Capítulo 5 - Um beijo amargo

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No mês de fevereiro, a Centopeia exportava brinquedos como nunca. O trabalho no escritório havia dobrado. Os dias eram agitados. Naquela tarde, no final do expediente, Miguel se aproximou da mesa da jovem secretária.

─ O que você vai fazer hoje à noite? 

Desde a noite que estivera na mansão do patrão, Melissa não havia mais tido problemas com ele, exceto pelas flores, que combinaram muito bem com a lixeira do pátio.

─ Hoje?

─ Isso, hoje.

"Que merda!"

─ À noite?

O homem não respondeu, olhava para a garota com as sobrancelhas levantadas, visivelmente  impaciente.

─ Hoje à noite... "Ai meu Deus do céu, e isso agora, o que eu falo?"  Eu não tenho compromisso.

Ela provavelmente iria concluir a arrumação do antigo fichário da garagem. "Melhor resolver de uma vez e pronto."

─ Preciso que termine de organizar o fichário. Aquilo está me incomodando.

─ Tudo bem. Eu faço isso.

Ligou para a mãe em seguida.

─ Quem vai estar na casa? Não dá para dizer que não pode? Você podia falar que já tem compromisso. Ai, ai, ai, não gosto dessas coisas!

─ Mãe, eu já disse que não tenho compromisso

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─ Mãe, eu já disse que não tenho compromisso. E eu preciso terminar de arrumar aquela papelada, não tem jeito. Melhor fazer logo de uma vez.

─ Isso não tá certo... Mas se tem mesmo que ir... Talvez eu possa ir com vocês.

─ Mãe... Tá doida? ─ bem que lá no fundo, ela queria, mas preferia não passar por um constrangimento tão grande. "Pagar mico!" Ela já tinha dezesseis anos, pelo amor de Deus ─ Não sou mais um bebê! Quer me fazer perder o emprego?

Logo que estacionaram, o mesmo cachorro veio outra vez receber o dono, que foi amável e atencioso.

Na garagem, Melissa pôs-se prontamente a abrir as gavetas e retirar a papelada de seu interior. 

O patrão retirou-se, mas voltou em poucos minutos com duas taças e uma garrafa nas mãos. Colocou-as sobre o fichário.

─ Vamos comemorar!

─ O quê? É seu aniversário?

─ Que aniversário que nada! Depois de certa idade isso não é mais motivo pra comemoração. Acredite em mim. Vamos comemorar a vida.

─ Desculpa, mas eu não bebo álcool.

Ele já havia enchido as taças e não parecia disposto a desistir de fazer com que ela ao menos provasse o vinho.

─ Mas hoje você vai beber um pouquinho... Só um pouquinho não vai te matar ─ fez cara de ofendido ─ Tô feliz com a empresa, estamos melhor que nunca e você, mocinha, também é responsável por isso!

Muito prazer... Sou sua filhaOnde histórias criam vida. Descubra agora