C.a.p.í.t.u.l.o 2

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— E ai curtiu a festa do Thomas Anderson ontem, ein? — Abbie, minha melhor amiga me pergunta toda empolgada enquanto andávamos pelos longos corredores do nosso querido colégio.

Paro suspirando em frente ao meu armário. Uma pequena pontada na cabeça me atinge devido a ressaca.

— Você deve ter gostado já que conseguiu ficar com ele — digo soltando um riso fraco.

— Não tenho culpa se ele não resistiu meu charme — ela fala convencida jogando seus cabelos loiros para um lado.

— Ele e o resto dos garotos do colégio não resistem, né?

— Só o Liam que sim. Porque ele está enfeitiçado pelos encantos de outra pessoa — ela me lança um olhar sugestivo e eu reviro os olhos.

— Eu e o Liam somos apenas bons amigos e você melhor do que ninguém sabe disso.

— Tá, acredito — ela diz irônica. E apenas a ignoro procurando meu livro de biologia entre as tralhas do meu armário.

Quando finalmente acho, olho pra Abbie e vejo seu olhar brilhar, logo noto a razão: Thomas Anderson.

— Então quer dizer que alguém finalmente fisgou seu coração?

— Talvez — ela diz com o rosto corado.

Inacreditável, penso comigo. Em todos esses anos em que Abbie e eu somos amigas, o que não é pouco tempo, porque nós nos conhecemos no jardim de infância. Nunca a vi apaixonada. Nunca a vi ficando mais de uma vez com um menino. E agora estou surpresa com as reações dela com relação a Anderson. Mas fico feliz por ela. Espero que se casem, pois quero muito ser madrinha, e que sejam felizes.

— Onde vai ser sua festa de aniversário, Isa? — Abbie pergunta enquanto nos dirigíamos a nossa sala.

— Em casa mesmo.

— Seus pais deixaram?

— Sim, eles vão passar o final de semana na minha tia, deixaram a casa livre. No domingo faremos um almoço em família para comemorarmos juntos.

— Uau, que bom!

Quando entramos na sala, ela estava cheia, segui por entre as carteiras até o fundo.

— Dá pra sair de cima da minha mesa, Liam? — digo ao meu amigo que estava sentado de costas para mim, conversando descontraído.

Ele se vira e seus olhos encontram os meus. Logo um sorriso de canto surge em seu rosto.

Sinto meu coração acelerar. Tento conter as emoções em ver seus olhos azuis sendo direcionados a mim.

Ele salta da mesa.

— Desculpa. Está melhor de ontem?

— Sim, obrigada, tomei remédio antes de vir — digo me sentando.

Ele assente e sorri satisfeito. E logo se direciona a Abbie.

— E aí, Abbie — diz ele indo abraçar a mesma.

— E aí, Scott — ela diz seu sobrenome e o abraça rapidamente antes de se sentar em sua carteira a minha frente.

Liam segue para atrás e se acomoda na carteira atrás de mim e continua seu papo com Austin, colega de turma, que se sentava ao seu lado. Falavam algo sobre um jogo de futebol.

Abro meu caderno para escrever a data e examino o relógio na parede. O sinal logo iria tocar, dando início a mais um dia irritante de aula.

 O sinal logo iria tocar, dando início a mais um dia irritante de aula

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— Psiu!

— O que foi? — pergunto me virando a Liam que me chamava insistentemente, olho de relance para o professor que passava conteúdo no quadro temendo que ele chamasse nossa atenção. A sala estava silenciosa.

— Fez a tarefa que a professora Lorena passou semana passada? — ele estava se referindo a tarefa das aulas de música que tínhamos todas as terças e quintas.

— Fiz — digo rapidamente e o mais baixo que posso.

— Me passa?!

Olho em seus olhos. Seus lábios murmuram um por favor. Suspiro. Não consigo dizer não a ele.

— Tá legal. Mas você vai me pagar um lanche — sussurro.

— Porra — ele exclama alto.

O professor se vira e lança um olhar furioso para Liam.

— Desculpa, professor.

O senhor Whistle apenas balança a cabeça negativamente, suspirando, e volta a escrever no quadro.

— Eu já tô te devendo dois lanches — Liam murmura no meu ouvido enfatizando a palavra dois. Me arrepio um pouco com sua proximidade.

— Não tenho culpa se você fica me pedindo favores — prendo uma risada.

— Mas eu também te faço favores, ontem fiz o favor de te levar em segurança para casa, com sempre faço, em cada festa que a gente vai.

Suspiro.

— Tudo bem. Eu te passo em troca de nada.

— Obrigado — ele diz todo feliz.

— Será que dá para vocês pararem de cochichar? — Abbie se vira para mim com cara de raiva. — Estou tentando estudar.

— Xinga ele — digo apontando com o lápis Liam. — Ele que tá falando comigo.

Sinto um tapa no meu coque que o faz desmanchar. Abbie ri ponhado a mão na boca. Imediatamente me viro furiosa para o moreno de olhos azuis. Pego meu lápis em punho e tento furar ele que se esquiva.

— Senhorita Hart — paralizo com a voz do professor. — Será que dá para parar, por gentileza, de brincadeira se virar para frente e copiar em silêncio? Seria pedir de mais isso?

Me viro e vejo a cara do professor vermelha. Seus olhos por trás das lentes dos óculos me fuzilam. Juntamente com os olhos do resto da turma. Engulo em seco, murchando na cadeira e murmurando um pedido de desculpas.

Senhor Whistle sorri forçadamente e retorna a escrever na losa. E os alunos se voltam para seus cadernos.

Ouço Liam rindo baixo atrás de mim. Levanto minha mão destra e aponto o dedo do meio para ele.










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