ser ou não ser? eis a questão.

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Era sábado, mas em vez de dormir, pois, a loja não abriria, minha mãe me obrigou a ir a uma festa. Lançada pela liga de caridade de elite, conhecida como as "joinhas". A mesma fundação de caridade que lançava as maravilhosas lavagens super-sexualizadas de carros, todos os anos abria vagas para garotas mais novas se candidatarem.  Infelizmente, três dessas estavam abertas e eu estava enojada apenas de me imaginar conseguindo uma.

As joinhas não se juntavam para ajudar os desabrigados, elas raramente falavam sobre isso, o que realmente as motivava? Plástica.  Elas eram obcecadas com plásticas. 

— Querida, passe uma boa impressão, pelo amor de deus. — Minha mãe sorriu.

— Eu estou parada, sentada, sem falar nada, não existe como dar uma melhor impressão. — Respondi.

Estávamos ali a cinco minutos apenas, o que ela esperava?

— Cadê o seu crachá? — Ela perguntou.

— Estou tentando me manter na surdina. — Sorri irônica, ela havia me forçado a vir, mas não necessariamente, eu precisava participar.

— Coloque! Agora é hora de dividir e conquistar. 

E lá estava ela novamente, a persuação nada sútil da minha mãe. Mas não era a única coisa que eu podia sentir, algo me dizia que eu estava a casa pertencia a alguém emocionalmente perturbado. Ou pior, o mal encarnado.

Virei meu pescoço para uma série de fotos até encontrar a resposta do meu sentimento de agonia.

Eu estava na casa da Madison Ridges. O seu cheiro de talco e chiclete logo surgiu em minha mente me querendo fazer regurgitar.

— Novamente, Piper? O almoço aos desabrigados é só amanhã. — Revirei os olhos, porém não a respondi.

— Pode me dar um crachá? — Perdi batendo minha mão na sua mesa de madeira.

— Claro, sua humilhação pública é sempre um divertimento. — O cabelo loiro da menina era tão natural quanto o sotaque britânico de Gregor Foley do terceiro ano — ambos tinham muita credibilidade. Os fios de ouro penteados se tornavam um marrom opaco nas raízes, embora se combinassem com as sobrancelhas e os cílios você nunca saberia.

Ela me deu um crachá sorridente que ao reparar vi que estava escrito "vadia".

 Previsível.

Joguei fora o crachá e expirei o ar. Eu havia sonhado com Adam na noite passada, ignorar suas mensagens tem sido difícil, especialmente, pois, eu quase cogitei escolher — mas eu nem sequer sabia o que precisava escolher. 

Um coração partido é uma coisa engraçada. Todos sabemos que isso vai acontecer, mas nunca estamos preparados para isso. Subestimamos seu poder. É como dar um assassino uma arma e esperar não ser morto. Por que nunca estamos prontos para isso? Porque estamos em negação. Acreditamos que isso não vai acontecer nunca, e então quando acontece, é sempre um baque. 

Me observei no espelho, eu odiava o vestido que estava usando, cor-de-rosa, com flores azul-bebê, esse vestido me fazia parecer uma extensão de papel de parede, enquanto eu queria algo discreto.

O cheiro de lavanda impregnava a casa tornando tudo pior ainda, a única parte boa é que eu podia abusar dos canapés que surgiam. 

Tudo estava péssimo, mas não o suficiente para que não pudesse piorar, vi Adam surgir da cozinha com alguns coquetéis tarde demais para que pudesse me esconder.

— Piper? Ei. — Ele gritou com um riso em seus lábios.

Maldito vestido estúpido. 

— Oi. — Respondi seca, eu não deveria sequer ter respondido.

Eu Também Te Amo, Piper Brew. - LIVRO 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora