Capítulo 11 - Muito prazer... Sou sua filha.

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_ Você tem certeza amiga?

_ Me admira muito você me fazendo essa pergunta! Se eu tenho certeza que é hora de conhecer meu pai? Alice, eu devia ter feito isso há muito tempo. Estou bem atrasada, para ser sincera. E você melhor que ninguém sabe disso.

Era mais uma daquelas conversas entre as duas, como tantas outras durante todos aqueles anos de amizade.

_ Não sei não. Fico com medo de ele não ser a pessoa que você pensa. Me desculpe, mas tenho medo que você se decepcione.

_ Nossa. Quanto incentivo! Eu não ligo de me decepcionar. Tanto faz.

_ Até parece. Você vem sonhando com esse pai desde... Desde sempre. Ai se ele não for o que você pensa.

_ Olha, ele não precisa ser perfeito. Nem um pai é. O seu pai por acaso é perfeito?

_ Não. Ele não é.

_ Se o meu for uma porcaria. Nunca tive um pai mesmo. Ou seja, tanto faz, a minha vida vai continuar como sempre foi.

_ Não é bem assim. Depois que você o conhecer vai ser diferente. Entende? Ele vai te machucar. Você vai acabar descobrindo que ele não é o que você imaginava e daí...

_ Pelo amor de Deus! Será que dá para você me apoiar? Fazer de conta que está feliz por mim? Que droga!

_ Desculpa minha sinceridade, mas acho que você devia deixar as coisas como estão. De verdade. Você nunca teve um pai por perto e sobreviveu muito bem até aqui.

_ Nossa! Ás vezes você é bem egoísta.

_ Só estou tentando ser sincera.

_ Para você é fácil falar. Sempre teve um pai maravilhoso. Eu também tenho o direito de querer um.

_ Faça o que você quiser. Tomara que não se arrependa. Mas depois, não venha reclamar.

A opinião pessimista de Alice irritou profundamente Melissa. Não era o que queria ouvir. Queria seu apoio, precisava que a amiga a encorajasse, saiu decepcionada da casa da vizinha.

"Bela amiga eu tenho."


Mesmo sem o apoio da melhor amiga, Melissa confrontaria a mãe naquela noite, e seria durante o jantar, estava decidida. Havia se preparado para qualquer reação, já conhecia as artimanhas de dona Raquel e não se deixaria abalar. Não desistiria, mesmo que a mãe usasse todas as chantagens emocionais do mundo. E ela era boa nisso. Era a hora de mudar de vida. Já estava bem grandinha, não pretendia conhecer o pai quando já estivesse velha. E ele mesmo não duraria para sempre.

Só torcia para que a mãe não fizesse hora extra naquela noite. Mas às oito horas um carro passou lentamente em frente ao seu portão, Melissa viu-o seguir direto e parar na esquina. Era o mesmo carro das outras vezes. O "amigo". Por que a mãe não permitia que o carona a deixasse no portão?

Resolveu tomar coragem e foi até a calçada, tentou enxergar o rosto do motorista. Era impossível àquela distância. Deixou a boa educação de lado e começou a caminhar em direção ao carro. O motor estava ligado. A mãe desceu apressadamente e o carro seguiu seu caminho. Raquel a encontrou no meio do caminho.

_ Oi bruxinha! O que está fazendo aqui fora? Porque não me esperou lá dentro?

_ Qual o problema com esse cara?

_ Que cara?

_ Por que é que eu não posso saber quem ele é?

_ Como assim? Eu já te disse. É só um amigo.

Muito prazer... Sou sua filhaOnde histórias criam vida. Descubra agora