Carla abre os olhos devagar... Ela olha para um lado, olha para o outro e os fecha novamente. Ela os abre outra vez e respira fundo, sua cabeça dói.
- Onde estou?
- Na enfermaria. - Diz Beto chegando mais perto da sua irmã.
- O que foi que aconteceu?
- Você dormiu na sala de aula. - Respondeu uma voz feminina que ela reconheceu como a garota que a segurava quando acordou.
- Dormindo?
- É! Dormindo. Você começou a resmungar alto e a falar coisas estranhas.
- O quê? Não. Não. Eu não estava dormindo. Você estava o tempo inteiro comigo Beto. Você viu...
- Não vi nada. – Disse Beto sério. – Você começou a tremer quando eu fui te acordar, e ai começou a berrar e logo depois desmaiou.
- Desmaiei?
- Mas e os alunos? O professor? Os fantasmas no armário?
A enfermeira, o professor, Beto e Marina se olharam. Marina se abraçou a enfermeira, uma senhora morena, rechonchuda e muito bondosa, que fez uma careta para o professor.
- Carla, você vai ficar descansando aqui hoje. Nada de aula para ela Gian.
- Claro, claro, não quero fazer nada que prejudique os meus alunos.
- Podem ir então. Ela vai ficar bem. - Disse a enfermeira indo para a sua sala.
- Não! Não! Por favor, fiquem aqui comigo. - Disse Carla agarrando forte o suéter do irmão e de Marina.
- Tudo bem, tudo bem. - Disse Dona Salete, a enfermeira, olhando para ela. - Você, Marina, fique aqui com ela, deixe o irmão ir para a sala pegar a matéria. Acho que você vai se sentir melhor com alguém ao seu lado.
- Uhum... Resmunga Carla com um pequeno caminho de lágrimas em sua face.
- Então está bem. – Beto então segura no ombro de Marina. – Cuide bem dela.
- Pode deixar. - Disse Marina com cara de preocupada.
O tempo foi passando e Carla e Marina aproveitam para se conhecer um pouco mais. Elas estavam num bate papo muito descontraído quando o sol foi tampado por escuras nuvens, trazendo consigo, uma forte rajada de vento que fez as cortinas do quarto voar, derrubando alguns potes de remédios que estavam em cima de um armário.
Marina então se apressa em fechar as janelas e ajuntar os medicamentos. Carla repara que havia alguém atrás de uma das cortinas, mas fechou os olhos, sacudiu a cabeça e quando olhou novamente, para o seu alívio, ninguém estava ali. Então, quando Marina arrumava os últimos frascos, olhou para Carla e, timidamente perguntou:
- Carla... Desculpe, mas, que história foi aquela de fantasmas no armário?
Carla respira fundo, contendo a vontade de chorar e mexendo com suas mãos olhou para Marina com a cara mais alegre e respondeu:
- Não foi nada. Não passou de um pesadelo.
Marina olha seria para Carla e cruza os braços.
- Não sei por que, eu não acredito em você.
- Você não pode tratar sarcasticamente alguém que você acabou de conhecer...
- E quem disse que eu estou? - Interrompe Marina ficando em silencio.
Um trovão ruge lá fora iluminando todo o quarto, fazendo a energia do local vacilar por um instante.
- Me desculpe, mas é que eu não estou sendo sarcástica. É que...
- É que? Incentivou Carla.
Marina olhou pela porta, para ver se Dona Salete não estava por perto e a fechou. - É que eu também os vi.
- O quê?

VOCÊ ESTÁ LENDO
Histórias Assombradas
Mystery / ThrillerEm histórias Assombradas, você irá encontrar quatro contos, onde terror, suspense e um pouco de fantasia se misturam para trazer alguns medos que tivemos na nossa infância, e alguns que não querem nos largar na vida adulta. São eles: *Nunca brinque...