Os dois irmãos beberam o máximo de água e açúcar que seus corpos conseguiram absorver. Gabriela estava encostada no balcão da pia, olhando para seus dois cachorros que dormiam tranquilamente em suas casinhas, totalmente imunes a tempestade. Gustavo estava sentado nos três degraus que dava acesso á cozinha, olhando para o chão, tentando encaixar as peças daquela situação.
- Sabe Gabi. O pai e a mãe disseram que falaram com os donos da casa antes de nos mudarmos para cá, e eles disseram que nunca ninguém morreu aqui, nem foi velado, nada do tipo. Só eles viveram aqui, e nunca viram nada. Nada!
- Sabe. É até engraçado. Não conseguimos ligar para os nossos amigos, mas recebemos coisas deles, e nem de casa conseguimos sair por causa desta bendita tempestade.
- Isso é realmente estranho.
- Temos que conseguir falar com alguém.
- Vamos tentar então... Mas antes que Gustavo pegasse o telefone do gancho, o celular de Gabriela começou a tocar.
- Alo? Ana... Oi! Até que em fim né. A gente estava preocupado, a gente não conseguia ligar para vocês.
- Oi Gabi. - Diz Ana tranquilamente. – Só estou ligando para te dizer que...
- O que? Ana? A ligação tá ruim.
-... E que está tudo bem. E a ligação acaba bem ali.
- Alô? Ana? Alô? Ai que coisa!
- O que foi?
-Caiu a ligação!
- Então liga de novo. Deve ter acabado os créditos dela.
Gabriela tenta ligar, mas Ana não atende. Ela tenta uma, duas, três vezes e nada. Tudo que houve é a mensagem de que o telefone solicitado está desligado ou fora da área de cobertura.
- Já sei! Vou mandar uma mensagem para ela avisar o pessoal para virem aqui amanhã. Domingo é perfeito para uma reunião entre amigos.
Após uma hora, a chuva parou. Gustavo e Gabriela estavam assistindo um bom filme de humor tentando se esquecer do ocorrido, e claro, filmando tudo.
Então. Alguém bate na porta.
- Ué. Quem será? Diz Gustavo pausando o vídeo.
- Não sei, vamos lá ver.
- Vamos! Mas da o meu celular aqui que ele ainda está gravando, vai que é alguma coisa estranha de novo.
Ao abrirem a porta, eles têm uma surpresa...
- Marlon! - Dizem os dois irmãos com alegria.
- Entra cara. Nossa, você está todo molhado. Entra, vou pegar uma toalha para que você poça se secar. Espero que minhas roupas não fiquem pequenas em você. - Disse Gustavo brincando, pois o seu amigo era muito alto.
Gabriela então senta no sofá de frente para o amigo e pergunta:
- Por que você não atende o celular? A gente tentou te ligar várias vezes.
-É que ele caiu em baixo da cama... E ele estava no silencioso... Disse Marlon sério.
-Ó Marlon. Aqui está uma toalha e umas roupas secas. Queres algo para beber?
Marlon estava sentado no sofá olhando para a parede, sem dizer nada.
Os dois irmãos se olharam, Gustavo olhou seu celular em cima da estante, tudo estava sendo gravado.
- Marlon? - Ele então colocou a mão no ombro do amigo.
- Sim?
- Água?
- Pode ser...
Gustavo então foi até a cozinha pegar uma garrafa de água gelada e Gabriela ficou com Marlon na sala.
Gabriela estava inquieta, seu amigo estava estranho e então perguntou:
- Marlon você está bem? Você está pálido e estranho.
Marlon então olhou bem nos olhos da amiga por alguns segundos, depois olhou para o celular de Gustavo que estava em cima da estante gravando tudo.
- Aqui está. - Diz Gustavo trazendo a água.
- Obrigado, Disse Marlon bebendo rapidamente toda a água.
- Mais. - Diz Marlon dando o copo para que Gustavo o enchesse de novo.
Novamente ele bebe tudo.
- Mais.- Diz ele olhando para Gustavo. Gustavo da mais um pouco e logo após beber toda a água que estava no copo, Marlon pega a garrafa das mãos de Gustavo e bebe tudo no gargalo mesmo.
- Mais. - Diz ele por fim. – Só que antes eu quero ir ao banheiro.
- Está bem então. - Diz Gustavo pasmo. - Vai lá que em quanto isso eu pego mais água.
Marlon então vai para o banheiro. Os dois irmãos se olham em silêncio. Gustavo vai para a cozinha pegar mais água e volta para a sala, só que Marlon não havia voltado ainda.
- Ele ainda tá no banheiro?
- Claro! - Responde Gabriela. – Depois de toda aquela água, até eu ficaria uma hora no banheiro.
Os dois irmãos esperaram em silêncio, até que por fim escutaram a porta se abrir.
Gustavo então se levanta e vai em direção da porta do banheiro.
- Até que em fim Marlon...
Gustavo fica de boca aberta. A porta do banheiro estava aberta, a luz apagada e não havia ninguém no lá dentro.
- Pra onde ele foi? - Perguntou ele mais para sí mesmo do que para a irmã.
- Como é que é?
- Pra onde o Marlon foi?
- Não sei, ele não está na cozinha?
- Não. - Diz Gustavo voltando de lá.
- Vamos procurá-lo!
Os dois então procuram por toda a casa, mas nada.
Na sala os dois se jogam no sofá em silêncio, então, depois de alguns minutos...
- Que estranho. É como se ele não tivesse vindo aqui. - Diz Gustavo olhando para as roupas e a toalha, ainda dobrados no seu lado no sofá.
As luzes piscam.
Gabriela se levanta do sofá, troca o celular do irmão pelo seu e diz:
- Venha, vamos ver se não foi nenhuma alucinação.
E os dois irmãos sentam um do lado do outro para conferir o vídeo no celular.
Após alguns minutos vendo o vídeo, eles notaram que não havia nada de errado, Marlon esteve realmente ali, mas na hora em que os dois saíram da sala para procurá-lo, algo aconteceu.
Marlon saiu de trás do sofá fantasmagoricamente, ficou olhando para o celular muito sério e então disse: - Liguem a TV.
Ele então se sentou no sofá, as luzes piscaram e ele apareceu em pé coberto por um lençol, depois mais um corpo apareceu ao seu lado, deitado, só com as pernas e uma mão para fora, então as luzes piscaram, os dois sumiram, e Gustavo e Gabriela voltaram para a sala.
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Histórias Assombradas
Misteri / ThrillerEm histórias Assombradas, você irá encontrar quatro contos, onde terror, suspense e um pouco de fantasia se misturam para trazer alguns medos que tivemos na nossa infância, e alguns que não querem nos largar na vida adulta. São eles: *Nunca brinque...