O domingo amanheceu mais bonito, o azul, o sol claro e quente.
_ Mããããããe! Vou falar com a Alice.
_ Vá lá, amor! – assim que ouviu o portão bater, Raquel correu para o telefone na parede. Tinha muito o que falar com Pedro.
Melissa entrou pela casa da vizinha sem pedir licença.
_ Bom dia dona Yolanda. A Alice está?
_ Oi querida. Está sim. Mas não acordou ainda.
_ Ah, sim... Desculpe. Acho que vim muito cedo! Eu volto depois.
_ Não. Ela que está dormindo demais. Vá acordá-la.
Melissa caminhou pelo corredor cuidando para o assoalho não ranger, não queria acordar o pai da amiga. Bateu a mão na maçaneta, a porta estava trancada. Estranhou a novidade. Deu duas batidinhas de leve.
Em segundos ouviu a porta sendo destrancada. Alice estava descabelada e sonolenta.
_ Quem morreu?
_ Ninguém. Acorda e lava essa cara, eu tenho uma bomba para te contar. E para quê trancar a porta?
Alice foi até o banheiro, voltou em dois minutos, parecia menos disposta que antes.
_ Já que me acordou, comece a falar.
_ Já são nove da manhã. Conheci meu pai! Ahhhhh!
_ Mentira! – a menina despertou no mesmo instante.
_ Juro por Deus! Ele veio me ver ontem.
_ Você tá brincando comigo? É sério? Assim, do nada?
Então ela contou em detalhes toda a história da noite anterior para a amiga, que não parecia tão empolgada quanto ela.
_ Você tem que conhecer meu pai. Ele é muito legal! E eu acho que ele e minha mãe vão acabar se acertando. Eu sinto isso. Ele não voltaria assim do nada, não acha? Tenho certeza que alguma coisa mudou no coração dele. Ele deve ter sentido saudades dela. Ou não estariam se encontrando. Sei lá.
_ Que legal.
_ Que legal? Só isso? O que foi? Não está feliz por mim?
_ Estou. É que do jeito que me falou, sua mãe precisou ligar para ele. Parece até que ele não queria te conhecer. E ele disse por que demorou tanto? Explicou o motivo? O cara some, demora quase vinte anos para voltar. Só acho estranho.
_ Credo Alice! Como você é chata demais! Ele queria sim me conhecer. Você tem que ver como ele é bonito. E ele foi muito legal comigo ontem. É como se eu o conhecesse ha muito tempo. Sabe? Ele demonstra sinceridade... e bondade. Ele é demais! E quase chorou quando me viu. Disse que é"um imbecil de um covarde" por não ter me procurado antes.
_ Então tá... Se você está feliz, tudo bem.
_ Ah, quer saber? Que se dane! Pense o que quiser! Deixa pra lá. Nem sei o que eu vim fazer aqui. Vou voltar para minha casa.
_ Deixa de ser boba. Eu estou feliz, só estou preocupada. Eu sou sincera. Você me conhece. Volta aqui. – mas Melissa já estava longe.
Ela ligou para o namorado. Queria muito contar todas as novidades, como o pai era legal e como sua vida seria diferente dali para frente. Mas o telefone chamou até a ligação cair.
Resolveu ir até a casa dele. Não havia mais conversado com o namorado desde a pequena discussão, quando Rafael saiu emburrado de sua casa, pedindo para que ela "arrumasse a cabeça". Sim. Sua cabeça estava mais "arrumada" que nunca!
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Muito prazer... Sou sua filha
RomanceMelissa é uma adolescente teimosa e inteligente, que vive sua adolescência na ingênua década de noventa. Numa rua arborizada da periferia, entre a escola, primeiro namoro, os amigos e as brincadeiras de rua comuns da época, ela cresce insistindo no...