Final - Como tudo aconteceu

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Assim que assinou seu nome, alguém bateu de leve na porta do quarto.

_ Pode entrar.

Era Andréia.

_ Tem um cara lá fora querendo falar com você.

_ Quem é?

Andréia encolheu os ombros.

_ Não conheço.

Melissa viu de longe uma figura enegrecida no portão. Aproximou-se um pouco mais.

_ Gregório? – parou, deu um passo para trás. Não pretendia ser atacada no dia do aniversário.

_ Não! Por favor. Não fuja. Não vou te fazer mal algum. Prometo.

_ O que você quer?

_ Por favor, só quero falar um pouco com você.

Ela deu mais alguns passos, ainda receosa e parou no mesmo lugar onde conversara com Pedro, uma hora antes. Ele sentou-se ao seu lado na mureta. Acendeu um cigarro e se acomodou melhor.

_ Preciso te contar umas coisas e quero que você me ouça com muita atenção.

_ Eu não sei...

Ele colocou o indicador nos lábios. Suas unhas estavam sujas.

_ Me deixe falar. Por favor.

Ela concordou com a cabeça. Gregório soltou uma nuvem branca de fumaça pela boca.

_ A Clara sempre foi uma mulher muito insegura. Estou menosprezando a insegurança. – ele riu, nostálgico. _ Muito ciumenta. Perdidamente apaixonada pelo seu pai. Ele era bonitão, sabe? As mulheres estavam sempre se jogando em cima dele. Enfim. Ela fazia uma marcação cerrada encima do coitado do homem. Levava o infeliz nas rédeas curtas. Deixava o marido louco. Então ela acabou ficando muito doente. E ela sentia tanto medo de perder o Aldo. Acabou virando uma mulher depressiva, amargurada. Eles nem viviam mais como um casal. – ele olhou-a com uma expressão muito triste e continuou.

 _ Eu sei por que éramos amigos, ele me contava tudo. Ela não deixava mais que ele a tocasse. Mas ele cuidava dela. E ela gostava disso, da atenção que ele dava. Então um dia ele se cansou de tanto esperar que ela olhasse para ele de novo. Começou a ter um caso com uma moça mais jovem. – Gregório sorriu para Melissa. _ Sua mãe era a moça mais bonita que eu já vi. Mas a Helena engravidou de você e acabou morrendo no parto. Uma judiação.

Melissa fechou os olhos. "Helena... Helena."

_ Aldo te levou para casa. Disse que era filha de uma família muito pobre, que o pai era um viúvo que estava doente e precisava de ajuda. A Clara acreditou, porque ele sempre estava ajudando as pessoas. - Melissa ouvia sem interromper, torcendo para que ninguém desse por sua falta.  _ Sua irmã se apaixonou por você no instante em que te viu. Não te tirava do colo. Então, depois de pouco tempo a Clara descobriu a verdade. Você era filha dele com outra mulher. Ela ficou louca, transtornada. Então ela... – ele enxugou uma lágrima com o dorso da mão. _ colocou umas roupinhas dentro de uma bolsa e te levou até a rodoviária. Ela ia mesmo te deixar lá... Uma bebezinha, abandonada num banco qualquer... Ela já ia saindo, estava voltando para casa, mas seu pai chegou e te resgatou.

_ Eu...

_ Não terminei ainda. Ela jurou que não te aceitaria naquela casa. Prometeu que daria um jeito de sumir com você. Eu mesmo tive medo de ela fazer uma besteira. A Clara olhava para você e enxergava a traição do marido. Consegue imaginar isso? Então a Raquel disse que cuidaria da irmãzinha. Que não ficaria longe de você por nada no mundo. Aldo comprou uma casa para vocês duas morarem e se comprometeu com tudo mais.

Muito prazer... Sou sua filhaOnde histórias criam vida. Descubra agora