Melissa se dedicava cada dia mais a loja do avô. Em pouco tempo, já instruía os colegas. Tinha facilidade com os cálculos e conquistava o carinho dos clientes e dos fornecedores. A todo o momento alguém a solicitava. Era querida pelos colegas.
Numa tarde de grande movimento o gerente, Gregório, passou apressado pelo seu caixa.
_ O velho quer te ver!
"Quem ele pensa que é para falar desse jeito do meu avô? Velho?!"
Aldo estava sentado atrás de uma enorme pilha de papéis.
_ Quer falar comigo?
_ Sim... Senta aí. – indicou a cadeira em sua frente. Puxou para o lado os documentos que analisava.
_ Quer ser minha subgerente?
_ Eu?
_ E tem mais alguém aqui? – disse, levantando os óculos da ponta do nariz.
_ E o que uma "subgerente" faz?
_ Ajuda o Gregório com o atendimento aos fornecedores. Aprende a comprar. Fiscaliza os caixas. Fica de olho nos clientes... Faz um pouco de tudo. O subgerente se prepara para ser, talvez, um gerente um dia.
_ É... Parece fácil. Eu aceito! - dentro dela algo explodia de alegria: "um gerente um dia".
_ Muito bom. – o avô disfarçou a satisfação. _ Vou preparar a documentação e amanhã cedo venha direto ao meu escritório. Pode ir agora. – baixou novamente os óculos para o nariz e puxou a pilha de papéis de volta.
_ Obrigada.
Pelas costas da menina, Aldo sorriu.
Melissa se voltou de repente para ele, o velho imediatamente ficou sério.
_ Vovô... O que aconteceu com o Miguel? Quer dizer, o senhor teve alguma coisa a ver com o sumiço dele. Não teve?
_ Sumiço? Não estou sabendo de nada.
_ Sei... Então tá.
O velho a olhava com serenidade e ela podia jurar que havia um leve sorriso em seu rosto. Com certeza havia.
Melissa seria a subgerente de uma grande loja. Seria a subgerente do avô. Ele confiava nela. Agora só precisava pensar em como iria contar a novidade para a mãe.
_ Mãe, você não vai acreditar no que aconteceu hoje!!
_ Hum? – Raquel estava totalmente distraída, enquanto pregava um botão numa camisa da filha.
_ Presta atenção, olha aí, você costurou errado! Não acredito. - a menina riu. _ Você pregou as costas da camisa junto! Está vendo? – Melissa enfiou a mão dentro da peça.
_ De novo? Não pode ser tão difícil assim. Mas que coisa mais chata é esse negócio de costurar! Quer saber? Não nasci para isso, mas me conta o que aconteceu de tão extraordinário!
_ Virei subgerente!
Raquel espetou o dedo.
_ Ai! Porcaria! – ela botou o dedo na boca e ficou olhando para a filha com a testa franzida.
_ Legal, não é? – perguntou Melissa.
_ Pelo jeito você e seu avô estão se entendendo muito bem.
_ Até que ele não é tão ruim. Depois que se conhece melhor.
A cada dia os dois se aproximavam mais. Raquel precisava fazer alguma coisa.
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Muito prazer... Sou sua filha
RomanceMelissa é uma adolescente teimosa e inteligente, que vive sua adolescência na ingênua década de noventa. Numa rua arborizada da periferia, entre a escola, primeiro namoro, os amigos e as brincadeiras de rua comuns da época, ela cresce insistindo no...