XXIV - Apartamento

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Não mordas um prazer antes de ver se não há algum anzol escondido nele
- Thomas Jefferson

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Recomendo reler os casos anteriores antes de continuar!
Boa leitura e prestem bem atenção.
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Mesmo com as janelas abertas, um certo quarto permanecia escuro, tomado pelas sombras de inúmeras nuvens carregadas de chuva. Se havia algo que estava irritando _________________ mais do que qualquer outra coisa no mundo era a chuva, as recorrentes tempestades trazidas depois de um lindo dia de sol, tão repentino quanto a situação que estava vivendo.

De fato, a garota preferia bem mais os dias ensolarados com brisa fresca e calor suficiente para usar roupas confortáveis e se jogar no chão gelado de madeira do seu cantinho do que passar dias se sentindo incomodada por causa da umidade e presa em casa para não se molhar.

Cantinho... era assim que ______________ chamava seu micro apartamento mantido por um dinheiro de origens que preferia não comentar. Um quarto, uma sala com geladeira e um banheiro; a lavanderia e a cozinha eram áreas compartilhadas com o restante do prédio, assim como as pequenas áreas de lazer. Ninguém sabia sobre aquele lugar além dela e Doyoung, como um bom melhor amigo.

Apesar de pequeno, ela amava aquele lugar de paz. Sem pais para importuná-la, sem dar de cara constantemente com caras observando a casa de sua família e um segredo apenas seu, que assim como sempre dizia, não era da conta de ninguém.

No entanto, o problema desse seu argumento ia bem além de uma atitude de proteção, andando lado a lado de um ato extremamente egoísta que omitia muito da verdade. A realidade é que ninguém a conhecia de verdade além dela mesma; nem seus pais, nem seus novos amigos; nem Taeyong, nem Yukhei e por incrível que pareça nem mesmo Doyoung.

Saber sobre suas dificuldades momentâneas e um pouco do passado dá um gosto para as pessoas de alívio, como se "ah, ela confia em mim e então a conheço", mesmo que não saiba nem 10% sobre a verdadeira pessoa que lhe conta as coisas.

Pensava muito sobre como as coisas estavam indo, sobre como tudo isso poderia ser diferente.

Estava tão entediada e sozinha, ouvindo ouvindo os trovões caírem incansavelmente tão agressivos quanto a chuva. Oh como queria estar fazendo algo divertido nesse momento, tantos amigos bonitos mas nenhum para essa função.

Pensou em Yuta repetidas vezes, xingando-se mentalmente por não tê-lo conhecido em outra ocasião que tornasse as coisas mais fáceis para si. Até porquê sim, _______________ já sabia da existência dele antes mesmo de se encontrarem uma primeira vez, ainda mais em uma primeira vez nada convencional e natural; uma não coincidência.

Já havia aceitado seu interesse pelo belo japonês desde a primeira vez que ouviu falar dele, e não era a única a se sentir assim.

Além disso, deixá-lo se aproximar colocava em risco tudo o que havia construído até então e isso estava completamente fora de cogitação, infelizmente.

Mesmo sozinha, sabia de tudo que estava acontecendo por causa do grupo que tinha com Jungwoo e Doyoung. O primeiro coreano quase nunca falava no grupo, estava vivendo "bem" em Londres fazendo uma faculdade que lhe foi imposta e não desejada; seguindo os passos que deixaria seu pai feliz, longe de todo e qualquer amigo que tivera aqui. Doyoung achou que seria importante deixar o amigo a par de tudo, mas este raramente tinha tempo para ler as mensagens.

The Church 》 Nakamoto YutaOnde histórias criam vida. Descubra agora