𝕕𝕖𝕫

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15/07/2018
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domingo

Hoje, apesar de ser domingo, não posso ir até à esplanada. Por um lado, sinto-me aliviada por não poder ir. Muito provavelmente Jota iria lá aparecer e, a minha vontade de o ver e falar com ele é nula. Desde que viemos de férias, não falamos mais um com o outro.

O meu irmão Bernardo completa os seus vinte e um anos de vida e, por causa disso, a minha mãe pediu à família toda para a ajudar na preparação do grande almoço que iríamos fazer. Era tradição quando alguém cá em casa fizesse anos, já sabíamos que iria haver uma grande refeição à nossa espera.

Depois de algum tempo na cama, apenas a navegar pelas redes sociais, decido levantar-me para tratar de mim. Primeiro, vou até à casa de banho onde tomo um duche. Seguidamente, volto para o quarto para me vestir. Opto por uns calções de sinta subida e uma blusa branca. Calço as minhas all-star brancas e faço uma leve maquilhagem, nada de exagerado.

Desço até à sala e lá já se encontram: a minha mãe e a minha tia a verem um programa de televisão americano, o meu pai a ler o jornal, o meu irmão Miguel entretido com o seu telemóvel e um dos meus primos, Francisco, também ele entretido com o seu telemóvel.

- Bom dia! - digo assim que entro na sala.

- Bom dia Beni! - dizem todos em coro.

Vou até à cozinha e começo a preparar o meu pequeno almoço.

Enquanto o pão está na torradeira, retiro o meu aparelho eletrónico do bolso de trás dos calções e vejo que tenho uma mensagem de Jota. O meu coração automaticamente pára.

De: Jota :)

Olá... sei que não estamos nas melhores condições para te perguntar isto mas, porque é que não apareceste na esplanada? Apesar de tudo...espero que estejas bem.

Pouso o telemóvel na bancada da cozinha e, solto um suspiro frustrado.

Como é que as coisas foram capazes de chegar a este ponto? Ao ponto de não nos falarmos?

Pergunto-me várias vezes o porquê de isto ter acontecido. Foi apenas um beijo e, depois disso, nunca mais fomos os mesmos um com o outro.

- Cheira a queimado porquê? - Miguel interrompe os meus pensamentos ao entrar na cozinha.

- Merda! - murmuro e apresso-me a desligar a torradeira.

- Já estou a ver que não estás nos teus dias. - Miguel constata.

- Não comeces, por favor. - retirei as torradas da torradeira e coloquei-as num prato.

- Problemas no paraíso?

- O quê? Que paraíso? Não percebi a pergunta. - digo visivelmente confusa.

- Não sou burro. Aliás, não somos burros. Todos nós já percebemos que não estás bem e supomos que seja por causa do Jota. O que é que esse marmelo fez? - ri com o nome que o meu irmão mais velho colocara no moreno que, ultimamente, não abandonava os meus pensamentos.

- Ele não fez nada. - tecnicamente, não disse mentira nenhuma. O futebolista não havia feito nada para causar esta frustação que sinto dentro de mim. Apenas sou eu, os meus pensamentos e os meus problemas que me estão a deixar assim.

- Não me mintas, sou teu irmão e conheco-te.

- A sério, ele não fez nada.

- Pronto, eu não insisto. Mas ficas aqui avisada de que, se ele te trata mal, vai ter de se resolver comigo. - o filho mais velho da família Costa diz com um ar ameaçador.

DOMINGOS ; joão filipeOnde histórias criam vida. Descubra agora