8. Só Conversar

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🦄Camila🦄

Meu coração não se acalma nem por saber que é ele e não corro perigo algum. Desligo a lanterna que liguei ao ir deitar lixo pois a lâmpada que ilumina a parte de trás da lanchonete queimou e respiro fundo.

- Só conversar, Camila, por favor. - A voz dele soa suplicante, e seu rosto é como algo esculpido dos céus sob a luz do luar. Seu cabelo ondulado brilha e destaca a rebeldia que eu vi na tarde de hoje na cozinha da lanchonete. E ele é tão alto.

­- E é assim que tu abordas as pessoas com quem queres conversar? Imagine se eu tivesse caído dura nesse chão? - Dramatizo.

- Com certeza encontraria uma solução para te reanimar, não te vou deixar escapar de mim outra vez. - Charlie responde com os olhos fixos nos meus e me pergunto se ele sabe como aquilo é suficiente para me prender ali. - Não te vou deixar fugir, Camila.

- Não fugi de ti, simplesmente estava ocupada com o trabalho. Por que eu fugiria? - pergunto. Isso é resultado de um problema que me inquieta de verdade. Por que ele está a mexer comigo dessa forma tão estranha? Sua presença me desestabiliza, o que está a acontecer? A resposta que me vem á cabeça não me agrada muito.

- Eu tenho duas possíveis razões para responder a essa pergunta, por favor, me diz se eu estiver errado. - Ele diz e eu cruzo os braços esperando ouvir - Primeira, você está morrendo de vergonha de ter dançado e depois vomitado em mim no clube. - ele diz e então tudo acontece rápido e misturado demais para entender a lógica, primeiro eu me assusto e petrifico, no segundo que segue explodo numa risada de gozo fingida como se fosse a coisa mais ridícula que já ouvi na vida.

- Como é que é? Você acha que... claro que não é por isso. Escuta, Charlie, aquela noite foi toda um acidente, eu fiquei bêbada e sequer me lembro direito das coisas que fiz.

- Ah não? - é a vez dele de cruzar os braços e me encara como quem pensa que não estou a falar a verdade - Posso te fazer lembrar, se quiseres.

- Obrigada, mas não. Se Deus me livrou dessas memórias, com certeza foi por serem dignas de ser esquecidas. Então aí está, ninguém se envergonha do que não se lembra. - afirmo.

- Tudo bem. Então a segunda é a correcta. - Ele me parece convencido.

- E qual seria a segunda razão?

Ele repara no seu relógio e sorri.

- Vem comigo tomar qualquer coisa e eu te conto. - ele diz de forma inesperada e me vejo perdida. O que digo? - Não demoramos nada, em instantes eu te deixo em casa. Só quero conversar e te dar uma chance de me provares que não estás a fugir de mim, Camila.

Eu me perco tentando decidir o que realmente quero. Eu nunca fui tão indecisa nos meus passos, tão contraditória com meus próprios desejos assim, mas ele está a fazer isso comigo, está a fazer uma bagunça tão grande que não me reconheço. Sair com ele e ficar horas só nós os dois? Não me parece algo que vá dar certo. Daquela vez teria que ser eu a lhe encarar, sem a cobertura que um pouco de álcool no organismo deu a minha consciência naquela noite.

Ele havia conhecido uma Camila que não era eu, extrovertida e sem freios, uma pessoa que não existiria mais, porque eu não vou a clubes nem fico dançando na pista para pessoas que sequer conheço. Não era de mim que ele estava atrás, era dessa versão alcoolizada que ele gostou, com certeza se entediaria com a sóbria que era quem eu era de verdade.

- Eu não posso.

- Por que não?

- Porque... - quando começo a achar que estou mesmo em apuros, o som da buzina livra-me da encruzilhada na qual me via metida. Lauren nunca foi tão eficiente como naquele momento em que para bem ao nosso lado, toda a raiva que eu sentia pelo seu atraso e as palmadinhas que desejava depositar em seu rosto desaparecem por completo. Ela tira a sua cabeça pela janela e acena para nós sorrindo. - A minha boleia chegou.

- Não se apresse por minha causa, Cam, se soubesse que estavas acompanhada teria demorado um pouquinho mais. - Ela pisca o olho para Charlie e posso sentir que ela se diverte com a situação, ignoro a malícia nas palavras dela e entro correndo no carro.

-Arranca logo se não quiseres que a raiva que eu tinha por teres demorado volte como uma fénix que retorna das cinzas. - Ameaço entre os dentes enquanto sorrio acenando um adeus para Charlie.

- O que está acontecendo aqui que eu não sei? - ela pergunta.

- Seja uma boa irmã e livre-me dele, Lauren! - Ordeno dando um beliscão na sua perna á mostra e ela solta um grito.

- Ai, sua malvada, estou indo. - ela diz e arranca e grita para Charlie - tchauzinho, lindão.

Eu a belisco de novo. Ela agindo com espontaneidade, quer que ele pense que eu acho o mesmo dele?

- Você está mesmo violenta, Camila - ela reclama - O que o Shawn fez para te deixar assim?

Por que ela tem que trazer o nome desse desgraçado justo agora?

- Não me fale desse desgraçado, Lauren. Era suposto ele aparecer na lanchonete hoje, mas acredita que ele deixou o coitado o Marlon na seca? Imbecil arrogante! Eu estou rezando para ele nunca me aparecer a frente, ou Deus me segure, Lauren.

Ela trava o carro bruscamente.

- Para aí, o que você está a dizer? Que não conhece o Shawn Mendes?

- Sim, o infeliz só manda e-mails. É um covarde que não tem bolas para nos encarar de frente. - Lauren fica em silêncio por um tempo - Lauren? O que foi?

- Camila, vou te fazer só uma pergunta. Quem disse você acha que é o moço que estava contigo?

- Quem? O Charlie? Você já não se lembra do Charlie? O Moço do clube, Lauren, achei que fossem amigos já que ligava para o seu celular. Se esqueceu dele?

- Ele disse que se chamava Charlie?

- Esse é o nome dele. - respondo, já estranhando que ela não esteja se lembrando disso. Achei que eu ela resistisse mais e mantive consciência de tudo já que era a mestre em lidar com álcool - Lauren, o que está a acontecer? Você se esqueceu do Charlie?

Ela demora a responder, então sorri como se estivesse tudo bem.

- O Charlie, claro. - ela diz - acho que minha cabeça está confusa demais. - ela liga o carro e volta á estrada - interrompi alguma coisa ali?

- Não, vocêchegou na hora certa, Lauren. Melhor teria sido se tivesses estado ali quandosai, ele não teria tido chance de me abordar. Eu não quero ver o Charlie denovo, Lauren, não quero.

Não quero mesmo, assim me poupo do desconforto de ver seu interesse desvanecer ao perceber que não sou como moças que ele deve estar acostumado e eu me pareci no clube, eu não quero essa dor, não outra vez. Mesmo não me lembrando tão bem do seu rosto, eu ainda tinha gravadas na memória as impressões que ele me causou e, só hoje compreendo o efeito que ele teve sobre mim, ele é mesmo muito bonito e tem um olhar intenso e forte demais, daqueles capazes de desarmar qualquer mulher, e eu sou fraquinha nesse quesito.

Tenho que ficar longe dele se eu não quiser me apaixonar e quebrar a promessa que fiz a mim mesma de não deixar isso acontecer tão já. Eu não quis me apaixonar antes, mas não fui forte o suficiente e acabei caindo no sentimento. Me envolvi e aceitei seguir com a maré e acabei derrubada pelas ondas que eram fortes demais para a minha canoa. Mas o pior de tudo dessa paixão não foi o meu coração quebrado, o pior de tudo foi ter levado comigo outro coitado, o único que quis me amar de verdade e acabou engolido pela tempestade e afundou enquanto eu era cuspida do outro lado mundo, abandonada.

Charlie é um perigo, e devo lhe evitar, anoto na mente.©

Great Shawmila army...
Não desanimem... Amanhã tem capítulo
As coisas vão ficar mais interessantes no jardim dos fundos... 😋😋😋

Até la

Señorita (A sexy and Hot Shawmila fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora