eu acredito em algo chamado amor | II

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Se a um ano atrás alguem me dissesse que eu estaria com Adam Berger no terraço de um bar punk em Chicago no nosso primeiro encontro — eu não acreditaria e ainda diria que tal pessoa era tremenda idiota. Mas havia acontecido, e era melhor do que eu sequer poderia ter imaginado.

— E então, como estou me saindo? — Adam perguntou enquanto brincava com um guardanapo enrolado.

Senti o calor subir ao meu rosto enquanto ele olhava na minha direção, ele sorriu e eu girei minha cabeça para o outro lado, sabendo que se eu continuasse a olhar, eu me perderia em seus grandes olhos cuja cor específica ainda era um mistério, tinham nuances de todos os tons. Eu podia sentir seus olhos ainda em mim, eu silenciosamente inalei e exalei todo o ar, esperando que seus pensamentos sobre mim fossem bons como os meus sobre ele eram.

— Nada mal. — Mordi minha bochecha e me permiti sorrir. Ele riu e tocou minha bochecha com seu polegar. —  Você disse que aqui é um lugar especial, por quê? 

— Bem, é uma longa história. — Ele parecia nervoso.

— Tenho todo o tempo do mundo. — Cruzei meus braços e olhei em sua direção.

Ele coçou seu cabelo e deu de ombros.

— Bem, no ano passado, eu quase desisti do baseball, sei lá, eu amo, mas às vezes eu acho que estou mentindo para mim mesmo quando digo que quero viver disso. De qualquer forma, uma noite briguei com o meu pai quando dei a ideia de não entrar pro time da Pullman e ele me socou. — Eu sabia que minha expressão não era das melhores quando ele pausou para me encarar, repousei minha mão sob sua perna. — Então, eu fiquei bravo, bebi horrores e dirigi até Chicago esperando algo, eu sempre gostei de dirigir irritado. Rodei a cidade até que escutei uma música vindo de dentro do bar, me esgueirei em uma mesa e dormi, até Joey me acordar com um copo de água gelada e me encher o saco, mas ele estava certo.

— Seu pai, ele é pior do que eu pensava. — Eu disse.

— Sim, nem me fale. Joey me deu um café, e me ouviu. Eu lhe contei sobre a American Baseball que ainda estava em formação e ele nos deu a chance do primeiro show aqui. É o primeiro lugar que eu me senti...aceito. 

Era engraçado ver Adam falar sobre se sentir aceito quando ele era possivelmente, a pessoa mais popular do colégio. Eu sei, pode parecer aquela coisa boba e sem importância de filmes que exageram a hierarquia social do colégio. Mas pense bem, todo colégio é dividido em grupos, não importa o quanto você diga que não, quanto mais alto na hierarquia idealizada, mais superficialmente aceito você era.

— Você é aceito! Qual é, você é o Adam. — Eu disse rindo, mas ele não o fez de volta.

— Eu sou "o capitão do time de baseball", o "vocalista da American", eu conheço todos esses rótulos, acredite, eles não mudam nada. No fim do dia, quando eu fecho a porta de casa, eu ainda sou eu, lidando com os meus problemas e não importa se eu sou um rockstar pro resto da cidade, ou o atleta do ano.

As palavras de Adam estavam cheias de ressentimento e então tanta coisa fez sentido em minha cabeça, talvez eu fosse mais superficial do que imaginava.

— Eu nunca tinha parado para ver dessa forma. 

— Tudo bem, eu não pensaria se não me conhecesse. E desculpe, eu realmente estou soando mais depressivo do que eu pensava que iria.

O jeito que seus lábios se levantaram. O jeito que sua covinha se enrugou. A maneira como seus dentes eram perfeitamente alinhados. O calor que sua felicidade dá. Seu sorriso era como um raio de sol, e eu estava queimada. 

Eu Também Te Amo, Piper Brew. - LIVRO 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora