03. 72 horas

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Dia 02

Naquela noite, eu havia sonhado. Sonhei que estava em casa, com meus pais, que ia para minha antiga escola e lá me encontrava com a Naomi, a Tomoko e a Chuya. A primeira aula era a do Sr. Takagawa, ele ensinava matemática e era muito rígido.

No intervalo, sentamos juntas e colocamos o papo em dia. Tomoko contou que trocara beijos com o Yusuke do time de futebol e Chuya disse que havia conseguido outro show para nós em uma casa noturna na quarta-feira.

Fomos para a minha casa depois da aula para ensaiarmos um pouco e a Naomi havia melhorado muito na guitarra. Que sonho maravilhoso! Eu podia apostar que estava com um enorme sorriso no rosto enquanto dormia. De repente, algo me acordou. O monitor ligou de repente e uma mensagem gravada foi exibida, me despertando imediatamente.

- Bom dia, flor do dia! – Era Hisako - Agora são sete da manhã. Inicia-se oficialmente o horário diurno. Acordem, pois está na hora de levantar! – E a gravação se encerrou.

No monitor eu podia ver que haviam 62 horas restantes. 62 horas até que todos os reféns morressem, 62 horas para acontecer um assassinato. E foi então que eu realmente enxerguei a realidade e todo o mundo de fantasia com o qual eu havia acabado de sonhar parecia desvanecer da minha mente. Eu ainda estava presa naquele casarão...

Custei a levantar. As coisas que eu havia visto no dia anterior me chocaram tanto que eu só queria passar o dia inteiro deitada, mas meu estômago falava mais alto que o meu coração, e a fome me obrigou a calçar meus chinelos e ir à sala de jantar.

Lá, encontrei Takeshi, Saki e Daisuke comendo. Todos estavam em silêncio.

- Bom dia. – Falei para todos.

Takeshi ergueu o olhar de seu pão com manteiga para responder ao meu bom dia com outro tão melancólico quanto. Os outros não disseram uma palavra.

Me sentei à mesa, ao lado deles. Haviam alguns pães sobre a mesa e uma garrafa de café. Provavelmente alguém tinha feito mais cedo. Coloquei um pouco de café numa xícara e peguei um dos pães, passando manteiga em seguida.

- Eu não gosto muito de manteiga... – Disse o fantoche de gato no ombro de Daisuke.

- Então fica quietinho aí, pois eu amo! – Latiu o cachorro com satisfação.

Olhei para Daisuke e percebi que ele estava com a boca cheia. Impressionante! Ele é mesmo um ventríloquo digno de admiração, consegue fazer esses fantoches falarem até quando está comendo.

- Claro que ama, você tem mau gosto pra tudo! Até pra comida! – O gato debochou.

- Quer partir pra briga, gatinho? – O cão falou, dando um uivo em seguida.

- Para de chilique e evita a barulheira a essa hora da manhã... – O gato o repreendeu – As pessoas estão tristes, Cão... As que não estão tristes, estão dormindo.

Saki se levantou de repente, pegou a sua xícara e o seu prato, que já estavam vazios e foi à cozinha, deixá-los na pia. Quando voltou, parou ao lado de Daisuke e lhe disse olhando nos olhos:

- Daisuke, eu admiro que seja forte a ponto de ignorar o que está acontecendo e continuar brincando com seus fantoches, mas eu iria amar se você respeitasse que estamos todos pra baixo aqui. Só queremos um pouco de silêncio. – Ela estava com um dos punhos cerrados. Logo em seguida, saiu dali a passos pesados.

- Você entendeu alguma coisa? – Perguntou o cão, um pouco assustado.

- Eu não! – Respondeu o gato.

DanganRonpa: Hello DespairOnde histórias criam vida. Descubra agora