tiro pela culatra

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O cheiro do medo pairava pelo Pullman High School junto com o odor dos enrolados de salsicha que estavam sendo vendidos para quem comprava o bilhete para o baile. 

O que deveria ser uma semana de convites e declarações românticas, virara algo hostil, onde todos que guardavam segredos revelavam seus podres antes que o anônimo lhe fizesse de forma estrepitosa. Mas algo muito mais chocante e inesperado aconteceria.

— Piper, podemos conversar? — Amanda Hayes me perguntou assim que saio da sala de física.

Eu lhe observo confusa, era estranho Amanda falar comigo publicamente e de forma normal, sem ser agindo como uma megera robótica.

— Sim... — respondo.

— Preciso de sua ajuda. — ela me observava apreensiva. 

— Minha ajuda? — perguntei.

— Sim, e você precisa da minha. Sei que tem o diário de dieta da Madison. — ela sorriu, ai estava a Amanda que eu conhecia. 

A garota me pegou pelo braço, e me puxou até entrarmos em uma pequena sala que logo percebi que era o almoxarifado. Tinha cheiro de mofo e produto de limpeza recém passado. 

— Como sabe sobre o diário? — pergunto confusa. Eu não havia dito a ninguém.

— A Madison fez um escândalo no mesmo dia porque não achava o diário e a única pessoa que havia entrado seu quarto, além de mim, foi você. Eu sou loira, mas eu não sou burra. — Amanda Hayes havia acabado de provar que toda a idéia que eu tinha sobre ela era extremamente equivocada, pelo menos, ela conseguia ligar os pontos.

— E porque não falou que sabia quem era? — pergunto.

— Porque eu te entendo. — ela disse, escorando-se em uma das pilastras que sustentavam grandes ripas de madeira enfileiradas.  — A Madison tem feito da minha vida um inferno desde o ano passado.

— Vocês não são tipo, melhores amigas? — era curioso pensar que a amizade perfeita não era tão incrível assim, de outra forma, eu via nelas a mim e Lee, que de melhores amigas, agora não passavamos de estranha. Ela sempre estava com Kim ou Roxy e sequer atendia minhas ligações.

— Eramos, ela contou pra toda a igreja que minha mãe é uma bêbada e eu fui expulsa do grupo de celibato porque eu transei com o Chad, sendo que ela também transou. Agora, Deus está bravo comigo e minha mãe também. Eu quero me vingar daquela pecadora, e você vai me ajudar.

— Por que eu te ajudaria? Você tem ajudado a ela me torturar desde o primeiro segundo que eu entrei no colégio.

— Achei que já tinhamos superado isso.  — ela me olhou entendiada. — Qual é! Eu tenho certeza que ela é esse anônimo, ninguém além da Madison sabe de tantos segredos. Por que acha que suas unhas são tão compridas? Ela guarda todos os segredos por baixo delas. 

A analogia de Amanda me faz querer rir, mas engulo a risada, ela tinha um ponto.

— Você tem um plano? — algo dentro de mim me disse que eu ela ingênua demais pela pergunta.

— Sim, claro, quem acha que eu sou? — ela sorriu maliciosamente.

+++

O colégio Pullman vivia uma real realidade alternativa, eu estava acompanhada de Amanda Hayes e Dylan ao meu lado, caminhando pelos corredores onde todos nos observavam confusos. Amanda usava seu uniforme de sempre, com seu cabelo longo e loiro preso em um rabo de cavalo mílimetricamente perfeito e sua saia plissada esvoaçava pelo corredor.

Eu Também Te Amo, Piper Brew. - LIVRO 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora