Capítulo 9 - Ele

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Na segunda, logo após o almoço, Melissa chegou a loja do avô. Ninguém prestou muita atenção na garota magricela que começaria a trabalhar naquela tarde. Era comum que funcionários novos fossem contratados a todo o momento, nem todos toleravam a rigidez de Aldo, embora muitos estivessem lá há anos, outros, desde o começo do negócio.

Às duas horas em ponto o gerente a atendeu e pediu para que esperasse pelo patrão num pequeno escritório. As duas e cinco, o velho Aldo entrou na sala.

 As duas e cinco, o velho Aldo entrou na sala

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─ Oi Melissa. Como você tá?

─ Tô bem e o senhor?

─ Levando.

O avô acenou de longe para o gerente, fazendo-o voltar.

─ Gregório, essa é a Melissa, ela vai trabalhar com a gente. Cuide de tudo, por favor.

"Não me apresentou como neta e me passou rapidinho pro gerente. Belo avô eu tenho!"

─ Deixa comigo, patrão! ─ disse o gerente.

Aldo deixou a menina sob os cuidados de Gregório e iniciou seu rotineiro tour pela loja. Por onde passava, falava com as pessoas, orientava-os, ouvia-os com atenção, dava ordens.

O homem companho-a até um caixa e pediu para uma outra mocinha auxiliá-la. De vez em quando o avô passava por ali sem parecer notá-la.

Sua função era bastante simples, precisava passar as compras dos clientes pelo caixa, receber pelos produtos e, vez ou outra, ajudar os clientes a encontrar certos itens nas grandes prateleiras. Sempre com um sorriso no rosto, como aconselhara a colega de trabalho.

Naquela mesma tarde, enquanto se esticava para alcançar uma panela de pressão para uma senhora, sentiu alguém tocar em seu braço, um toque firme sobre o resto do hematoma próximo ao cotovelo. Ela apertou os olhos e encolheu-se de dor.

─ O que foi isso?

─ Ah... Eu, eu caí de bicicleta.

─ Tem certeza? Não parece marca de queda.

─ Mas foi sim...

─ Já foi no médico ver isso?

─ Não precisei, não foi nada sério.

─ É bom dar uma olhada nisso.

A maioria dos hematomas já não existia mais, mas aquele, próximo ao cotovelo, insistia em lembrá-la do que havia acontecido no seu último dia de trabalho. Se sua mãe não fosse tão distraída, ela jamais teria conseguido esconder. Com Rafael, teve que inventar todo tipo de desculpas durante aqueles dias. Dores de cabeça, cólicas, menstruação e tudo que pôde para evitar tirar a roupa.

Mas o avô ter notado no primeiro dia de trabalho foi uma surpresa agradável. E embora ela teimasse em não admitir, sentiu-se satisfeita pela atenção repentina. Era uma alegria diferente. Um sentimento novo do qual ela não estava habituada. 

Muito prazer... Sou sua filhaOnde histórias criam vida. Descubra agora