Capitulo 33

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      Seus lábios eram macios, mas antes que ela pudesse seguir a diante, me afastei dela, de sua cama, e então a luz se acendeu novamente... me cegando dolorosamente.

      Depois de alguns segundos a minha visão finalmente consegue se ajustar a claridade repentina. Olho para a Sarah atordoada com o que aconteceu.

"Aelin, não é o que você está pensa-" — ela diz balbuciando resposta, mas logo foi interrompida por mim.

"É melhor eu ir embora!" — eu rispidamente digo e coloco meu sapato, corro para a porta e a fecho. Então pego o elevador e vou embora daquele lugar.

      Assim que chego na rua o vento forte chicoteia meu rosto, está chovendo muito... muito mesmo. Trovões e raios estão presentes no momento. Será que devo voltar para o apartamento da minha amiga e encarar o fato de que quase nos beijamos... ou ir embora na chuva? Um cabelo molhado não vai fazer mal...

       Quando meu aparelho eletrônico que tinha pegado em um lugar que sei que dificilmente vai molhar. Então saio correndo para a noite adentro.

      Meu rosto logo fica molhado, como minhas roupas. Não tem ninguém na rua agora e tudo está tão silencioso e calmo... isso é tão estranho! Está tá tudo tão frio, meus dentes batem um no outro por conta de estar tremendo! Sinto meu interior congelando aos poucos... caramba estou em pânico! Será que depois disso a minha amizade com a Sarah vai acabar? Por conta de um deslize... eu não quis beija-la, ela que se aproximou de mim. Vou ter que resolver isso mais tarde.

      Depois de alguns minutos, chego a mansão encharcada e cambaleando um pouco, concerteza vou ficar doente... ah não, esqueci meus fones de ouvido lá! Mas não há problema!

      Estou com o corpo dolorido por conta do frio, e particularmente não coloquei uma roupa tão quente já que o dia estava bonito e fresco. Tento abrir o portão de ferro, o que se torna impossível por conta da minha pouca força.

      Como provavelmente ninguém vai abrir, saio dali e dou a volta, indo para os fundo e acabo chegando ao jardins.

      Tenho que passar pela floresta, como não sei ainda controlar muito bem minha transformação como feérica... não vou conseguir enxergar muito bem! E se eu tentar me transformar em vento? Espero que tenha energia o suficiente para fazê-lo.

      Fecho meus olhos, meus braços em volta de mim para tentar criar um mínimo de calor, imagino meu corpo se dissolvendo e virando pó... o que acontece.

      Vejo tudo rapidamente, então decido parar em qualquer lugar, foi bem na sala de jantar. Os Bartholy estavam lá, mas não consegui ver o que faziam ou falavam. Estava no chão tremendo de frio... gostaria de ir para o meu quarto mas não teria forças para continuar voando até lá.

      Um dos irmãos vem até mim e coloca a mão em meu pescoço e testa.

"Ela está congelando." — não consigo distinguir a voz, tremo incontrolavelmente.

      Me sinto cada vez mais gelada, como se tivessem jogado um balde de água bem fria em cima de mim. Consigo abrir um pouco o olho e vejo que o chão que normalmente estava com o piso escuro, agora é algo mais branco e escorregadio.

      Sinto mãos me segurando e levando-me para algum lugar, não consigo saber muito onde estou... escuto algo crepitando e solto um suspiro de prazer e satisfação quando sinto o calor da lareira me aquecendo.

      Aos pouco paro de tremer e consigo pensar normalmente. Todos os vampiros (menos a Lorie) estão aqui, seus olhares de preocupação, até o Drogo estampa esse olhar!

"Pode me dizer o que aconteceu?" — Nicolae pergunta.

"Sai na chuva?..." — eu respondo com a voz muito rouca e falhando algumas vezes.

"Isso é bem aparente. Por que veio? Não ia passar a noite na casa de sua amiga?" — o mesmo fala, com severidade.

"É... aconteceu algo e tive que voltar. Nada de mais..." — assim que termino minha frases, espirro.

"E por isso vai ficar doente! Quem era a sua amiga?" — o mais velho pergunta e eu respondo que era a Sarah — "A Osborne? Achei que tivesse mais juízo!"

"Ela é minha amiga, não pode mudar isso!" — eu digo, pelo menos espero que ainda seja. Afasto qualquer tipo de conversa com um movimento da mão. — "Vou ir para o meu quarto e ficar na minha cama."

      Me levanto com um pouco de dificuldade e subo as escadas, um pouco lenta demais. Assim que chego ao meu quarto, ando diretamente ao banheiro e tomo um banho bem quente e demorado... assim que saio deito-me em minha cama e solto um suspiro frustrado.

"Mas que coisa! Não posso ter um dia em paz! Decidi passar a noite vagando pela cidade e aí minha melhor amiga decide me convidar e no final ela..." — eu falo, exclamando minha chateação sobre o dia... incapaz de pronunciar o que ela ia fazer.

"Coitadinha...?" — ouço uma voz conhecida por mim. Não respondo. — "Sei que está acordada!"

"Me deixa em paz!" — eu digo, me virando de costas para o Drogo que está encostado no batente da porta... fechada.

"Calma aí nervosinha!" — ele zoa e apenas dou de ombros irritada. Ele não tem nada para fazer e agora quer que eu fique me agarrando com ele.

"Vai embora!" — eu respondo grotescamente. Também não conseguirei beija-lo sabendo que beijei outra pessoa.

      Sinto movimentos atrás de mim e percebo que o vampiro se sentou na minha cama. Ele não pode nem me respeitar?

"O que aconteceu?" — o mesmo me pergunta.

"Não vejo o por que isso lhe interessa!" — eu respondo friamente. Por que estou tão assim? Isso não é normal...

"Sabe, gosto de saber das coisas!" — ele do sarcasticamente.

"Tem coisas que precisam ficar em segredo!" — eu digo, continuando de costas.

      Lágrimas de repente enchem meus olhos... lembrei que dia é hoje! Amanhã é o dia que completa 8 anos desde que minha irmã foi assassinada! Como pude me esquecer disso?! Está explicado a minha sensibilidade, meu inconsciente estava me precavendo.

      Com um movimento rápido, Drogo da um jeito de me pegar e me coloca em seu colo. O que me deixa um pouco sem reação. Ele então percebe meus olhos cheios d'água.

"Coisinha, o que foi?" — o loiro me pergunta.

"Nada... só estou um pouco gelada... nada de mais..." — tento dar uma desculpa, mas um soluço escapa de mim.

      Saio de seu colo imediatamente. Me dirijo ao outro lado da cama e desvio seu olhar do meu.

"É melhor você ir. Preciso dormir. Talvez amanhã eu tenha aula de treinamento com o Rowan." — eu digo erguendo o queixo e recompondo a compostura.

      Drogo me obedece e sai do meu quarto, em silêncio... parecendo pensativo. Quando o mesmo fecha a porta atrás de mim, minhas lágrimas rolam a solta.

      Imagens de minha irmã me vem à mente. Ela era um pouco parecida comigo, toda vez que me olho no espelho vejo seus olhos refletindo nos meus. Por que a vida foi tão cruel e tirou uma das coisas que mais amei, e amo? O que fiz para merecer tudo isso?

       Escuto algo sendo derrubado e meus olhos vão direto para aquele objeto em particular. Um colar, que minha irmãzinha sempre usava, ele para em frente ao meu espelho da minha penteadeira.

      Me abaixo para pega-lo do chão. Que estranho, tinha quase certeza de que ele estava na minha gaveta! Assim que me levanto, meus olhos se voltam para o espelho para observar a única coisa que eu e Feyre tínhamos em comum. Mas dessa vez não foi a minha imagem que apareceu... não pode ser! Posso estar apenas alucinado de forma bem louca... o que diabos está acontecendo comigo?

"Quanto tempo..." — uma voz que fazia tempo que não ouvia ressoa em meu quarto... meus Deus!

Is it love? Drogo - Rainha das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora