Dois dias depois, é anunciado que eles terão um trabalho em equipe e o professor Gian anuncia que os alunos poderão escolher os grupos. Após pequena bagunça por conta da animação de todos, apenas Adriana sobra no meio da sala, sentada em sua carteira, olhando através dos cabelos caídos em sua face.
- Pessoal, ainda temos uma aluna sozinha. Quem vai ajudar nossa colega a se agrupar? - Pergunta Gian.
Ninguém se manifesta, até que Carla da um passo á frente.
- Nós a aceitamos.
Todos, inclusive Beto, Marina e até a própria Adriana olham para Carla com cara de surpresa.
- Muito bem então. Vocês já sabem os seus assuntos, então, para a biblioteca!
Todos saem da sala na maior bagunça.
- O que foi isso? Você se esqueceu de que não devemos fazer caridade? Nem ficar perto dela?
- Que é isso Beto. Nada a ver.
- Como se os fantasmas que nos seguem não fossem o suficiente.
- Fantasmas? - Pergunta Adriana.
Os três olham com surpresa para ela.
- Quando ela chegou aqui? - Pergunta Beto baixinho para Carla que o cutuca.
- Eles estão falando do filme que vimos ontem à noite que envolvia fantasmas numa biblioteca.
- A tá...
- Vamos? Só faltam vocês. - Disse professor Gian os empurrando para que eles saíssem da sala.
Na biblioteca eles sentam em uma mesa mais afastada.
Após terem pesquisado por um longo tempo, Carla olha para Adriana e pergunta:
- Adriana.
- Sim. - Responde ela não tirando os olhos do caderno onde não para de escrever.
- Desculpa a pergunta, mas por que as pessoas te chamam de garota fantasma?
- Carla... - Alerta Beto.
- Não faz mal Roberto. Todos já sabem mesmo. - Não tirando os olhos do caderno, ela continua falando - Eu tenho o que as pessoas chamam de dom. O dom de ver e falar com os mortos.
- Dom? Para mim isto é mais uma maldição.
- Eu também acho... E por vezes é bem assustador Roberto.
Ela então fecha os livros e o seu caderno e olha para eles. Os três amigos estão em silêncio e com os olhos arregalados olhando para Adriana, que os observa através de seus cabelos caídos sobre a face.
- É verdade. Às vezes eles meio que sugam minha energia e até me possuem, o que me deixa muito fraca, e é por isso que eu tenho muitas faltas no meu currículo escolar.
- Sinto muito... Ia dizendo Carla que foi interrompida por Adriana...
- Não sinta. Sei que vocês também viram o que eu vi.
Eles a olham com espanto.
- Sabem por que faltei semana passada? Bom, uma garota estava aparecendo para mim aqui na escola. Não sei por que só agora ela resolveu falar comigo, mas tudo bem. Ela me levou até a biblioteca e lá ficou brava e começou a chorar, não conseguia falar direito, pois ela foi a tal garota que morreu aqui há alguns anos atrás.
- A que se jogou da janela? - Pergunta Beto.
A luz do abajur da mesa deles da uma piscadela. Beto consegue ver o corpo de uma garota encostado na mesa e olha rapidamente para o rosto de Adriana, que também a vê e continua falando sem tirar os olhos dela:
- Não sei se ela se jogou da janela. Ela tentou me dizer algo, e me levou até aquela estante ali atrás. – Disse ela apontando para o local. – Eu procurei algo que me pudesse ajudar. Mas não achei nada. Então, ela me possuiu e eu acordei perto da janela, sentada no parapeito, olhando para as telhas, onde ainda existe, fraca, mais ainda há a marca do caminho que ela escorregou até cair do telhado.
Carla, Beto e Marina estavam em silêncio e boquiabertos.
- E por falar nela, ela está atrás de vocês agora. Diz Adriana muito séria.
Os três engolem em seco e alguém os empurra de leve...
- Já acabaram?
Os três dão um gritinho e saltam da cadeira. Adriana ri e o professor Gian também.
- Me desculpem, não sabia que vocês estavam tão concentrados.
Ele se afasta e Adriana para de rir.
- Desculpem, é que eu também tenho senso de humor sabiam?
- Sabem de uma coisa. Temos que descobrir o que aconteceu. - Diz Carla.
- O quê? - Perguntam Marina e Beto incrédulos.
- Sim! Eu não quero ter fantasmas no nosso pé até o último dia de aula.
- Podemos fazer isso. - Diz Adriana.
- Como? - Pergunta Beto.
- Tentando descobrir o que ela quis me dizer.
- Então você acha que devemos roubar as chaves da biblioteca, nos esconder quando a escola fechar e depois invadir a biblioteca para resolver tudo isso?
- Acho sim, Marina.
- Credo! Era só uma pergunta. Me digam que nós não vamos fazer isso. Exclama Marina olhando para Carla e Beto.
- Eu topo. - Diz Beto com cara de que está realizando um sonho.
- Eu também. - Concorda Carla.
- Ai não. Sei que eu vou me arrepender, mas eu também vou então né.
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Histórias Assombradas
Misterio / SuspensoEm histórias Assombradas, você irá encontrar quatro contos, onde terror, suspense e um pouco de fantasia se misturam para trazer alguns medos que tivemos na nossa infância, e alguns que não querem nos largar na vida adulta. São eles: *Nunca brinque...