C.a.p.í.t.u.l.o 19

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É incrível como de uma hora para outra nossa vida pode se transformar, uma simples decisão pode mudar todo um curso.

Eu já havia retirado meu mural da parede. E agora o quarto parecia bem mais vazio do que estava, a brancura das paredes pareciam bem mais evidentes. Sentia- me em um lugar desconhecido, sem vida.

- Isabella - O grito inconfundível de minha mãe atinge meus ouvidos em cheio.

- O quê é? - grito alto de volta.

- Vêm jantar!

Desço as escadas, a passos preguiçosos, chego na cozinha encontro meus pais a mesa, junto- me a eles e me sirvo.

- Você está bem, querida? - mamãe pergunta a mim.

Assinto sem desviar meus olhos do prato.

- Você se despediu dos seus amigos hoje no colégio? - meu pai me olha a espera de uma resposta.

- Sim - digo, olhando- o. - Mas a Abbie disse vai ir comigo na rodoviária segunda.

- E o Liam? - mamãe pergunta.

- Ele não disse nada - respondo. - Pra dizer bem a verdade ele estava esquisito.

- O quê? - mamãe indaga.

- Nada não - balanço minha mão no ar em sinal que não era nada de mais. Mas eu sentia que tinha alguma coisa errada com ele.

Depois de jantar, subi para meu quarto, pegando meu celular para mexer. Havia duas mensagens perdidas de Abbie. Resolvo retornar a ligação. No segundo toque ela entende.

- Alôôô - ela cantarola.

- Oi, Abbie - falo, rindo.

- Amiga, você pode vir aqui amanhã? Vamos fazer uma maratona de filmes a noite, e nos embriagar de sorvete de passas ao rum. O quê você acha?

- Tentador - respondo, mais uma vez soltando um riso.

- Vai vir, então?

- Vou falar com minha mãe, mas tenho certeza que ela vai deixar.

- Okay, pode vir aqui as oito da noite? Tenho que ir para igreja, chego mais ou menos nesse horário...

- Tá certo, Abbie. Até.

- Até, beijo.

Sorrio ao encerrar a chamada. Abbie era uma ótima amiga, iria sentir muita falta dela.

- Isabella - mamãe mais uma vez grita o meu nome.

- O quê foi? - grito.

- Aquele seu programa de culinária que você começou a assistir vai começar...

Mas uma vez desci as escadas, um pouco mais apressada. Me perguntei se na outra casa na qual vamos morar tem escadas. Vou sentir falta também se não tiver.

Sábado. O dia nasceu radiante, o azul límpido do céu, fazia eu admirar sua imensidão fascinada.

Antes de ir para casa de Abbie, resolvi dar uma volta pela cidade de bicicleta. Uma espécie de despedida. Passei pela praça e vi as crianças brincando de pique animadas, a Igreja Católica, e logo atrás dela, as salas de catequese, onde vinha para fazer aula de música. Mais a frente passei pelo restaurante do Enzo, trazendo a lembrança do dia em que Liam e Roxie estavam lá dentro.

Pedalei sem rumo, sentindo o vento contra meu rosto. Era muito bom sentir essa sensação de liberdade.

Passei em frente a sorveteria dá cidade e encontrei senhor Wistle sentado com sua filha tomando açaí, quando me viu, acenou. Balancei a cabeça o cumprimentando, e segui pedalando.

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