Assim que ele fala isso, sinto como se algo dentro de mim estivesse sendo quebrado e pisoteado cada vez que ele parece em desespero. Uma ferida que estava se curando... acabou de ser aberta e estão enfiando lâmina nela!
"O que é para eu pensar então? Tenho olhos e ouvidos ótimos... vi o que pretendia fazer..." — eu digo, minha voz cansada e dolorida.
"Merda, não é nada disso que você viu!" — ele diz e para repentinamente. Mas o que ele está fazendo?
Ele me encara sem piscar, minha mente começa a doer... mas que estranhão! Sinto como se garras estivesse tentando alcançar o meu... presente?! Ele está tentando apagar o que eu vi para ele ficar limpo!
Dou um soco em seu estômago, como ele é vampiro o mesmo não vai sentir dor, mas era apenas para ele sair de seu transe mental!
"É sério isso? Está tentando entrar na minha mente para limpar a sua sujeira? Qual o seu maldito problema?" — eu falo nervosa.
Impressionantemente eu não consigo me sentir triste ou ter raiva dele, só sinto uma grande decepção de ter confiado nele e o Drogo ter quebrado isso...
"Aelin me escuta!" — ele exclama desesperado.
"Não! Você me escuta! Você realmente me usou?" — eu pergunto, ele fica em silêncio... o pior que já ouvi — "Então não tem mais nada a ser explicado."
Parece que estou respirando vidro. Ainda não consigo entender de como aquele sentimento de amor e alegria se tornou em tanto sofrimento. Percebo que a minha volta está mais escura e acho que sombras estão saindo de mim. Não faz diferença.
Aquele peso nas minhas costas voltou mas nem percebi.
"Por favor..." — ele diz cansado, seus olhos transmitem tanta culpa.
"É o cacete! Você me vê como um mero objeto. Agora entendi o coitadinha! Às vezes é tão interessante como as pessoas podem fazer o teu mundo subir e depois destruí-los!" — eu digo debochada, mas ainda não consigo sorrir.
"Por favor... coração de fogo! Deixe-me explicar!" — Drogo súplica.
"Não me chama assim!" — tendo dizer friamente mas minha voz me trai, um soluço escapa de mim.
Uma lágrima que eu estava segurando escorre pela minha bochecha, depois outra... depois outra.
O vampiro estende a mão para limpa as minhas lágrimas mas dou um tapa na sua mão para afastá-lo.
"Nunca mais tente encostar em mim!" — eu digo então o choro que eu estava segurando sai e transborda.
Nao quero que ele me veja assim, não vou dar essa maldita satisfação a ele! Me viro de costas para ele e corro e corro o mais rápido possível. Então pego impulso e bato minhas asas o mais forte possível. Então saio do chão e vou para cima. Não quero ficar na mansão, não quero ver ninguem. Preciso sair de mim. Meu corpo todo dói.
Voo até não estar mais nos limites da mansão dos Bartholy. Minha vida estava tão boa... mas prefiro saber a verdade dolorida do que viver uma mentira.
No centro da cidade, estou no alto e ninguém me vê. Avisto um mercadinho e bom, vou dar uma passada lá.
Pouso em um lugar escuro e recolho minhas asas e faço minhas sombras saírem. Verifico se não estou na transformação feérica... ok, humana novamente.
Caminho desanimada até o mercadinho e entro, alguns vendedores tentam falar comigo mas apenas ignoro. Vou na sessão de bebidas e acho o que queria: Vodka. Pego duas garrafas desse líquido e vou para o caixa.
A moça me olha um pouco assustada, eu intrigada imediatamente olho para as bebidas... 50% álcool cada uma, então se eu tomar as duas vou estar 100% fora de mim... melhor assim.
Digo que quero mesmo assim e ela passa, deu 50 pratas. Não me importo mesmo e pago.
Quando vou sair ela acaba me perguntando.
"Licença, quantos anos você tem?" — ela diz.
"Doze." — eu respondo ironicamente, fechando a cara e saio do lugar.
Com a sacola em uma das mãos vou para um lugar escuro e conjuro minhas asas illyrianas de volta e voo a céu aberto. Chego no terraço de um prédio bem alto e me sento ali, não na beirada, no meio e abro a primeira garrafa e tomo um gole.
O líquido queima a minha garganta. Um sabor amargo e bom ao mesmo tempo desse para o meu estômago. Bebo mais um e mais um, já que ninguém se importa comigo... vou beber como se não existisse o amanhã!
Bebo direto, sem parar. Quando percebo a garrafa grande de Vodka já está na metade. O céu gira um pouco mas nada que eu não possa lidar. Bebo mais e mais por um tempo, afogando minhas... mágoas. Sinto algo gelado no meu corpo e olho para cima, está chovendo. Meus cabelos logo estão pingando e minha blusa gruda no meu corpo... isso me lembra um momento na piscina com o... Drogo! Ele não sai da minha cabeça. Lágrimas novamente começam a descer pelo meu rosto.
(...)
Chegando no fim da primeira garrafa, decido sair do terraço.
Assim que chego no chão, cambaleio um pouco... hora de se transformar em humana de novo! O mundo a minha volta gira mas quem se importa? Eu destruiria esse mundo por desprezo! Eu abro a segunda garrafa e começo a tomar.
Caminhando pelas ruas sem prestar atenção, acabo encontrando uma casa grande e assustadora... mas é familiar, então por que não entrar?
Finalmente chego em algum lugar! Tem uma escadas grandes na minha frente e outros cômodos ao meu lado. Ainda bebendo, tento subir as escadas... cada passo mais lento que o outro...
Chego em um corredor cheio de... coisas para passar. Qual é o nome disso? É... porta, eu acho que se chama assim.
Uma porta mais que familiar está a poucos metros de mim. Uma garrafa ainda no começo... está na minha mão direita, a que estou ainda bebendo. Tem uma vazia na minha mão esquerda... ou será que é a direita? E se isso for alucinações e eu não tiver mãos?
Tento abrir a porta de um quarto com um negócio de passar familiar, mas não consigo abrir... por que? Sou tão adorável!...
Deixo a garrafa vazia no chão e abro o que quer que seja!
Um quarto bonito e feminino aparece em minha visão, ao longe tem uma foto... minha! Provavelmente isso deve ser meu.
Fecho a porta e continuo a beber a segunda garrafa de Vodka. Que gosto bom, deveria ter provado mais vezes.
Começo a remexer meu corpo em um ritmo rápido e animado, esbarrando em cômodas ao meu redor. Derrubo um pouco de álcool na minha blusa e calça... bom! Continuo a tomar e a pular... quem sou eu?
Levanto a garrafa como se fosse brindar com alguém e vejo que ela está na metade. Uau! Eu sou demais, não sou? Por que estou bebendo mesmo?
O cenário do quarto começa a girar e eu cambaleio para todos os lados. A escuridão me vem à mente e sinto meu corpo relaxa do mais e mais. Uma dor fraca nas minhas costas indica que acabei de bater em algo.
Um sono vem bater na porta de minha alma, e o convido para tomar conta de mim.
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Is it love? Drogo - Rainha das Sombras
FanfictionAelin Archeron chega em uma nova cidade para recomeçar sua vida. Para pagar a faculdade, ela trabalha como babá para um família: os Bartholy. Mas começa a perceber comportamentos estranhos neles, como em seus amigos e... em si mesma. Em meio a guer...