"Esquecemos facilmente os nossos pecados quando só nós próprios os sabemos."
- François de La Rochefoucauld
Continuei parado, raciocinando o que faria no momento.
- Por que não me avisou antes?! - O mais novo ajeitou o óculos no rosto e me olhou indignado.
- Com licença, o foco não é esse agora! O que você vai fazer? - Isso era uma ótima pergunta. Eu não me daria o trabalho de procurar outro novato por ai quando se tinha ela bem na minha frente.
Não tinha medo do Taeyong, e muito menos me importava com o que ele falaria sobre.
- Vem comigo. - Puxei levemente a barra de sua camisa para perto da mesa onde o casal se encontrava.
Pigarreei discretamente atraindo a atenção deles e em resposta, Taeyong exibiu um sorriso indiferente em nossa direção.
- O que foi agora? Não cansa de olhar para mim não? - Aquela figura petulante cruzou os braços, me arrancando um suspiro baixo e um sorriso ladino.
- Não é com você que eu quero falar, oitava maravilha do mundo. - Ten riu baixinho, observando aquela troca de ironias. - Poderia, por gentileza, nos deixar sozinhos? Queremos tratar de estudos.
- Como é? - O mais velho desfez os braços, com a sobrancelha franzida. Seu olhar e expressão facial entregavam confusão e certa curiosidade. Perguntas como "desde quando se conhecem?" estavam transparentes em seu semblante, porém a única que saiu, foi bem mais simples. - Estudos?
- Sim. Se seu cérebro de neanderthalensis não sabe o que é isso, apenas lamento. - Cruzei os braços esperando uma reação exagerada por parte dele.
Vagarosamente o coreano levantou-se da mesa, escondendo indignação por trás de um semblante irônico. Andou com tranquilidade para mais perto, sem desfazer-se do meu olhar.
- Yuta! - a garota repreende ainda sentada, mas sequer dou a chance de olhá-la ou prestar a atenção no que dizia.
Taeyong riu com escárnio, suspirando pesado antes de falar. Andando a passos lentos, o coreano me mediu dos pés a cabeça antes de prosseguir:
- Se você fizer qualquer gracinha, qualquer uma que seja Nakamoto Yuta, eu juro que...
- Taeyong! - Novamente a garota exclamou, ainda com os olhos arregalados. Ten colocou-se entre nós, sorrindo para Taeyong antes de me puxar pelo braço no intuito de acabar com aquela situação e nos levar direto ao assunto principal.
- Estou com tanto medo, nossa. - Sem mais delongas, me sentei à mesa esperando Ten me acompanhar. A expressão amigável sumira totalmente do rosto do tailandês.
De fato eu não tenho ideia de quando as coisas entre nós ficaram daquele jeito.
Talvez desde o início Taeyong não gostasse de mim, assim como eu dele, então ter um motivo em si para nossos desentendimentos acabava por ser irrelevante. Tudo era motivo para uma discussão nossa, literalmente. Por mais que a maioria das situações pudessem ser relevadas sem mais delongas, algum comentário sempre aparecia como uma fagulha necessária para incendiar o resto.
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The Church 》 Nakamoto Yuta
FanfictionPara Nakamoto Yuta, confiança nunca havia sido um problema. Observador e eloquente, o jovem universitário leva uma vida comum no estrangeiro. Uma autoestima inabalável, cercado por ótimos amigos e querido por quase todos, acostumado a ser agraciado...