Capítulo Catorze

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Estou muito nervosa, mas também ansiosa para vê-lo e perguntar o por quê da minha contratação. Pois, ele sempre deixou claramente que eu não lhe servia em nada, apenas uma mera garota insignificante. Pensando bem, desde a terrível ocasião do elevador, Miguel vem demonstrando ser outra pessoa. Ou pelo menos é o que acho.

O prédio em que o Miguel trabalha é de doze andares, e o seu escritório fica no décimo andar. Antes de vim a entrevista, Luiza falou-me um pouco sobre o que ele faz. Disse-me que ele herdou dos pais todo o matrimônio da família. Assim, se tornando o presidente de uma grande  construtora do país.

- Senhorita Ferraz? O senhor Vilar irá recebê-la agora. - sou retirada dos meus pensamentos pela a secretária. - Entre, por favor!

Ela me conduz até a porta do escritório, a abre e passo pela fresta.

O vejo de costas, olhando fixamente a cidade através da grande janela de vidro. Não sei se ele percebeu minha presença, então resolvo por fica no mesmo lugar.

- Chegue mais perto garota. - diz ainda de costas.

O escritório está em total silêncio. O único som que se escuta é os tec tec dos meus sapatos de salto que estou usando. Fico parada ao lado de uma das cadeiras à sua espera.

- Sente-se, por favor! - faço o que me pede.

Miguel permanece na mesma posição, sinto-me ignorada, já que ele não se manifesta a falar. Aproveito o momento e começo a observá-lo. Ele está usando uma calça social azul-marinho - que fica uma delícia colada no seu bumbum. Também usa uma camisa branca que marca seus músculos.

- Terminou de me analisar? - o infeliz se vira demonstrando seu habitual sorriso cafajeste.

Queria muitíssimo dar uma resposta a sua altura, porém não posso. Pois, agora ele é meu chefe.

- Te fiz uma pergunta, Laura. - Miguel senta-se na sua "majestosa" cadeira, inclina seu corpo para traz e cruza os braços sob o peito.

- Sim. Se... Senhor. - sou obrigada a pisar no meu orgulho, o que o satisfaz.

Suas esmeraldas brilham intensamente. Suponho que seja satisfação. Ordinário!

- Aprende rápido, não?! - deixa escapar uma risada.Enquanto estou séria, ele parece se divertir comigo.

- Ok! - Miguel se recompõe, coloca os cotovelos na mesa e apoio o queixo nas mãos entrelaçadas. - Trouxe o currículo?

- Sim. - procuro na bolsa, quando encontro o entrego.

Miguel fica o analisando com uma cara de quem comeu e não gostou.

- Realmente você não têm nenhuma capacitação ou experiência que eu exigo dos  funcionários em que contrato. Porém, quem sabe com um curso... - ele coloca o currículo sob a mesa - Os documentos, por favor?

- Pronto. - o entrego.

Dá uma olhadinha e devolve.

- Vou ser bem sincero. - Miguel começa a falar. - Você nunca que ía ser chamada para trabalhar nessa construtora, devido seu currículo. Entretanto, contratei você em cegas. Apenas estou dando-lhe uma oportunidade. Agradeceria muito se você se dedicasse o máximo possível nessa função. - ele levanta-se da cadeira presidencial, dá a volta na mesa, e fica atrás de me.

- Sabe Laura... - fala sussurrando perto do meu ouvido. - Não tenho nenhuma dúvida que você será muito... Eficiente nas suas obrigações. Estou errado?

Miguel enfatizou a palavra eficiente.

- Não, senhor. - engulo em seco.

- É assim que eu gosto, Laura. - vitorioso, Miguel retorna para sua cadeira.

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