Minha amiga... Minha irmã estava sentindo minha alegria e minha dor. - Eu juro... – Ela respirou fundo engolindo o choro. – Eu juro que se ele te magoar, eu vou arrancar as bolas dele e pisar em cima. Vou fazer tudo com os olhos fechados. Não quero ver como ficará aquele espetáculo de homem se ele te machucar. Será um desperdício, mas ele que não ouse magoar um fio do seu cabelo. Eu te amo como minha irmã, e vou cuidar de você, como sempre fizemos uma pela outra. Olhei para Bela, e apertei sua mão como forma de agradecimento. Ela limpou as lágrimas que descia por seu rosto, e eu fiz o mesmo. Depois, que acabamos de lanchar, fomos comprar a fantasia da rainha Elsa para Mari, e tomar um delicioso sorvete de frutas. - Você esqueceu de me contar uma coisa muito, muito importante. Parei com a colher na boca, pensando o que seria, quando Bela mais uma vez quase me mata engasgada. - Como aquele deus do pecado é na cama?- O que? – Fiquei com rosto vermelho em segundos. - Ué... Foi só uma pergunta. Eu não podia falar exatamente o tipo de homem que William era na cama. Eu e Bela sempre nos respeitamos, e falamos nossas experiências sexuais. Mas, no caso de William , a situação era outra. Ora ele era gentil e delicado, e queria fazer amor. E, ora ele era dominador e possessivo, e queria foder. Qualquer uma dessas versões eu amava. - Bem... Posso dizer que intenso e selvagem. - Porra... Eu sabia! – Disse estalando os dedos. – Ele é do tipo como nos livros que amamos ler. Fode com força, certo? Bela não existia. Foi a primeiravez que eu senti vontade de rir de verdade naquela merda de terça. Balancei a cabeça concordando com ela. Porque era a verdade. Amo ler, principalmente os romances hot’s. Daqueles que você ri, chora, sofre, sente raiva, alegria, desejo, se apaixona e fica com a calcinha molhada por causa do cara gostosão, problemático, possessivo, dominador... Mas que deixa a mocinha aos seus pés. Sempre me perguntei se existiam homens como nos meus livros. E de alguma forma, fui respondida. Minha resposta foi William  Levy.

*** Durante a semana as coisas se resolveram e se encaixaram em seus devidos lugares. Fantasia da Mariana comprada, reunião com Susan e Allan alinhada, minha amiga me entendeu e voltou a me amar. Tudo estava em ordem, quer dizer, quase tudo. Exceto meu relacionamento com William. Ele viajou para o Canadá na terça, e hoje estou eu aqui em uma quinta-feira deitada na minha cama pra dormir e nada de uma mensagem ou uma ligação. Pra não dizer que não tive uma resposta, recebi uma mensagem na terça-feira depois que eu recusei os serviços do Claudio da seguinte forma:
- Assim que eu chegar teremos uma conversa muito séria. Que porra é essa de recusar os serviços do Claudio? Porque você nunca faz o que eu peço? Esteja preparada para nossa conversa na sexta, Maite . Estou puto da vida com suas atitudes.

Fiquei tão revoltada com a mensagem dele, que respondi de volta, porém o irritando ainda mais.

- Conversa? Vou verificar na minha agenda, pois talvez eu não esteja disponível, Sr. William .

Fazia tempos que eu não o chamava assim, e por isso eu tinha certeza que ele ficaria puto da vida. Recebi outra resposta em segundos.

- Não brinque comigo, Maite . Ou melhor, brinque enquanto ainda pode.

Confesso que na hora eu fiquei com medo, a ameaça explícita em sua mensagem, me deixou nervosa. William  odiava ser contrariado, mas eu não era filha dele para receber suas ordens. Se ele queria conversar na sexta, o problema era dele e não meu. Olhei sua mensagem novamente e resolvi não responder. Depois disso, não nos falamos mais, e todos os dias que eu fui trabalhar, Claudio me esperava tanto pra me levar para o trabalho, quanto para me buscar. E todas as vezes, eu negava.Amanhã é sexta-feira, e eu estou aqui ansiosa e ao mesmo tempo com receio de vê-lo, não sei como explicar, mas algo me diz que toda essa loucura e felicidade ao lado dele, tem prazo de validade. Meu coração doeu e uma lágrima desceu. Levantei da cama aborrecida por estar sendo tão frágil, peguei meu edredom e meu travesseiro, e fui pra sala. Conectei meu Ipod ao som, eu precisava de música pra me acalmar. A primeira que tocou foi “Céu Azul do Charlie Brown Jr.”.

Tão natural quanto a luz do dia Mas que preguiça boa Me deixa aqui à toa Hoje ninguém vai estragar meu dia Só vou gastar energia pra beijar sua boca...

Era isso o que eu mais queria e desejava, ficar a toa e só gastar energia beijando a boca de William . Sentir a maciez dos seus lábios, o cheiro gostoso da sua boca, sua língua na minha, exigindo espaço e acariciando. ...

Mas também quero te mostrar Que existe um lado bom nessa história Tudo que ainda temos a compartilhar...

É engraçado ouvir essa parte da música, porque uma das coisas que eu desejo para nós dois, é compartilhar. Compartilhar nossos sonhos, alegrias, medos e principalmente os segredos. Se faríamos isso em algum momento, eu não sei, mas espero que sim. Não quero que essa distância repentina acabe com algo que mal começou....

E viver E cantar Não importa qual seja o dia...

Não me lembro de ouvir a música até o fim, ou as próximas que tocaram, eu estava exausta, e só queria me jogar no meu país das maravilhas e deixar o sono me conduzir por caminhos melhores, e se possível, ao lado de William .

Em Teus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora