Capítulo 4

5.7K 399 12
                                    

Inês POV

Estávamos agora no caminho para minha casa. Estava-mos em silêncio, simplesmente ouvindo o barulho do vento suava a abanar as folhas das árvores.

Quando chegamos a minha casa fui diretamente para a casa de banho, onde se encontrava a caixa de primeiros socorros. Ele seguiu-me e sentou-se na beira da banheira. Ajoelhei-me à sua frente e abri o creme que eu usava para estas situações. Coloquei um pouco no dedo e comecei a espalhar no corte do seu lábio. Os lábios dele eram macios e rosados, com a forma perfeita. Perfeitamente perfeitos. Quando voltei à realidade reparei que tinha passado o dedo com creme por toda a sua boca enquanto a analisava. Olhei para os olhos dele e ele já se encontrava a olhar para mim, com um sorriso recém-formado nos seus lábios.

Eu: Desculpa. - Disse, afastando-me atrapalhada. - Pega o creme. Se chegares hoje à noite, amanhã de manhã e outra vez à noite daqui a dois dias isso já nem se nota. - Disse sem expressão.

Ele ficou confuso pela minha mudança de humor, mas tem que ser. Eu não posso deixar que ele se aproxime de mim. É para o bem dele.

Ashton: Está tudo bem? - Perguntou preocupado.

Eu: Está. - Respondi enquanto guardava a caixa.

Ashton: De certeza?

Eu: Já disse que sim! - Disse rude. Olhei para o relógio, o meu pai deve estar a chegar e vai-me matar a mim e ao Ashton se o vir aqui! - Tens de ir.

Caminhei até à porta de entrada esperando que ele me seguisse. Abri a porta e esperei que ele saísse.

Ashton: Então adeus, e obrigado pelo creme.

Eu: De nada. - Disse fria. Isto custa. Saber que tenho alguém que parece querer aproximar-se, mas ter que o afastar. Apesar do que possam pensar, é melhor para ele. Quando ele soubesse da minha vida ia-se afastar na mesma, assim só poupo mais desilusões.

O meu pai chegou pouco tempo depois. Espero que ele esteja de bom humor e não esteja bêbedo.

Pai: Tu não tens que trabalhar hoje à tarde? - Disse mal-disposto assim que entrou e me viu em casa.

Eu: T-tenho. D-daqui a 10 m-minutos.

Pai: E o que é que estás aqui a fazer? Não devias estar a caminho? - Disse e deu-me uma chapada. Agarrou-me nos cabelos, obrigando-me a olhar para ele. - Vai trabalhar! Se te despedem nem sei o que te faço! - Disse e empurrou-me pelos cabelos.

Eu: S-sim. E-estou a i-ir. - Gaguejei indo em direção à porta.

Era isto todos os dias desde que a minha mãe morreu. Dirigi-me ao trabalho com as lágrimas nos olhos. Quando entrei no café fui até lá atrás buscar o meu uniforme e estava lá a minha patroa e única amiga, Anna. Ela sabe toda a minha história, pois já me encontrar a chegar ao trabalho com lágrimas ou marcas roxas na cara.

Anna: Olá Inês! - Disse com um sorriso.

Eu: Olá Anna. - Tentei que a minha voz saísse normal, mas saiu meio trémula devido ao choro.

Anna: Está tudo bem? - Perguntou preocupada.

Olhei pela primeira vez nos olhos dela e ela percebeu que eu estive a chorar.

Anna: Foi ele outra vez? - Assenti, o meu lábio inferior a querer começar a tremer. - Oh, Inês... - Veio abraçar-me. - Tens que fazer queixa a polícia de uma vez por todas!

Eu: Não p-posso... T-tu sabes que e-eu só o t-tenho a e-ele! - Disse, já a chorar novamente.

Anna: Vais vale sozinha que mal acompanhada. Tu não podes viver para sempre a sustentar os dois, a estudar e ainda a apanhar do teu pai! E tu tens-me a mim.

Eu: Obrigada, por tudo. - Disse abraçando-a fortemente.

Anna: E se for preciso tu vais morar para minha casa, sabes que és como uma filha para mim.

Eu: Vou pensar. - Disse afastando-me. - Bem, hora de trabalhar. - Disse limpando a cara molhada com as mãos.

O trabalho correu normalmente. O café apenas se encontrava mais cheio do que o costume, mas nada que eu não desse conta.

Quando voltei a casa o meu pai já estava a dormir, felizmente. Fui fazer uma comida rápida para eu comer e fui dormir.

SuicideOnde histórias criam vida. Descubra agora