C.a.p.í.t.u.l.o 15

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Eu queria muito saber qual era o segredo de se acordar cedo e animado. Mas Abbie se negava a me contar. Eu realmente não entendia como alguém pode acordar desse jeito, ainda mais logo cedo. Normalmente levanto da cama contrariada, isso quando não estou atrasada, que tenho que levantar já correndo.

Nas aulas, Liam reclamou novamente da minha quietude. Eu falei que não era verdade, mas claro que era.

O quê acontecia era que eu não conseguia olhar para ele e ficar sem se lembrar da cena perto dos bebedoures. Então, evitava qualquer conversa. Eu não queria, que a imagem ficasse se repetindo na minha mente.

No intervalo, busquei ir a biblioteca, com a desculpa que iria trocar de livro. Precisava ficar um pouco sozinha, tentar por os pensamentos em ordem. Inevitalmemte, lembro dos acontecimentos de ontem, desde quando virei o corredor para beber água até a conversa que tive com Abbie a noite. Estava confusa com tudo. Me debruço na mesa, com a cabeça por entre os braços. "Você não pode mandar no coração". "Quero que você admita, não só para mim, mas para você mesma". As palavras de Abbie, surgem na minha cabeça e me fazem suspirar.

Acho que está tarde de mais para admitir qualquer coisa.

Sinto uma mão em meu ombro, e sobressalto de susto.

- Desculpa não quis te assustar.

- Mas assustou - digo pondo minha mão no lado esquerdo do peito.

- Está bem? Estava dormindo? - Os olhos de Harry analisam meu rosto a espera de uma resposta.

- Estou sim, e não estava dormindo, só estava... - procuro uma palavra para dizer. - Pensando.

Um pequeno sorriso aparece no canto dos seus lábios.

- Posso me sentar? - Harry pergunta. Assinto.

- O quê aconteceu ontem com você? - seus olhos mais uma vez me analisam.

Me mexo na cadeira, e aberto o livro que havia trazido junto comigo.

- Obrigada pela preocupação - respondo, sorrindo de lado. - Eu só havia esquecido a calculadora, e tinha prova de física na primeira aula... E eu não consigo fazer prova sem calculadora - sorrio mais uma vez ao final da minha explicação.

Harry estreitou os olhos e batucou a mesa a nossa frente com seus dedos longos.

- Sério mesmo? - assinto, e engulo em seco. Ele não parecia acreditar. - Me pareceu bastante abalada, pensei que fosse algo grave, quer dizer, ainda bem que não foi.

Sorrio fechado.

- Eu sou besta mesmo.

- Não é não - ele diz me olhando intenso. - Na verdade, eu te acho muito incrível, Isabella - sorrio sem jeito, incapaz de fitá- lo.

- Obrigada, você também é - sussurro, mantendo meus olhos presos a capa do livro velho.

Um silêncio se instala sobre nós, e me pergunto se o sinal já vai bater. Olho de relance para Harry, que me analisava, minhas pernas sob a mesa começam a ficarem inquietas.

- Sabe, Isabella, eu... - ele pausa, para suspirar, seus olhos se lançam para além da janela da biblioteca. Mas logo retornam para meu rosto.

- O quê foi? - indago.

- Nada não - ele diz, balançando a cabeça em negativa.

Franzo o cenho. Seja lá o que ele iria dizer, desistiu. Seja lá por qual razão.

O sinal bate e saímos juntos da biblioteca, Harry levava um livro que escolheu com minha ajuda.

Chegamos a porta da minha sala, já que ele fez questão de me acompanhar e nos despedimos.

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