Capitulo 26

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Chegamos ao condomínio onde meus pais moravam, e a casa estava uma loucura. Era grande e de dois andares. Com cinco quartos, sendo duas suítes. A casa era maravilhosa. Meu pai é um homem trabalhador, e sempre fez de tudo para dar do bom e do melhor pra nossa família.
Ele é diretor financeiro de uma empresa do ramo imobiliário, um profissional excelente e dedicado. Minha mãe é formada em letras e professora universitária. Seus alunos são apaixonados por ela. Não podia ser por menos. Ela causa aonde chega. - Maite , minha bonequinha!
Ainda bem que chegou. Sua irmã está me deixando louca.
– Apareceu gritando na sala, linda como sempre. Com um vestido tubinho tangerine, scarpin preto da Carmen Steffens, uma maquiagem leve e seu cabelo castanho claro preso em um coque perfeito.
- Minha atriz, como você está linda!
– Corri para abraça-la. Recebi seu calor de mãe, e me segurei para não chorar. Depois que saí de casa há três meses, essa era a segunda vez que eu vinha visitar meus pais. Nos olhamos por um tempo, sorrindo como duas bobas, o que durou somente alguns segundos. - Isso são horas de chegar? Só temos quarenta minutos. Olha, você como sempre atrasada...
– Parou de falar do nada. - Mãe?
– Chamei e nada. – Olhei para trás e vi que Bela apresentava Phillip e William  para meu pai.
- Puta que pariu! Que homens são esses? Ah... Eu com meus vinte aninhos de novo. Deus não dá asas a cobra. – Não aguentei e caí na gargalhada. Eu sabia que essas seriam as palavras usadas pela dona Cissa. Conheço essa figura desde que me entendo por gente.
- O loiro lindo é meu namorado!
– Minha mãe me olhou chocada, e de novo para William . E abriu um sorriso encantador.
- Minha bonequinha, você é das minhas! Não vê seu pai? Gostoso demais.
- Mãe!
– Falei rindo.
– Não preciso saber disso. Vem quero apresenta-los. Nos aproximamos deles, e beijei meu pai com todo carinho.
- Sr. Francisco... Você está um gato!
– Meu pai tem 53 anos, mas apesar da idade sempre teve muito estilo. Vestia uma calça jeans escura, uma camisa polo branca e um mocassim marrom. Pra completar, seu cabelo grisalho lhe dava um charme especial.
- São seus olhos. Você está linda, minha bonequinha. Será que para por aqui ou melhora ainda mais, minha flor? – Meu pai sempre dizia que minha mãe era uma flor. Quando a conheceu, ela ainda não tinha desabrochado. Depois que ele lhe mostrou o lado bom da vida, ela floresceu e se tornou ainda mais linda. Que brega!
- Melhora ainda mais, meu bem! Se é que é possível.
– Disse me olhando com amor e carinho. Minha mãe se aproximou e beijou meu pai. Eu amava ver essa troca de carinhos entre eles.
- Bem, vejo que Bela já lhe apresentou Phillip e William . - Sim. E, já marquei um almoço com William  na semana que vem, quero saber suas intenções com minha bonequinha.
- Mas pai...
– Gente eu cresci! Alguém poderia colocar isso em um outdoor.
- E, eu aceitei. – William  disse me puxando para seus braços.
- Obrigada, por me comunicarem!
– Bufei. – Então... Gostaria que conhecessem minha mãe. Dona Cissa, esses são William  meu namorado e Phillip seu primo.
- Prazer em conhecê-los meninos. Sejam bem-vindos. - O prazer é meu! A senhora é linda como sua filha.
– Ah... não! Era o que ela precisava. Phillip também a elogiou, deixando minha mãe nas nuvens. Meu pai só ria da situação. - Muito obrigada pelos elogios, meninos! – Disse ficando vermelha. – Bela, minha filha! Que saudades! – Abriu os braços para minha amiga. – Outra ingrata como a Maite . Você está linda.
- Muito obrigada, tia! Quem está linda é você. Arrasando como sempre. E, eu não sou ingrata como a Maite . Nos falamos por telefone semana passada. - Não é a mesma coisa, mas faz sentido. Preciso que vocês me ajudem com Mariana. E, Maite ... Espero que goste da surpresa.
– Puta merda! Eu tinha me esquecido da surpresa. – Com licença, rapazes! Minha mãe segurou na minha mão e na de Bela, e nos arrastou pelo corredor até o quarto de Mari. Assim que entramos demos de cara com minha pequena princesa, olhando para sua fantasia de rainha Elsa.
- Oi, rainha Elsa! – Disse gritando.
- Maiiiii... – Pulou no meu colo e me deu vários beijinhos no rosto. Deu um abraço apertado em Bela, e cruzou os braços me olhando.
– Você está atrasada, sabia?
– Disse apontando o dedo pra mim.
– E, porque uma moça veio entregar minha fantasia, se foi você que comprou? Cruzei meus braços e olhei feio pra ela. - Em primeiro lugar, pode abaixando esse dedinho. Sou sua irmã mais velha e você tem que me respeitar. Em segundo, só me atrasei dez minutos. Não tenho culpa se o condomínio está cheio de carros dos convidados para a sua festa. E em terceiro, eu trabalhei muito e não pude vir pessoalmente trazer sua fantasia.
- Ah... Se for verdade o que você está falando, está perdoada. Minha mãe e Bela riram do atrevimento de Mariana.
- Vou deixar passar os seus abusos, só porque hoje é seu aniversário.
– Mari levantou uma sobrancelha me desafiando.- Tal Maite, tal Mariana.
– Minha mãe disse passando por mim. Agora eu entendo porque William  fica tão irritando comigo, se Mari é minha cópia em miniatura, realmente sou irritante. Sorri com o pensamento. - Certo. O que está esperando pra se vestir, rainha Elsa? – Perguntei. - Ajuda, né?! – Que garotinha do cacete. Respira fundo, Maite . Respira fundo.
- Ok. Então, deixa eu te ajudar. Enquanto eu vestia Mari, ouvi minha mãe conversando com a Bela.
- Bela. E, você? Está namorando aquele pedaço de mal caminho?
- Quem? O Phillip? - Sim. - Não, tia. Bem, nos conhecemos na sexta. Estamos indo devagar, mas não sei. Ele é maravilhoso. Intenso e carinhoso, meio possessivo em algumas coisas. Tem olhos lindos e um sorriso encantador, sem falar o quanto é sexy. – Desviou os olhos da minha mãe sem graça. – Mas acho que ainda não estou pronta. Tenho medo, sabe? - Querida, olha pra mim.
– Minha mãe pediu, segurando sua mão e minha amiga aceitou.
– Entendo, que o que o Charles fez, foi muito difícil. Amar alguém e ser traída da forma como ele fez, não é papel de homem. É coisa de gente sem carácter. Mas presta atenção no que eu vou te falar. Te amo como se fosse minha filha, e te peço com o meu coração, que não deixe de viver e amar, porque alguém te magoou ou te decepcionou. Não sei o que vai acontecer entre você e Phillip, mas viva. Você é jovem, linda e encantadora. - Eu estou gostando dele. – Bela disse com a voz embargada. Senti meu nariz ardendo. Não posso chorar, não agora.- Eu sei. Vi a forma como você olha pra ele, e também posso te dizer que ele está envolvido. Aquele homem te olha com desejo e carinho. – Puxou Bela e lhe deu aquele abraço que só ela sabe dar.
- Porque vocês estão emocionadas? Hoje é meu aniversário, gente. Preciso de sorrisos. - Por isso mesmo que estamos emocionadas. Estamos felizes de ver você vestida como uma verdadeira princesa. – Segurei na mãozinha de Mari e a levei até o espelho. Olhei para minha mãe e Bela. – Olha como você está linda! Mari estava uma verdadeira rainha Elsa. Olhar minha pequena princesa, com as bochechas rosadas, o cabelo com uma linda trança e uma coroa na cabeça, me deixou ainda mais apaixonada. - Foto... Muitas fotos!
– Falei empolgada.
Mari pulou e gritou: - Simmm... Mas depois que você colocar a sua.
- Como? – Meu coração acelerou.
- A sua fantasia, ué? Quero que você se vista de rainha Elsa também.
- Não.
- Sim.
- Mãe? Minha mãe ria e me pedia calma. E, Bela fazia a mesma coisa.
- Mari. Lembra o que você sempre diz?
– Falei em pânico.
– Só você pode ser a rainha Elsa.
- Eu sei, mas hoje quero que você seja também.
- Ah... Não!- Por quê?
– Mari perguntou com a voz chorosa, partindo meu coração. É o aniversário dela, como posso negar um pedido desse.
- Ta certo! Mas da próxima vez, quero que me pergunte antes. Combinado? – Mari riu e balançou a cabeça. É, não está combinado. Ela vai continuar aprontando. Me arrumei correndo. Já eram 18:50 e a Mari tinha que chegar a festa as 19:00. Sorte que era dentro da área de lazer do próprio condomínio. Meu vestido era igual ao de Mari, a diferença era que o dela era rodado e o meu colado ao corpo. Saí do banheiro e todas bateram palma. Bela fez uma trança rápida em mim e colocou uma coroa na minha cabeça.
- Pronto, amiga! Está linda. Bem, não tem como voltar atrás. Eu aceitei fazer isso pela minha pequena, e agora terei que ir até o fim.
Serei motivo de piada na festa, mas pela Mari, eu vou tentar ser educada. Chegamos a sala, e William  franziu a testa. Me olhou atentamente e logo abriu um grande sorriso. - Gostou da surpresa da sua irmã? - Quer mesmo saber, Sr. Francisco? – Meu pai caiu na gargalhada. - Não reclame, minha filha. Mari é idêntica a você alguns anos atrás. - Qual deles será o meu príncipe, Mai?
– Todos riram.
- O Phillip já tem uma princesa. A Bela.
– Sami deu uma risadinha.
– E, William  é o meu príncipe. Mas posso perguntar se ele aceita ser o seu. - Não. Pergunta, só se ele pode entrar na festa comigo, ele é o seu príncipe. Ainda não tenho idade pra ter um. - Me puxou para falar no meu ouvido, mas todos escutaram. – Você gosta dele?
Olhei para William , e ele me olhava com um sorriso torto nos lábios. Ai, meu Deus! - Sim.
– Mari  levou uma mãozinha a boca e riu. - Isso é muito, muito legal.
– Soltou minha mão e foi até William  lhe dando um abraço e um beijo, e depois até Phillip. Segurou na mão de William  e sorriu.
– Podemos ir? Minha irmã sempre foi um encanto de criança, não tinha um na família que não ficasse apaixonado pelo seu jeitinho espontâneo. Sempre sorrindo e comunicativa. Fomos andando até o salão de festas e quando chegamos fiquei encantada com a decoração. Parecia que tínhamos acabado de entrar no desenho Frozen.
Mariana abriu um sorriso enorme ao ver o salão lotado de crianças correndo por todos os lados. Quando suas amiguinhas a viram chegar, correram até ela e pararam. Mari ria divertida.
- Esse é o príncipe da minha irmã, que também será a rainha Elsa. Todas sorriram e bateram palmas.  Minha irmã soltou a mão de William  e correu pelo salão.
- Você está linda rainha Elsa. Fico honrado em ser seu príncipe, mas no meu caso, o posto de rei se encaixaria melhor. - William ... Você não presta!
- Estou louco para tirar esse vestido.
- Você é um...
- Olha quem resolveu aparecer. Quanto tempo, priminha. Respira fundo e controle sua raiva. Ela não merece que você desça do salto.
– Meu termômetro interno disse me acalmando. William  me olhou confuso.
- Tudo bem, Simone?
- Tudo. Mas acho que não posso dizer o mesmo de você.
– Levantei uma sobrancelha lhe questionando.
– Até na festa da sua irmã você quer aparecer.
– Ah... Cachorra que eu vou te arrasar. - Acho que você está me confundindo com você, querida priminha. Até porque, estou fantasiada a pedido da minha irmã. Ah... Já sei! Você não sabe o que é isso, né? Alguém te pedir alguma coisa, querer sua presença.
– Simone fechou a cara na hora.
- Desce desse palco, Maite . Pelo menos, não estou há um ano com o coração vazio. Olha meu namorado.
– Apontou para um rapaz bonito sentado perto da minha tia Claudia.
– Ele é dono de uma rede academias. Lindo. Agora eu vou arrasar com ela.
- Está vendo aquele homem maravilhoso ali? – William  tinha se afastado um pouco para falar com Phillip e Bela. Simone olhou e ficou de boca aberta. – Bem... Ele é meu namorado. E, sabeo que é melhor? É importado, dono e presidente de uma empresa de publicidade, com a matriz em Nova York e filiais em alguns países como: Alemanha, Canadá e Espanha.
– Fiz um sinal como se não estive me importando. Se fosse possível, Simone soltaria fumaça pela cabeça.
– Ele é gostoso, né?
- Olha...
- Minha princesa!
– William  me abraçou por trás e beijou minha cabeça.
- William , essa é minha prima Simone. Simone, meu namorado. William  apertou sua mão e sorriu. Minha prima ficou hipnotizada.
- Dá licença, prima.
– Segurei na mão de William  e o puxei. Parei e olhei para minha prima que ainda estava parada no mesmo lugar. – Simone... Você entendeu alguma coisa do que ele falou, ou quer que eu traduza?
- Vai a merda, Maite !
– Saiu batendo o pé no chão. Bem feito, eu estava quieta e ela veio me perturbar como sempre. Simone tinha tudo para ser uma ótima pessoa, mas é prepotente como a mãe, minha tia Claudia. Depois de duas horas de festa em que eu passei falando com minha família, apresentando William e tirando várias fotos com as amiguinhas de Mari, chegou a hora de cantar os parabéns. Mas antes, ela pegou o microfone, e pediu silêncio.
- Obrigada por me deixarem falar!
– Respirou fundo.
– Hoje eu estou fazendo seis anos e ficando uma mocinha como minha mãe falou, mas não é por isso que eu vou deixar de ser uma princesa da Disney, né?
– O salão inteiro fez um coro de “Own”.
– Por esse motivo, eu vou dançar “Let it Go”, e quero convidar a irmã mais linda desse mundo pra dançar comigo, porque quando eu crescer, quero ser uma bailarina como ela.Arregalei os olhos, e as lágrimas desceram sem que eu pudesse segurar.
– Apertei a mão de William , e recebi um carinho em troca.
– Mari  quer me matar do coração.
- Vem, Maite !
– Mari  me chamou mais uma vez.
- Vai amiga! – Bela disse emocionada.
- Vai lá, minha princesa. E nos dê uma apresentação digna de Walt Disney – Sorri com seu jeito descontraído. Levantei e William  passou a mão na minha bunda de forma discreta. Safado! Assim que cheguei perto de Mari, a música de Frozen invadiu o salão.

Let it go, let it go Deixe ir, deixe ir Can’t hold it back anymore Não posso suportar mais Let it go, let it go Deixe ir, deixe irTurn my back and slam the door...

Dou as costas e bato a porta Eu e minha pequena princesa começamos a fazer os passos que sempre fazíamos quando assistíamos o desenho e dançávamos juntas. Mariana tinha talento pra dança. Me encantava ver que apesar de ser pequena, ela tem disciplina, leveza, aprende rápido e não desiste quando não consegue fazer um passo de ballet. Durante a música, procurei por meus pais, e os dois choravam emocionados de ver suas duas filhas juntas e se divertindo. Procurei pelo meu Sr. Perdição e seu olhar me surpreendeu. Era um olhar de devoção. ...

let it go, let it go … deixe ir, deixe ir Can’t hold it back anymore Não posso suportar mais Let it go, let it go Deixe ir, deixe ir Turn my back and slam the door Dou as costas e bato a porta And here I standE aqui estou And here I’ll stay E aqui eu vou ficar Let it go, let it go Deixe ir, deixe ir The cold never brothered me anyway

O frio nunca me incomodou mesmo Quando a frase “the cold never brothered me anyway” foi cantava por Demi Lovato e Mari levantou as duas mãozinhas e desceu fazendo o mesmo gesto da rainha Elsa, parei de dançar na hora e bati palma como uma irmã babona. Todos levantaram e bateram palmas junto comigo. Mari correu e pulou no meu colo, me abraçando e agradecendo por ter dançado com ela. Cantamos parabéns com muitas fotos, risadas e gritinhos das meninas quando cada uma ganhou uma bolsinha com o Olaf do desenho. Depois que ajudei minha mãe na distribuição das bolsas, procurei por William e não o encontrei.
Avistei minha amiga perto da porta de saída, e fui até ela.
- Bela! Você viu o William?
- Está lá fora a quase vinte minutos falando no celular. Acho que aconteceu alguma coisa grave, porque Phillip está ligando para o Claudio. Corri e William andava de um lado para o outro gritando como um louco. Graças a Deus que todos estavam dentro da festa. Quando cheguei perto, ele levantou um dedo pedindo um minuto. - Ok. Você tem meia hora. – Desligou o celular passando a mão no cabelo.
- Oi. O que aconteceu?
- Maite , preciso ir embora.
- Certo. Só preciso de uns minutinhos pra eu pegar minhas coisas, e nós vamos.
- Não. Você não entendeu. Eu vou, e você vai ficar com sua família.
Quando quiser ir, ligue para o Claudio.
– Olhei pra trás e Phillip se despedia de Bela.
- Como assim não vamos juntos?
– Perguntei irritada. - Isso mesmo que você ouviu. Preciso resolver um problema, e não é hora para seus questionamentos.
– Disse sério. - Ah, não? E, quando é? Você vive com essas atitudes misteriosas e não compartilha nada comigo, mas quer saber tudo da minha vida. - Estou muito puto e não quero descontar em você. Então, cresça pelo menos uma vez.
Mas que porra é essa? Agora meu sangue ferveu.
- Crescer? Vai se ferrar, William . Você acha que é dono do mundo, mas não é. – Virei de costas para sair dali,mas ele me impediu segurando no meu braço.
- Ainda estamos conversando.
- Quando você cair na real, e aprender que você está em um relacionamento. A gente conversa.
– Puxei meu braço.
- Maite ... Volta aqui! William  me chamou umas três vezes e como eu não respondi, falou um palavrão e ficou reclamando. Cansei dessa palhaçada.
Já que William levy não quer se abrir comigo por bem, vai ser por mal. Porque agora, eu vou atrás e descobrir do meu jeito.

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