De todas as coisas que estavam erradas na minha vida, eu consegui listar cinco.
1. Eu estava prestes a ficar naqueles dias.
2. Eu tinha uma espinha interna nas minhas costas que me impedia de encostar em superfícies duras por muito tempo.
3. Meus pais haviam decidido reatar o relacionamento e eu não ainda não havia me acostumado em vê-los juntos.
4. O melhor amigo do garoto que eu gostava havia me chamado para sair e era legal demais para eu simplesmente recusar, e agora eles são meus colegas de trabalho.
5. O garoto que eu gosto estava sentado na minha mesa de jantar.
Adam chegou em casa por volta das sete e meia, e meu pai prontamente lhe convidou para o jantar, eu não esperava que ele viesse tão cedo, era estranho ter Adam dentro da minha casa em um dia comum, fazendo coisas comuns.
— Então, eu não sabia que eram amigos. — Meu pai iniciou, ele aparentemente gostava tanto do garoto que se pudesse faria minhas malas e me deixaria em sua casa.
Eu sei, fazia muito tempo que eu sonhava com essa situação, mas não dessa forma. Eu ficaria extremamente irritada que ele jantasse na minha casa e me desse outro fora meia hora depois.
— A gente é vizinho de armário, mas estivemos juntos no acampamento. — Ele sorriu de soslaio para mim, parecia contente com a situação, eu até diria que estava ali de propósito.
A janta era massa, minha coisa favorita no mundo, porém, a ansiedade era tanta que apenas de pensar em comer meu estômago se revirava.
— Piper! Não acredito que você deixou esse garoto virar apenas seu amigo. — Minha mãe disse enrugando sua testa, um hábito que ela detestava, mas não conseguia parar.
O rubor em meu rosto não teria sido um problema, mas o que fiz foi ficar vermelha como um pimentão e irradiar calor como uma panela quente. Você poderia ter feito uma refeição de três pratos no meu rosto. Eu queria que a terra se abrisse e me engolisse inteira.
— Mamãe, a vovó já disse pra você não enrugar sua testa, faz você parecer mais velha. — Rebater a falta de noção da minha mãe com mais falta de noção era uma tática que eu havia aperfeiçoado depois de tantos anos lidando com Jenna Reed.
Meu pai soltou uma risada nervosa e Adam apenas me olhou confuso, porém, com um sorriso no rosto, enquanto mamãe me observava fulminante.
— Eu só vou deixar passar porque sei que você está de TPM. — Ela deu uma garfada no seu prato.
— MÃE! — Eu a reprendi, queria me enfiar em um buraco negro e sair do outro lado do universo.
Por que eu não podia somente, sei lá, ser adotada? Será que era tarde demais? Ou talvez não, eu poderia arranjar alguém ainda pior, como as plásticas viciadas em café gelado do centro de da cidade.
Talvez eu estivesse certa sobre minha teoria de realmente ter morrido no Ace e estar presa no inferno.
— Mudando de assunto, eu tenho notícias boas. — Meu pai sorriu de orelha a orelha. — O prefeito nos deixou fazer o festival da Brew Store, o que significa que diversas bandas virão para a cidade caso tudo dê certo, Park Ridge vai virar referência cultural.
Meu pai sempre foi apaixonado por música mais do que qualquer coisa, às vezes eu me perguntava se ele não se sentia frustrado por ter abandonado uma carreira musical por minha causa.
— Eu sabia que você conseguiria, Senhor Brew! — Adam disse e levantou seu punho, dando um soco leve no punho também fechado de meu pai. Ele sabia?
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Eu Também Te Amo, Piper Brew. - LIVRO 1.
Ficção AdolescentePiper Brew é uma jovem de quinze anos viciada em música que, como muitas outras, sente-se invisível e quer desesperadamente encontrar seu lugar no mundo, o que geralmente, significa destacar-se em meio à multidão. Apaixonada por Adam Berger, um joga...