C.a.p.í.t.u.l.o 5

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— O que ela te deu?

— Nada.

— Ela te deu um papel, o que tem nele?

— Ainda não olhei.

— Olha!

— Fica quieta!

Os poucos alunos da aula de música, já guardavam suas coisas, e estavam liberados para irem embora. A garota nova já havia saído, ela tinha entregado um pedaço de papel para Liam, discretamente, sorriu, levantou e se retirou. O moreno guardou em seu bolso e suspirou, quando olhou para mim, eu já o observava, e então começamos a discussão em questão.

— Você vai me contar! — digo me levantando.

— Por que quer saber? — ele questiona me acompanhando para fora da sala.

— Porque sou curiosa.

— A curiosidade matou o gato.

— Daqui a pouco eu que vou te matar.

Liam me olha assustado. Seus olhos azuis arregalados.

— Anda, lê logo o que tem ai e me fala.

— Calma — Liam pega suas chaves e destrava a picape. — Quer carona?

— Primeiro, olha o papel.

— Meu Deus, Isabella, eu que recebi o bilhete, não estou tão curioso.

Não sabia o que estava acontecendo comigo. Só queria saber o que tinha no papel. Só queria saber o que ela tinha escrito para o meu amigo.

O moreno pega o bilhete do bolso. Estava atenta aos seus movimentos e expressão. Seu rosto se encontrava impassível até mesmo quando terminou de desdobrar o papel.

— E aí, o que diz? — pergunto impaciente.

— Nada.

— Como nada? — indago, franzindo o cenho.

— Só um número de celular, o.k? — provavelmente o dela, claro. Liam suspira, e guarda o papel novamente no bolso. Não digo nada, não a nada a dizer, obviamente ela está interessada nele. O que resta saber, é se ele está interessado nela. Não. Eu não tenho que saber nada. Eu apenas...

— Vai querer a carona ou não? — Liam grita, olhando para mim de dentro do carro. Como ele chegou lá?

— Quero, claro!

Rapidamente abro a porta, e deslizo no banco do carona, me prendendo ao cinto, após jogar minha bolsa no chão do banco de trás, junto a dele.

O caminho até minha casa foi silencioso, Liam dirigia concentrado. E eu só pensava na garota, no seu riso perfeito e em como ela prendeu a atenção dele.

Ciúmes de amiga.

Era isso que estava sentindo. Definitivamente.

— Não vai descer?

— O quê? — olho para ele, piscando meus olhos, saindo do transe em que estava.

— Faz um minuto que parei o carro e você está aí olhando fixamente para o chão, com a boca entreaberta, achei que iria babar.

Ele fala sério, mas logo solta um riso.

— Desculpa — digo. — Eu só estava pensando no meu aniversário que está chegando.

— É, 81 anos não é mole não — ele diz e ri. — Quer ajuda para sair do carro, Dona Isa?

— Para de ser besta — digo e dou um soquinho em seu braço.

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