Señorita (A sexy and Hot Shawmila fanfic)

2. Camren

🦄 Camila🦄

Eu realmente estou bastante desconfortável neste vestido que cola meu corpo todo e deixa minhas pernas fora e os olhares que vêm em minha direcção certamente são no primeiro instante por causa dele, mas depois, por causa das minhas pantufas.

Pois, o Nelson e Sam não tinham sapatos no quartinho, então ou eu entrava descalça ou com as minhas pantufas mesmo - eu amo elas e são bastante confortáveis e quentinhas nos pés, é como andar sobre nuvens macias, mas sei que não são calçado para clube. Enfim, eu não me importo de passar ese mico, não vejo isso como problema maior comparado ao fim de semana sofrendo de resfriado que eu teria se pisasse no chão frio.

Ignoro todos os olhares e procuro por Lauren no meio da confusão de pessoas em todo o lado. O barulho da música está alto demais para ficar chamando por ela e as pessoas dançando não facilitam minha passagem. Sou prensada, empurrada para lados diferentes dos que eu quero seguir quando enfim a vejo, sentada no conjunto de sofás de canto com um grupo de jovens, rindo e bebendo como se estivesse bem.

Torço minha cabeça para o lado e oiço o estalo, furiosa. É bom que ela esteja passando mal de alguma forma para justificar o que eu sacrifiquei e tudo que passei para chegar aqui.

- Lauren!

Ela afasta o moço que estava a cheirar o pescoço dela quando ouve minha voz e olha para mim como quem está espantada como se visse algo inacreditável.

- UAU!!! Cam, é mesmo você?

Não, é a bruxa da sua avó! Me perdoa vovó, Anita, isso é só uma expressão infeliz que peguei ainda criança, você é um anjo.

- Você me parece estar bem... Muito bem, pelos vistos.

Lauren levanta-se sorrindo e ainda me olhando com os olhos brilhando e se aproxima.

- Eu estou bem, mas você... Você, Cam, está espetacular. De onde saiu esse vestido fabuloso que eu não conheço? Sério, você está incrível. Tirando esses miraculous aí nos teus pés - ela diz com desdém das pantufas - estragou o visual. Você podia ter pegado meus sapatos, Cam, pelo amor de Deus.

- Eu fui Obrigada a vestir isto porque eu queria desesperadamente te encontrar. Estava preocupada, Lauren, alguém me ligou com o teu celular e...

- Ah, a chamada! - Ela diz e ri bastante na companhia dos seus amigos - realmente funcionou, Ollie, você é um génio. Você ganhou, caramba.

Ela dá cinco ao moço que estava quase em cima dela e deduzo que seja o tal Ollie, o moço de quem ela gosta. Os outros amigos tragam dinheiro ao moço que beija as notas.

- Lauren, o que está a acontecer aqui? - Pergunto, mas sinto que já conheço metade da história.

- Eu comentei com o pessoal que você preferia passar o nosso fim de semana da liberdade trancada em casa a estudar e nada seria capaz de te tirar de lá, então Ollie aqui disse que ele conseguia te tirar. Não é que conseguiu?

Ela fala com tanta naturalidade e se diverte com os amigos como se fosse nada, eu estou mesmo chocada.

- Você fez uma aposta?

- E o Ollie ganhou. Foi quem ligou, ele foi óptimo, não foi?

Por que ela ainda está sorrindo? Ainda não percebeu meu choque?

- Eu não acredito nisto! - Digo com toda a decepção possível de carregar e me viro para ir embora. Passo pelas pessoas as empurrando também, piso as escadas com raiva enquanto subo para a porta e saio ignorando meus novos amigos seguranças. Lauren me segue e encontra quando tento pensar em onde apanhar um taxi para casa.

- Cam, era uma brincadeirinha. Eu só queria que viesses aqui te divertires comigo pelo menos uma vez na vida, num programa que eu gosto.

- Mas você sabe que eu detesto festas e baladas. Não são minha cara, não combina.

- E você acha que eu aprecio pedaladas no parque e perder meu fim de semana no acampamento e fazer trilhas? Cam, eu estou me lixando para o contacto com a natureza, eu detesto esses programas chatos, mas eu os faço porque você gosta e eu quero passar um tempo consigo. - Lauren confessa aos gritos e eu paraliso. Me sinto confusa.

- Mas você se diverte tanto nos acampamentos. Lauren, você vai nisso uma vez a cada dois meses. Ninguém se submete tantas vezes assim a algo que detesta.

- Eu me submeto. - Lauren segura minhas mãos frias e faz carinho - Camila, você é minha melhor amiga, minha irmã mesmo que seja de outros pais. Nós vivemos juntas há seis anos, mas quando foi a última vez que nós conversamos de verdade e tivemos momentos marcantes juntas? Você vai à faculdade de dia e depois vai fazer o turno na lanchonete. Volta sempre cansada e ainda se mata a estudar. Só nesses programas podemos nos encostar a uma árvore como gostas e sermos irmãs. Acho que é isso que a gente faz quando gosta de alguém, suporta qualquer coisa se isso nos permite estar ao lado da pessoa e ver o sorriso dela. Eu escalaria até o kilimanjaro se fosse o preço a pagar para me sentir tua irmã e partilhar um momento naquilo que gostas de fazer. Eu gostava que pudesses fazer o mesmo sacrifício por mim.

Eu sinto o beijo da minha irmã na testa e observo a desmiolada voltar para o interior do clube, sentindo que invertemos os papéis. Normalmente a sensata que coloca juízo na cabeça da outra sou eu. Mas quando se trata de sensibilidade e emoção, Lauren se supera. Ela pode ser bem intensa e mover o mundo inteiro com suas palavras. Naquele curto espaço de tempo me fez rever nosso percurso todo, e só então percebo que a nossa relação é tão forte como é porque ela cultivou ela. Sempre foi ela.

Foi Lauren a primeira a falar com a outra no meu primeiro dia na escola e eu mal falava inglês ainda. Foi ela a primeira amiguinha a me convidar para dormir na sua casa. Quando, no dia mais infeliz da minha vida, meu pai foi assassinado e minha mãe e eu íamos ser deportadas, Lauren foi a corajosa que nos conseguiu ajuda e eu, sendo americana por naturalidade, pude ficar. Foi ela quem me consolou quando eu achava que estava sozinha. Lauren fez-me sua irmã e, todos os momentos incríveis que vivemos, havia sido ela a criar.

Definitivamente ela me fez sentir egoísta e uma péssima irmã. Eu sempre tive o que quis e nunca pensei no quanto ela estava abrindo mão de verdade. Não falo da parte material, mas dos sentimentos em si. Lauren se sacrificava por mim e fingia que não doía. É isso que o amor é, não? Suprimir suas vontades pela felicidade do outro? Será amor dar tanto assim? ©