Capítulo 1 - Virando gente grande

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A tarde estava quente, era o início do mês de setembro do ano de 1.992. Vez em quando uma brisa batia em seu rosto, o vento mais fresco amenizava o calor e brincava com seus cabelos finos. Melissa inspirava, agradecida. Não pretendia chegar ofegante e suada em sua entrevista de emprego.

Enquanto caminhava pela calçada esburacada, tentando acalmar os nervos, pensava em como seria bom estudar a noite, caso conseguisse a vaga. Sempre desejara estudar no período noturno, mas a mãe jamais permitira.

O Parque Industrial não era em nenhum aspecto agradável. Grandes barracões se estendiam dos dois lados da avenida. Muitos carros estacionados nos pátios, o cheiro de bala e café torrado misturando-se pelo ar. Se tudo desse certo, ela teria que se acostumar com aquele ambiente adverso. "Será que toda essa porcaria vai ser feia assim?". 

Enxergou de longe o imponente letreiro com as palavras BRINQUEDOS CENTOPEIA. O prédio  destacava-se da maioria, o que a animou bastante. Sua fachada de vidro espelhado atribuía-o um ar de sofisticação e leveza, contrastando com a arquitetura antiga e desleixada dos prédios vizinhos. O gramado bem cuidado que circundava o imóvel ostentava figuras gigantescas de bonecos de personagens infantis. Alguns deles, muito familiares à infância da jovem.

Melissa falou pelo interfone com o porteiro lento e distraído, que liberou a cancela e lhe indicou o caminho para o escritório de Recursos Humanos.

Uma moça muito bonita atendeu-a educadamente. Ela esperava por uma fila gigantesca, como sua mãe a havia prevenido. Mas surpreendeu-se ao ver-se só na ampla sala de espera, enquanto a elegante secretária anunciava sua chegada.

 Mas surpreendeu-se ao ver-se só na ampla sala de espera, enquanto a elegante secretária anunciava sua chegada

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Suas pernas começavam a tremer. O coração batia acelerado. Pela milésima vez pensou em como sua vida seria diferente se o pai estivesse presente. Tinha certeza que não precisaria passar por uma situação tão frustrante. Provavelmente não precisaria trabalhar tão cedo para ajudar em casa.

Melissa estava para completar dezesseis anos, ainda era difícil para ela resolver coisas que deveriam fazer parte apenas do universo dos adultos. Entrevista de emprego era algo que ela realmente preferiria não ter que encarar ainda. Falar com uma pessoa estranha que certamente iria analisá-la, poderia ser adiado por alguns anos.

O homem sentado atrás da mesa tinha uma cara simpática. Era alto, forte e aparentava uns quarenta e tantos anos. Um "coroa" bem cuidado e provavelmente muito rico.

 Um "coroa" bem cuidado e provavelmente muito rico

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Muito prazer... Sou sua filhaOnde histórias criam vida. Descubra agora