You&I || h.s.

Capítulo 59

Tudo o que achei que fosse mentira acontecer na morte, afinal existe mesmo. Vi aquela luz branca que toda gente fala, vi também a escuridão, aquela que ninguém fala nem nos piores pesadelos. Eu sinto que não consegui alcançar a luz branca, sinto que a escuridão me engoliu de uma maneira que só ela me conseguia tirar dali, senti que estava a sentir os meus cortes e as minhas mágoas todas de uma vez e de uma forma tão mais intensa que me fazia querer desaparecer. Ouvia vozes, ou imaginava que as ouvia. Imaginava que ouvia a voz mais doce e mais rouca delas todas, a voz que me faz querer levantar todas as manhãs, aquela voz que muitas vezes me acalmou quando eu mais precisei e ainda preciso. Senti que o meu corpo começava a funcionar, senti que começava a querer mexer-me, que começava a dar sinais de qualquer tipo de vida, mesmo que fosse a mais escassa possível. Creio, que fiz uma força incrível para abrir os olhos, começando por ver desfocada e tudo o que via eram as paredes brancas e camas de hospital, tentei perceber o que estava a acontecer à minha volta e se estava realmente ali ou era apenas a minha mente a querer-me pregar partidas. 
Ouvia umas vozes de longe, foi o que me pareceu, pareceu-me ouvir a voz da minha mãe, querendo também me parecer que vi e ouvia o Harry sentado mesmo ao meu lado. Até que consegui finalmente voltar à realidade e lembrar-me do que aconteceu naquela noite com a Eleanor, e que a ultima coisa que vi foi o nome do Harry escrito na tela do meu telemóvel antes de tudo ficar preto. Conseguia ouvir a minha mãe, se bem que ainda estava meia confusa do que se estava a passar e do que tinha acontecido. Nisto tudo, o Harry permaneceu comigo, agarrou na minha mão dando-me leves caricias por cima da mesma.

Harry: Ei, como te estás a sentir? - disse ele sorrindo-me levemente 

Eu não conseguia falar, não tinha forças para tal coisa, mas uma coisa eu estava certa, estava bem agora que o tinha aqui comigo, depois de quase uma semana ele ter andado completamente distante de mim. Apenas fechei um pouco os olhos por estar a senti-los pesados voltando a abrir-los dentro de segundos, ainda sem lhe responder, olhei-o durante algum tempo e quando talvez fosse capaz de dizer alguma coisa entra um homem vestido com uma bata branca e com uns cabelos grisalhos e uns óculos muito engraçados, ao lado vinha uma rapariga nova, com os seus vinte e três anos, sorrindo-me para logo de seguida fixar o seu olhar no Harry durante mais tempo do que eu realmente esperava. O senhor Clark, supus que era o seu nome pois estava escrito no seu crachá, sorriu-me antes de falar para mim. 

Sr.Clark: Olá Mia, como te sentes?  - disse uma maneira amável 

Eu: Bem, acho - disse rouca e fraca

Sr.Clark: Isso é o mais importante - sorriu - Vou precisar de te fazer uns exames, a ver como reagiste à operação, lembraste do que aconteceu? 

Apenas abanei a cabeça, eu estava tão confusa, estava cheia de dores no abdómen e só me apetecia fechar os olhos, sentia-me tão cansada. 

Sr.Clark: Acredito que queiras descansar e que te devas sentir exausta mas foste baleada num assalto, no abdómen e tiveste de ser sujeita a uma operação de risco, por ter sido no sitio que foi, consegues compreender isso? - apenas acenei um pouco assustada - Mas não te preocupes, está tudo bem agora, estás estabilizada e dado o caso até me pareces bastante bonita - riu-se tentando não dizer que eu certamente parecia uma morta viva - Além disso, és uma miúda forte, e portas-te lindamente durante a operação. - apenas lhe consegui fazer um sorriso dócil

Harry: Bom - disse tossindo - E o que ela tem de fazer agora? - disse nunca largando a minha mão 

Sr.Clark: Como disse Mrs.Styles, preciso de fazer exames e saber como reagiu, neste momento a menina precisa de repouso e nada de esforços por favor, por causa dos pontos que levou - boa mais uma cicatriz para a minha colecção delas.

Depois de mais algumas trocas de palavras, o médico e a enfermeira saíram, prometendo voltar dentro de uns instantes, ficando com a minha mãe e com o Harry do meu lado, e agora era tudo o que precisava agora, mas o mais importante, onde estava a El e o que lhe tinha acontecido. Olhei para o Harry, ainda confusa e cansada, e ele apenas olhava para mim com um olhar culpado e podia jurar que quase vi lágrimas nos seus bonitos olhos verdes.