Numa noite, lá pelas onze da noite, Melissa esperava Raquel chegar do trabalho, enquanto matava a hora assistindo um filme na TV. A luz da sala estava apagada, a televisão quase inaudível. Seus olhos custavam a manterem-se abertos. Ouviu o som do motor de um carro. Olhou o relógio na parede, onze e cinco. Devia ser a mãe.
Levantou-se lentamente, na pontinha dos pés. Porque ela fazia aquilo? Não devia sondar a mãe. Pensou. Nem por isso desistiu. O carro estava estacionado a poucos metros do portão. Mas ela reconheceu a silhueta da mãe.
Pôde vê-la conversando descontraidamente com o motorista. De onde estava não conseguia enxergar o rosto dele. Os dois se abraçaram demoradamente, era melhor voltar para o sofá, à mãe estava se despedindo e logo entraria em casa. Mas alguma coisa a prendia ali.
O casal no carro começou uma conversa que acabou transformando-se numa discussão acalorada. Raquel desceu do carro, bateu a porta e saiu sem despedir-se do motorista.
Quando a mãe abriu a porta, Melissa fingiu dormir no sofá.
─ Amor... Acorda. Ei bruxinha, vai dormir na cama.
Melissa levantou-se embrulhada no cobertor, caminhou até o quarto arrastando os pés e deitou-se estirada na cama, logo pegou no sono.
No café da manhã, a filha tentava segurar a curiosidade. Nunca fora de perguntar sobre os romances da mãe. Mas sentia um incontrolável desejo de saber quem era o homem que fizera a mãe perder a calma, e por quê?
─ Mãe... Quem te deu carona ontem?
─ Ah! Ninguém.
─ É a primeira vez que eu vejo "ninguém" dirigindo... É um amigo do trabalho? Eu conheço?
─ Não, você não conhece ─ Raquel parecia incomodada com a curiosidade repentina da filha ─ Filha, não se esqueça de que hoje eu vou chegar mais tarde. Peça para Alice ficar com você.
Ela estava desconversando. Porquê? Talvez a mãe estivesse apaixonada.
─ Tá namorando, mãe?
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Muito prazer... Sou sua filha
Roman d'amourMelissa é uma adolescente teimosa e inteligente, que vive sua adolescência na ingênua década de noventa. Numa rua arborizada da periferia, entre a escola, primeiro namoro, os amigos e as brincadeiras de rua comuns da época, ela cresce insistindo no...