C.a.p.í.t.u.l.o 18

700 55 15
                                    

Quando o despertador cantarolou seu som irritante, eu já havia despertado. Abbie ainda estava na cama e quando seus olhos semi- abertos me encontraram, sua feição ficou de completa confusão.

- O quê aconteceu que você está de pé? - sua voz sonolenta chega aos meus ouvidos.

- Bom dia! - exclamo, olhando- a e escovando meus cabelos.

- Bom dia!

- Eu descobri seu segredo.

- Meu segredo?

- É, o segredo de se acordar cedo.

- E qual é?

- Não acordar tarde.

Abbie franze o cenho e solta uma risada divertida. Nada mal começar o dia assim.

No colégio passei a manhã inteira incomodando meus amigos, não queria dar tempo a eles de se lembrar que eu iria embora, enquanto estivéssemos juntos iríamos nos divertir.

Na quinta- feira, fui na minha última aula de música - já que não sabia se estaria ainda na cidade até a próxima. Abbie nunca havia participado, pois segundo ela, não tinha interesse. Quanto a mim, comecei a frequentar as aulas a pedido de Liam, mas aconteceu que eu não ia só por ele, eu ia porque gostava e tinha se tornado algo especial.

Dias atrás eu tinha cogitado a ideia de parar de ir, porém não imaginava que seria tão triste se despedir de algo que já estava bastante acostumada. Foi extremamente difícil.

Mas buscava pensar que eu não deveria me lamentar por nada estar chegando ao fim, mas sim agradecer por ter tido a oportunidade de vivenciar e poder guardar boas lembranças.

Em casa, os empacotamentos ainda aconteciam. Papai havia ido no mercado e trazido inúmeras caixas. Mamãe estava empacotando diversos itens de cozinha, então, quando cheguei resolvi ajudá- la um pouco antes de subir.

- Já têm previsão de quando vai ser nossa mudança?

- Acredito que segunda já, ouvi seu pai falando com o Robson.

Assenti. Nossa partida estava próxima.

Guardar minhas coisas, desfazer de outras. Me trouxe algumas nostalgias, objetos que eu nem sabia que existiam estavam guardados. Inúmeros cadernos acumulados. Boletins. Revistas de receitas. Textos que eu escrevi quando era menor, cartelas de figurinhas que colecionava. Tudo guardado. Coisas, que faziam me lembrar de quem um dia fui, para me tornar quem sou hoje.

Empilhei poucas caixas com meus pertences perto da cama, e senti o quarto mais vazio. Em cima dá cômoda já não tinha praticamente nada. Papai já tinha levado minha poltrona, e meu espelho também tinha sido retirado.

Olhei para o mural que ainda continuava ali na parede. Me aproximei, analisando todas as fotos presentes nele, minis filmes tomam conta dá minha mente ao me lembrar de quando foram retiradas.

Uma foto de Liam, Abbie e eu, chama minha atenção. Liam estava no meio da foto, com os braços sobre nossos ombros, sorrisos largos ocupavam nossos lábios. Tinha sido tirada no aniversário de dezessete anos de Abbie. Havíamos gostado tanto que mandamos revelar e fazer três cópias, uma para cada um.
Passamos bons momentos juntos, e eu nunca iria esquecer. Não importa quanto tempo passe.

Mas uma coisa me trazia alento, teríamos oportunidades de ter novos momentos juntos. E eu iria aproveitar o máximo que pudesse.

Meus dedos iam deslizando pelas fotos, sorrindo satisfeita, as pessoas a quem mais tinha consideração estavam ali. Era fantástico vê- las e perceber o quanto eram importantes para mim. Eu era feliz por tê- las em minha vida.

Talvez mais que Amigos Onde histórias criam vida. Descubra agora