XXII - Armação

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Existem momentos na vida em que a única alternativa possível é perder o controle.

- Paulo Coelho

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Estava decidido: não faria mais planos para nada, pois tudo que planejava desandava de algum jeito. Decidi então só seguir, fazer as coisas no momento sem contar que isso vá mudar algo mais para frente. Por enquanto tem que ser assim, já que há mais peças nesse jogo maluco do que podemos contar; peças essas que ninguém consegue prever os próximos movimentos.

Seguir naturalmente... E se prevenir, era o melhor.

[...]

Diferente do que imaginei as coisas não ficaram estranhas entre nós depois daquilo. Pelo contrário, nós dois éramos muito bons em fingir que nada demais aconteceu ali.

Como não estava me sentindo bem, preferi ficar no quarto enquanto os outros ainda jogavam no andar de baixo. Taeyong saiu mais rápido do banho do que imaginei, então depois de vê-lo se arrumar, pude enfim ficar sozinho em um quarto que não me pertencia e ainda assim me agradava e acolhia tão bem.

Não percebi quando, mas adormeci pouco depois de ligar a televisão, tão rápido que sequer lembro o que passava nela antes de fechar os olhos. Foi um sono tão espontâneo que nenhum tipo de pensamento foi capaz de passear por minha cabeça, felizmente.

A maneira que acordei, no entanto, quase me fez esquecer que não estava dentro de minha própria casa. Barulhos, discussões e uma voz angelical tentando apaziguar a situação. Voz essa que eu conhecia muito bem, tão bem quanto as duas que discutiam.

- Não tem espaço!

- O problema é seu, arranja um jeito! Não vou deixar meu amigo dormir sozinho com você aqui. - A voz alta de Sicheng me fez abrir os olhos, confuso e chateado por ser acordado daquela forma.

- Vocês poderiam, por favor, conversar como duas pessoas normais? - Kun tentava se manter no meio dos dois, interrompendo qualquer faísca que se manifestasse ali.

Fechei os olhos novamente e deixei meu corpo despencar para fora do travesseiro, murmurando coisas sem nexo a fim de chamar a atenção deles.

- Quanto barulho, pelo amor! - Reclamei antes de murmurar mais algumas coisas, irritado.

- Parabéns, acordou ele.

- Problema dele também. - Sicheng retrucou Taeyong com toda sua delicadeza. - Ou ele vai embora comigo, ou eu fico aqui também.

Sentei-me na cama olhando confuso para os dois rapazes. Kun já aparentava estar sem paciência com eles em uma discussão que provavelmente começou no andar de baixo.

- Por que caralhos vocês tão brigando?

- O que tinha na cabeça quando aceitou dormir aqui? - O chinês mais novo questionou tão rápido quanto perguntei.

Os braços cruzados, o olhar desafiador e julgador, como se eu fosse a pessoa mais estúpida do mundo.

Oh... então esse era o ponto.

- Você fala como se eu fosse devorar ele. - Aquela frase não soou tão figurada quanto deveria ser, o sentido de me fazer mal, e quando se deu conta disso, Taeyong suspirou com os olhos fechados e levantou a cabeça para o teto.

- E que coma, isso não me importa. A situação aqui... - Winwin fez uma pausa antes de puxar Kun para mais perto e fechar a porta atrás de si antes de continuar. - O cara que machucou o Yuta e o Johnny é motorista do seu pai; os lugares que envolvem toda esta situação está no nome do seu pai e advinha? Seu pai mora aqui, então não vou deixar o meu amigo dormir nessa casa sozinho, mesmo que você esteja aqui.

The Church 》 Nakamoto YutaOnde histórias criam vida. Descubra agora